Help (cancelado)

Capítulo 7

Aqueles olhos castanhos me persegui, Fernando sorri e corre atrás de mim. Me escondo atrás de um poste e quando ele se aproxima distraído eu o assusto. Fernando me segura pela cintura e me puxa contra seu corpo. Ele me olha calmo, já eu estou ofegante, não consigo parar de olhar para a sua boca. Ele coloca uma mão na minha nuca, enquanto a outra continua prendendo a minha cintura. Lentamente ele encosta os lábios nos meus, sua boca é morna e refrescante ao mesmo tempo. Ele devasta minha boca com sua língua, começa a chupar lentamente meu lábio inferior, se afasta e me lança um olhar perdido.
–   Preciso de você, Hadassa.

Acabei de chegar da entrevista que Sam me indicou, começo a trabalhar segunda-feira. Serei a secretária do Ricardo Bolzzone, um empresário de quarenta e poucos anos. Apesar do meu currículo não ser dos melhores, fui bem na entrevista.

Faz dois dias desde que conheci Fernando, não queria admitir, mas o cara mexeu comigo. Como sou tola, ele é rico, tem uma boa formação, o máximo que poderia acontecer entre nós é isso mesmo, uns beijos e pronto. Depois desses dois dias pós Fernando não tive mais aqueles pesadelos, na verdade sonhei as duas noites com ele. Uma vez li que sonhos refletem o nosso futuro, mas no meu caso é apenas um desejo infantil.

Olho o interior do meu apartamento, senhor quantos anos não limpo isso?! Agora com esse novo estilo de vida tenho tempo suficiente para limpar isso. Prendo meu cabelo em um coque, coloco meus fones e solto a playlist de Grunge, e a primeira música a tocar é Rape me do Nirvana. É melhor começar a faxina.

Entro no chuveiro após dar uma geral na minha casa. Estou com saudades do Sam, faz dois dias que não vou no Ponto Beer, onde ele trabalha. Vou visita-lo hoje.

Entro no bar quando os funcionários ainda estão arrumando as mesas, e vejo Sam atrás do balcão pegando algumas garrafas. Faço um barulho com a garganta para Sam me notar, ele me olha da cabeça aos pés, e faz uma cara de queixo caído. Apenas mudei minhas roupas, cabelo e maquiagem. Estou vestindo um vestido vinho, com uma jaqueta de couro por cima e incrivelmente coloquei uma scarpin preto de bico fino. Estou quase indo embora tirar esse sapato. Na hora do banho retoquei a cor do meu cabelo e também passei um tonalizante, ou seja, agora estou uma loira platinada.

– Uau, Hadassinha dessa vez você arrasou!- ele diz num gritinho e contorna o balcão para me abraçar.

–Sam, apenas me arrumei um pouquinho.- digo envergonhada.

–Não, não, não. Você está maravilhosa Hadassa.- ele sorri sincero para mim.

– Obrigadaaa, Samizinho lindo!– faço uma vozinha de criança e aperto a suas bochechas.

   Sam praticamente adivinha meus pensamentos e pega uma cerveja bem gelada para mim. Estou sentada na mesma mesa no canto escuro do bar, mas agora não estou a espera de nenhum cliente e nem de nenhuma pessoa. A vida não se resume em pessoas a nossa volta, o que não estiver ligado a você fisicamente tenha certeza que um dia vai lhe deixar.                                                                                                  Um homem magro e alto vem na minha direção, e eu já estou ensaiando o texto para dizer que não faço mais programa, mas ele chega perto coloca um papel em minha mesa e sai. Que cara sem noção, me entrega um bilhete e nem diz de quem é, ou pra que é. Abro o papel, e leio com atenção "Olá, preciso te ver... Hoje no White hotel , às 22h. F." 

    Se o Fernando quer me ver porque não vem aqui? Esse cara é estranho hein. Deixo o dinheiro da cerveja na mesa e peço um táxi. Quando estou dentro do hotel me lembro que ele não me passou o número do quarto e agora? 

  O cara da recepção me olha e pergunta:

–  Você é a Hadassa?

–  Sim.

–  Me acompanhe, por favor.– concordo com a cabeça e o sigo. 

    Ele abre a porta de um dos quartos e eu entro. O quarto é grande, tem uma cama de casal que cabe mais de quatro casais. Sobre essa cama tem uma mala, aparentemente com roupas. Me sento na beirada da cama. Onde diabos está o Fernando? Olho em volta e vejo uma luz saindo da porta do banheiro, ele deve está se aquecendo para mim, tento segurar uma risada, mas falho.

 – Está contente, hein Hadassa.– a porta se abre e o sorriso torto de Marcos me assusta. Eu preciso sair daqui!