"I... I used to fly
Didn't matter where I'd been
'Cause I'd seen the sky"
Enxugo as lágrimas e pauso a música. Os dois últimos dias eu dediquei somente a chorar e lamentar o termino do meu namoro.
Ajoelho-me no criado mudo da minha cama e abro a primeira gaveta. Encontro exatamente o que esperava: A caixa com todas as fotografias polaroid que tiramos.
Esta era "a nossa coisa". Adorávamos tirar fotos para colocar no meu mural de fotos. Como fui tola... Reservei um lugar na parece do meu quarto apenas para colar fotos nossas, para no final ele acabar tudo por cauda de outra garota.
É impossível controlar as lágrimas persistentes e os soluços sufocantes quando revejo as fotos que contam a nossa história. Por que dói tanto? Por que precisa ser tão torturante esta dor? Por que nós simplesmente não podemos tirar nossos sentimentos e viver sem eles.
Eu não sei sobreviver a dor assim, é como se nunca fosse parar e consome a nossa mente, nosso corpo... Consome tudo!
Porque ele escreveu em várias das nossas fotos "Te amo muito, muito, sempre, cada dia mais" se ele não pôde cumprir? E agora o que eu faço com esse "muito" e com esse "sempre"?
Eu pico cada foto junto a minha histeria e não tenho vergonha em tentar ser discreta na minha sessão de raiva. Ele merecia que eu jogasse todos esses presentes, ursos e tudo, na cara dele. E quer saber de uma coisa? É exatamente isso que vou fazer.
Pego a caixa de papelão que uso para colocar bagunças no meu quarto e despejo tudo que ele me deu: ursos, fotos, caixinhas, livros e porta-retratos. Todas as lembranças dos ultimos 6 meses estão nessa caixa e eu vou coloca-las de volta de onde vieram.
Ando o quarteirão até a casa dele. Não há carro na garagem, então me pergunto se tem alguém em casa. Toco a campainha ou não? Giro o trinco da porta e ela abre. Decido não tocar, seria muito constrangedor a minha ex-sogra me encontrar descabelada, com o rosto vermelho e segurando uma caixa de papelão cheio de tralhas.
Subo as escadas em direção ao quarto dele. Mesmo que ele não esteja aqui terá uma boa surpresa quando chegar em casa...
Um ruído vindo de um dos quartos tira a atenção do meu raciocínio. Nem termino de subir todos os degraus e percebo que os ruídos tornam-se em gemidos. Não pode ser.
Subo mais silenciosamente, quase na ponta dos pés e rezo, rezo com toda a minha fé, para que seja os pais dele, e não ele com...
Bem, tarde demais.
A porta está entreaberta e na pequena brecha eu vejo a garota loira por cima do meu ex namorado. Eles estão a todo vapor e as mãos largas no meu ex estão na cintura dela, dando mais impulso para os dois.
Meus olhos imediatamente enchem de lágrimas e eu tenho a reação que não imaginava ter. Com um grito revoltado eu jogo a caixa com toda a a força do meu corpo na porta de madeira. O som é estrondoso e a garota pula do coloco dele e os dois olham assustados para mim.
- Taylor... o que você....
- Cala a boca! -eu grito para ele.
Só fazem dois dias que terminamos ele está aqui... Nu na cama com outra garota. E o pior de tudo isto é que eu me imaginei assim com ele diversas vezes, no nosso momento romântico, porque eu tinha escolhido ele para ser o meu primeiro rapaz.
- Eu estive chorando... Esse tempo todo e você... -eu estou ofegante no meu próprio choro.
Deus, é demais pra mim assistir a isso.
Pego algum dos objetos que eu trouxe e começo a jogar nele. Os porta-retratos, as caixinhas, e ainda os objetos do quarto dele que encontro pela frente. Tudo bastante sólido e duro para que machuque os dois, mas nem de perto a dor que vou causar neles se compara a que eu estou sentindo.
Ele pula da cama, segurando o lençol no quadril e tenta parar meus ataques. Quando vejo o quanto a loira é bonita, eu me revolto mais ainda, partindo para cima dela pra arrancar cada fio de cabelo. Eu pareço ainda pior com meu vestido floral e meu cabelo em cachos bagunçados. Estou com vontade de sumir.
- Porra Taylor, já deu! Para! -ele continua a gritar e por sorte consegue me segurar. -Janne, vai embora.
A loira pega as roupas e sai do quarto. Vadia.
Eu empurro o aperto do meu ex e em seguida dou-lhe um tapa na cara, que estrala como em filmes. O rosto dele fica vermelho imediatamente e isto me traz um pouco do alivio que eu precisava.
- Foi por isso que você terminou comigo? Pra ficar transando com qualquer vagabunda? -ele ainda está alisando o lugar do tapa. -Eu podia te dar isso, e ainda melhor porque eu te amava.
- Eu não quis de magoar.
- Bobagem! Você mentiu pra mim esse tempo todo! E eu acreditei em cada palavra! -eu volto a chorar.
Mesmo eu odiando-o, eu ainda sim queria uma abraço dele agora dizendo que se arrepende e quer voltar pra mim. Mas eu sei que isso não vai acontecer, e nem quero de fato que aconteça. Eu nunca conseguiria esquecer essa cena.
- Eu não quero namorar, é só isso. Pensei que você tinha entendido quando te expliquei.
- E eu entendi, mas... -eu soluço -Mas porque você disse tantas vezes que me amava? Como consegue ter essa intimidade tão forte com alguém sem nem mesmo a amar?
Ele dá uma risadinha e depois me responde:
- Eu disse que te amo porque era isso que você precisava ouvir, e não preciso amar alguém para transar. Não leve isso pelo lado pessoal, não terminei com você pra ficar com a Janne, foi só porque eu...
- Cansou? -sou sincera. Eu sei que o amor pode ser cansativo para alguém que não quer amar.
- Meio que isso. Quero minha liberdade de volta.
- Ok.
- Ok?
- Sim. -limpo minhas lágrimas com as costas das mãos. Pego um pouco de fôlego e tento controlar os soluços chatos enquanto falo. -Você vai se arrepender. Vai acabar sozinho ou chorando por alguém como estou fazendo por você agora.
- Taylor... -ele tenta me tocar e eu recuo, quase vomitando de tanto nojo.
- Você me picou em pedaços e depois soprou tudo para o vento! Isso não se faz com ninguém, e eu tenho pena de você. Pena porque você está mandando embora alguém que iria te dar muito amor, porque eu estava disposta a te amar, com defeitos e tudo, e você jogou isso fora.
Ele não tem mais nada para me falar, e nem sei se parece entendiado com essa minha conversa filosofica, mas seus olhos nem piscaram enquanto eu falo e eu tenho certeza que ele não esperava essa minha reação. Nem eu esperava ser tão racional agora em parar e falar calmamente palavras que nunca esperei falar alguma vez.
- E quando você estiver sozinho, sem amor, vai me procurar e eu estarei com alguém que curou todas essas feridas que você me causou. -coloco meu cabelo atrás da orelha e ando para fora do quarto. Dou uma ultima olhada e ele continua imóvel no mesmo lugar que eu o deixei.
De alguma forma foi libertador partir da histeria para a calmaria. Sei que quando chegar em casa eu posso ainda derramar algumas lágrimas por ele, mas agora eu sinto que essa relação está realmente resolvida. Eu estou resolvida sobre não sofrer por alguém que só brincou de amor comigo, estou resolvida sobre seguir com a minha vida sem nenhuma lembrança dele.