Capítulo 3- Once upon a dream

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Lorenzo D'Ângelo nunca foi um príncipe tradicional. E este era um dos principais motivos que faziam com que ele e Helena discutissem muito.

O sonho do rapaz, sempre foi ser músico, por isso, Lorenzo jamais se preocupou em aprender como ser um marido perfeito e como se portar de maneira adequada frente a um reino inteiro. Isso era trabalho de seu irmão mais velho, Felipe D'Ângelo.

O irmão do príncipe de Green Wizard, desde pequeno, foi treinado para ser um cavalheiro. O garoto era belo, responsável, poderoso e educado, e por causa disso, era a primeira opção de casamento de Helena.

Mas, talvez, Felipe fosse perfeito demais até para a rainha. Ele, completamente a favor dos princípios morais, era contra casamentos arranjados, pois de acordo com o garoto, a união matrimonial não era um símbolo de poder e força, mas sim do mais singelo sentimento, o amor.

Lorenzo, como segundo primogênito, era a segunda opção de Helena. O rapaz, despreocupado com a vida, desleixado, festeiro, procurando sempre o caminho mais fácil e com um coração que nem sequer sabia o que era amor, aceitou o pedido de Helena, e estavam casados há 5 anos. Logo após a primeira vitória dela, a rainha procurava um marido, mas como Lorenzo era muito jovem na época, eles esperaram um tempo para se casar.

Mesmo depois de anos, o príncipe não era capaz de dizer que havia um sentimento romântico entre ele e a esposa. O casamento dos dois, na verdade, simbolizava uma união para fortalecer o reino dos Bonums.

O garoto sequer imaginava o que se apaixonar poderia significar, mas sinto que Lorenzo D'Ângelo está prestes a encontrar seu primeiro e verdadeiro amor.

Green Wizard, Quinta feira, 10:30 da manhã

Green Wizard estava em alvoroço, principalmente os Bonums, que temiam perder a batalha que estava por vir. Eles tinham muito no que trabalhar; como checar a segurança de todos os novos esconderijos do castelo, passagens secretas, e ainda tinham os preparativos do baile.

No equinócio de primavera que iniciava a competição, os Bonums gostavam de celebrar o fato de estarem no poder. Era como um ritual de passagem para que eles tivessem sorte, e a benção dos espíritos para vencer a competição contra os Malums. E este ano não era diferente. Os habitantes do reino contribuíam para que a festa fosse cada vez mais especial e inovadora.

Lorenzo havia sido encarregado de regar todas as flores do jardim do parque de Green Wizard. A festa sempre acontecia neste local, pois era espaçoso o bastante para todos do reino Bonum, e ainda era possível aproveitar os recursos naturais que ele tinha a oferecer. A tarefa do garoto era bem simples, já que, como possuía o poder da água, ele poderia completá-la rapidamente.

O garoto seguiu até o enorme parque, que possuía uma grande extensão de área verde, onde muitas flores enfeitavam a grama. Perto dali, havia um rio bem profundo formado por um solo de calcário e água extremamente cristalina.

Aquele parque era um dos locais favoritos do rapaz. Ele ainda se lembrava de como aquela região era praticamente desconhecida, devido à grande quantidade de floresta densa, que escondia a extensão do belíssimo cenário.

Lorenzo foi se aproximando do lago. Antes de regar o parque, o garoto queria se refrescar naquela linda piscina natural.

Quanto mais chegava perto, mais o garoto percebia uma movimentação estranha na água, e assim que ficou próximo o suficiente, visualizou muito bem a cena.

Uma menina, de lindos cabelos cobres, se debatia sobre o rio, tentando de alguma forma atingir a superfície, e lutar contra a correnteza que a carregava para frente.

Lorenzo não teve dúvidas, precisava salvar a moça. Estendeu seus braços à frente do corpo, e rapidamente, parou a correnteza, para que a garota pudesse nadar até a superfície do lago.

Porém, assim que o bruxo procurou a desconhecida com os olhos, não a encontrou mais. Desesperado, Lorenzo entrou na água e nadou o mais rápido que suas pernas treinadas e ajustadas ao ambiente marinho, conseguiam.

Finalmente achou a garota, já inconsciente, perto das pedras do rio. O rapaz estava com medo de que a linda jovem pudesse ter se machucado, e por isso estava desmaiada.

Seu coração sobressaltou-se quando analisou atentamente a beleza da menina que acabara de salvar. Seu rosto era puro, com leves sardas, que a deixavam ainda mais delicada, e seu cabelo era de um ruivo lindo, que lembrava as chamas de uma fogueira escaldante.

Segurou o corpo da garota e o submergiu da água. Lorenzo foi até a superfície e tentou se lembrar de todos os procedimentos que deveriam ser seguidos quando alguém se afogava.

A verdade é que ele não se recordava. Como controlador da água, ele jamais pensou que passaria por uma situação como essa. Então, só restava ajudá-la da maneira como ele achava que garotas bonitas poderiam acordar.

Uma vez, Lorenzo havia escutado uma história sobre um primo distante, chamado Phillipe. De acordo com seus irmãos, o moço despertou a amada, que havia espetado o dedo em uma agulha, com um beijo nos lábios, e bem, talvez esta fosse a melhor solução.

Inclinou seu corpo sob o da garota, e repousou um leve beijo na boca vermelha dela. A menina ainda não aparentava sinais de que acordaria. Então uma nova ideia ocorreu ao bruxo. A jovem, provavelmente havia engolido muita água, e necessitava retirá-la dos pulmões. Tentou novamente beijá-la, mas desta vez, desejando que toda a água que entrou indevidamente na pequena mulher, pudesse sair de sua delicada estrutura fisiológica.

Afastou-se novamente, e dessa vez obteve resultado. A menina começou a tossir todo o liquido ingerido erroneamente, e depois de alguns segundos, já arriscava abrir seus olhos.

- Garota, você está bem? Consegue me ouvir? – Lorenzo perguntou preocupado.

- Eu... Eu acho que estou bem...- Ela respondeu, olhando para todos os lados.

- Você tem certeza? Absoluta? Quantos dedos têm aqui? - Lorenzo apontou para a mão direita.

- Cinco, e eu estou BEM! Meu nome é Marie, mas eu não conheço este lugar! Não parece Liechtenstein! – Ela murmurou mais para si mesma do que para o garoto.

- Liechem o quê? Não, não! Você está em Green Wizard ! – o rapaz disse convicto à Marie.

- Green Wizard? Mas, como? Essa é uma cidade completamente fictícia. – a princesa perguntou indignada. Bem, parece que a neta de Dona Isabel não estava inconsciente no fim das contas, ela apenas havia feito uma viagem mágica para dentro do livro de sua mãe.

- Fictícia? Oh não! Isso aqui é bem real! Na verdade acho que as perguntas aqui deveriam ser dirigidas a você. Da onde você veio? Nunca te vi por aqui, Marie. Você por um acaso não trabalha para os Malums, trabalha? – o garoto questionou a princesa.

- Obviamente não! Por favor, até agora eu nem sabia que os Malums existiam de verdade. Eu vim de Liechtenstein já disse.

- E onde exatamente está localizada essa cidade? – perguntou desconfiado.

- No mundo real, é claro. – Ela explicou ao garoto.

- Se você estiver falando a verdade, claramente algo errado está acontecendo. Melhor levar você ao meu irmão, ele saberá o que fazer.

Os dois, então, caminharam até o castelo dos Bunums, curiosos para desvendarem o mistério que trouxe Marie até a cidade.


Minha vida em um conto de fadasOnde histórias criam vida. Descubra agora