Capítulo 2

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Voltaram para o carro de patrulha.

Enquanto manobravam pelas estreitas ruas da vila, o guarda mais velho ia falando:

- A senhora dá-se como culpada, uma ova! Não vai dizer que mandou a rapariga trocar a nota falsa a outro estabelecimento, senão é acusada de passar notas falsas! Não vai dizer uma coisa dessas!

- Ah, é?! Então, como é que eu faço? - quis saber Sofia.

- Vamos fazer um auto de denúncia indicando que recebeu a nota falsa, mas que não reparou na altura e que só a senhora é que trabalha no café! Percebeu?

- Sim... - respondeu a mulher sumidamente.

- Não esteja assim, que a culpa não é sua! Aquela família não prima pela inteligência!

Chegaram ao Posto e o desalento com que a rapariga entrou, era notório. O guarda Silva, que a atendera de manhã, veio abrir-lhes a porta.

- Então, como correram as coisas? - quis saber, olhando de lado para Sofia.

- Epá, aquilo lá para baixo, está uma confusão! - respondeu o polícia mais velho, levantando a mão direita e deixando, logo de seguida, cair ao longo do corpo. - É que não conseguem perceber nada! É impressionante! Aquela Antonieta é burra que nem uma porta! Está mesmo convencida que está senhora fez queixa da filha e não há nada que lhe tire isso da cabeça!

- Ela e o namorado da filha, estiveram aqui pouco antes da senhora. - informou o guarda Silva, sorrindo abertamente e poisando o olhar em Sofia. - Eu, apenas, lhes disse o que está senhora me contou. Que ela não fazia ideia de quem tinha recebido a nota falsa e que a Marta, teria de vir aqui, para responder a umas perguntas para fazermos o auto de denúncia. Pelos vistos, não perceberam nada!

- Elas estiveram aqui? - inquiriu Sofia, espantada. - As duas?

-Sim! Aí, por volta das oito da noite, aparecerem a perguntar o que se passava e eu expliquei-lhes! Mas, pouco adiantou, pelo o que vejo!

Sofia suspirou alto e encolheu os ombros.

- Bom, vamos lá fazer o auto de denúncia. - disse o guarda mais velho, bocejando.

Conduziram Sofia até a uma pequena sala, onde apenas existia uma mesa encostada a uma parede e duas cadeiras. Uma enorme fotocopiadora, estava arrumada do lado direito e encimada por um enorme mapa do concelho que ocupava uma boa parte da parede.

Sofia sentou-se numa cadeira, o guarda Silva noutra, em frente do computador e os outros dois em pé, encostados displescentemente à fotocopiadora.

Começaram por pôr o nome dela, morada, idade e depois os factos ocorridos.

A certa altura, os outros dois polícias saíram e Sofia, ficou sózinha com o guarda Silva, que continuava a escrevinhar no computador. O silêncio imperava e a rapariga estava desejosa de fumar um cigarro.

- Posso fumar? - perguntou, levando as mãos à mala e alçando uma sobrancelha.

- Sim, sim! - respondeu o agente, levantando-se e saindo da sala.

Sofia acendeu o cigarro, sugando-o demoradamente e fechando os olhos. Sabia que fazia mal à saúde, mas era tão delicioso...

O guarda regressou com um enorme cinzeiro, onde o símbolo da polícia estava gravado em relevo.Poisou-o em frente dela, sem antes de tecer um comentário.

- Fumar faz mal!

- Sim, eu sei. - respondeu ela, cruzando as pernas e olhando em redor.

O polícia, voltou a sentar-se em frente do computador, reparando nitidamente que a mulher não ligara absolutamente nada ao que ele dissera.

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