Por morar longe do aeroporto, tinha colocado o celular para despertar as oito da manhã. Meu pavor era chegar atrasada, então quanto mais cedo conseguisse chegar, menos preocupada ficaria.
Me levantei, fiz minha higiene e fui tomar banho. Me arrumei rapidamente, graças a ter deixado tudo separado no dia anterior. Fiz uma maquiagem preguiçosa, com um pouco de corretivo, pó e rímel.
Me encaro uma última vez no espelho e suspiro.
— Espero que não esteja, tão frio em Londres.
Coloquei meu cordão favorito, que tinha um pingente de cenoura, borrifei um pouco de perfume e desci com a mala. Eram quase nove da manhã e meu pai não estará por ali. Provavelmente nem irá se despedir de mim.
Desde que decidi que queria ir a Londres, comecei uma nova rotina. Toda manhã eu tomava chá com torradas, para me sentir britânica.
Quando terminei e limpei tudo, estava pronta para sair. Antes que eu saísse porta a fora, meu pai apareceu.
— Achou que eu não viria me despedir? — perguntou, me abraçando. — Me desculpa por ontem. Eu não devia ter falado aquelas coisas. Eu só estava com raiva, por você me abandonar.
— Não vou te abandonar, pai. Vou estudar. Aprimorar meu aprendizado. E serão apenas quatro meses. Sempre que precisar de mim, é só me ligar.
— Eu vou morrer de fome — ele disse pondo as mãos nos olhos. Espera... Meu pai está chorando? Por que vai morrer de fome? Oh meu Deus — E de saudade também.
Meus olhos encheram d'agua. Meu pai nunca foi de demonstrar seus sentimentos.
— Pai. Eu também vou morrer de saudades, mas eu volto. E em relação a comida a...
Fui interrompida com batidas na porta. Provavelmente era o pai da Rebeka, que é taxista. Mas quando abri a porta me deparei com a nossa vizinha Maria, que estava com uma tigela nas mãos.
— Oh Alice, já está indo? — perguntou ela, entrando e colocando a tigela na mesa.
— Sim, e tenho que ir logo. Não posso perder meu voo. Daqui até o aeroporto é chão.
— Quem vai com você? — meu pai perguntou.
— O pai da Rebeka tem um taxi e se disponibilizou para me levar até o aeroporto.
— E a Lanay?
— Vai se encontrar comigo, direto no aeroporto — escutei buzinas. — Tenho que ir. O taxi chegou.
Fomos os três até a rua. Meu pai cumprimentou o pai da Rebeka e me abraçou mais uma vez.
— Se comporte. E volte logo.
— Eu vou me comportar, e pai, serão quatro meses. Me deixe ir. Não posso me atrasar.
— Está bem — ele disse me abraçando de novo.
Entrei no carro e acenei para o meu pai, enquanto o veículo ia se afastando. Fomos para o aeroporto em silencio, até porque, não tenho nenhum tipo de intimidade com o pai da minha amiga. Assim que chegamos eu avistei a Lanay. Agradeci e desci.
— Aaaaaaah — corri até ela e a abracei — Conseguimos.
— Quase. É melhor a gente ir fazer o check-in, nosso voo sai em meia hora.
Lanay era a mais responsável de nós duas e um ano mais velha que eu.
Fizemos o check-in rapidamente, despachamos nossas malas e ficamos esperando chamarem o nosso voo.
— O que será que nos espera em Londres? —
Eu perguntei.
— Além do nosso curso? Eu não sei. Mas quem sabe né.
— PRIMEIRA CHAMADA PARA O BOING 774 COM DESTINO A LONDRES, EMBARQUE NO PORTAO B — a mulher do alto-falante gritou.
— É agora, Lany. Nosso grande sonho, está prestes a se realizar. — digo.
— Sabe que esse é só um dos grandes sonhos que queremos realizar.
— Sério mesmo, que você acha que iremos encontrar One Broken, em Londres? Eles estão em turnê lembra?
— Ah Alice, sei lá né. A vida prega tantas peças na gente. Vai que o destino faz a gente os conhecer.
— SEGUNDA CHAMADA PARA O BOING 774 COM DESTINO A LONDRES, EMBARQUE NO PORTAO B.
— Se você quer realmente que o destino ponha esses garotos dos sonhos na nossa vida, vamos entrar nesse avião agora! — Falei e ela sorriu.
Fomos em direção ao portão B, demos uma última olhada para trás.
— Até breve, Brasil — ela disse — Voltaremos com ótimas notícias.
Dei um leve suspiro e a puxei para dentro do avião.
[...]
Eu dormi, acordei, comi, dormi e depois do que pareceu uma eternidade naquele avião, finalmente a comissária informa que iremos desembarcar em Londres.
Sequer tínhamos saído do avião direito e eu senti o frio que aquele lugar era.
— Ai que frio horroroso — murmurei, abraçando meu corpo.
— Realmente. Vou pegar nossas malas.
— Está bem. Vou tentar pegar um taxi.
Lanay foi buscar as malas e eu fui em direção a porta principal do aeroporto.
De repente um garoto passa, se esbarrando em mim.
— Que falta de educação! — resmunguei.
— Desculpe — disse ele se virando para me encarar.
— Oh meu Deus.
Aquilo não podia ser real. Ele não podia ser real! É uma projeção do meu jet-lag. Só pode.
Mas quando ele sorriu, eu acreditei.
— Elijah Stevens?
— Sim.
— Ai meu Deus — surtei em português.
— Como?
— Desculpa. Posso te abraçar?
Ele nem me respondeu e me puxou para um abraço. Que cheiro maravilhoso, que menino maravilhoso, que abraço maravilhoso.
— Ah Elijah, como eu precisava disso.
— AAAAH! — ele deu um gritinho — Isso é uma cenoura? — Perguntou apontando para o meu cordão.
— Sim. Eu sou fã de um cantor aí, que adora cenouras! Então eu uso para me sentir mais perto dele.
Ele deu um sorriso e continuou me encarando.
— Hey, amigo. — escutei uma voz rouca e conhecida atrás de mim.
— Oi, Max.
Max? MAX FINLEY? Não. Só pode ser um sonho. Me virei para constatar.
— Max... Finley. — gaguejei.
— Olá!
— Abraço? — Perguntei abrindo os braços para ele, que me envolveu sem pensar duas vezes.
Chegando em Londres no maior estilo e cadê a Lanay?
VOCÊ ESTÁ LENDO
VIAGEM DOS SONHOS
RomanceHISTORIA COMPLETA DISPONÍVEL NA DREAME. Duas amigas viajam a Londres para um intercambio e acabam esbarrando com integrantes da sua banda favorita. O que parecia apenas um sonho, começa a se tornar realidade, quando as amizades são criadas.