Capítulo 25 - O Espetáculo

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"Num mundo bem distante... Existia um reino. Um império governado pelo mais justo e fiel imperador.
O seu povo o idolatrava como um deus, pela a sua grande teoria de que nada existe sem o amor.
Infelizmente, para a tristeza de seus fiéis seguidores, o grande imperador morreu. Deixando toda sua herança para o seu único filho, e por tanto orfão.
O povo, cosumido pelo luto e pela perda de seu único líder, dirigiu toda a sua esperança para o seu herdeiro. Com o desejo de que um dia, o filho se tornasse tão grandioso quanto o falecido pai.

Os anos foram passando, e faltavam apenas alguns critérios para que Fabrício ganhasse definitivamente o seu cargo de imperador, e podesse finalmente honrar o seu império.
O primeiro critério seria chegar a idade adulta, que até então já tinha conquistado.
E o segundo e último critério, em homenagem aos belos e sábios ensinamentos de seu pai, seria o casamento com o seu amor verdadeiro.

O canto dos sete mares "

O locutor se cala e o palco se enche de figurantes, interpretando o povo pobre e humilde de todo o império.

O cenário não podia estar mais bonito. Ilustrado de peças pintadas e desenhadas que lembram respectivamente, um castelo, algumas casas burguesas e outros objetos da idade média.
Entre todas essas ilustrações, algo está incompleto.
Falta uma peça.
E a sua falta é claramente notável.
Falta Zayn.
E sem ele, não há espetáculo perfeito.

Entro no palco e seguidamente os olofotes pousam em cima de mim, seguindo os meus passos desde as extremidades do palco até o centro dele, marcando a minha primeira cena no show.

Mesmo não estando pronto para atuar sem a parte interna do meu figurino, sem o encaixe perfeito do meu corpo, dou ínicio ao meu espetáculo, sem me importar com as imperfeições que poderão surgir no caminho.

Repito para mim mesmo que preciso acordar e encarar a realidade, pois esse é o momento que preciso abrir os olhos e despertar.

"Agora. Fala, porra"- me xingo mentalmente por estar parado, abrindo e fechando a boca sem ter a mínima idéia do que dizer.

Os dançarinos e figurantes, posicionados em seus devidos lugares, me olham e esperam atenciosamente que saia um mísero som da minha boca para que possam finalmente se mover.

Então, milagrosamente, uma palavra sai de mim, e consequentemente outra e mais outra, até que quando dou por mim já estou na minha segunda cena.

·

Zayn's Pov:

"SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDE!!"-Grito, chegando ao meu ápice com indícios de roquidão.

E essas últimas frases forão a forma mais sincera de demonstrar a minha desistência. Eu não aguento mais. Desisto.

Meu coração tem acelerado a cada segundo, e por um momento pude jurar que estava tendo um infarte.

Sentado, ou melhor dizendo, caído atrás da porta, permaneço de boca escancarada procurando o ar que uma vez perdi.

Quando percebo gotas de suor caindo exageradamente da minha testa, me abano no mesmo instante com medo de estragar o figurino e a maquiagem, e com medo de alguém me banir do espetáculo.
Mas aí acabo me lembrando do meu pequeno atalho. E duram apenas dois segundos para que eu perceba que até o espetáculo acabar eu vou mofar aqui dentro.

Estava prestes a rasgar as minhas vestes e aceitar o fato de nunca mais ver a luz do sol, até ouvir um barulho vindo dos corredores. Um barulho parecido com passos.

E sem hesitar, ergo-me do chão num pulo e encosto minha boca na porta, com esperança de que alguém me escute.

"TEM ALGUÉM AÍ?? POR FAVOR! ME AJUDE!"-Digo fechando os olhos após três segundos de silêncio, três segundos do mais puro vácuo.

Night Changes|(Ziam Mayne)Onde histórias criam vida. Descubra agora