Jasmin

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Capitulo 4

Como ele está lindo, os olhos dele são, meu Deus.

- Jasmin, o que você acha de falar? - Tina pergunta enquanto seu braço está apoiado sobre uma mesa, enquanto Paulo está concentrado com sua agulha pintando a pele branca do pulso de Tina.

- E-eu não tenho nada pra falar - gaguejo. EU GAGUEJEI MERDA.

- Paulo, você tem namorada? - Nathan pergunta.

- Por que Nathan? Por acaso está interessado em mim? - Paulo tira sarro. Tina gargalha e eu rio nervosa. Se Nathan aprofundar assunto, eu o mato.

- Haha tão engraçado - Nathan força uma risada.

- Então Paulo, você namora ou não? - Tina reforça. Paulo levanta os olhos para Tina, em seguida para Nathan.

- Por que tanta curiosidade dos dois? - Paulo pergunta meio emburrado, e eu aqui ansiosa por uma resposta.

- Nada, só por curiosidade mesmo - responde Tina - Ai - ela resmunga.

- Fique quieta, se não acabarei te machucando - Paulo lança um olhar duro para Tina que fica sem graça.

Não vai rolar, não mesmo. Me levanto e afasto minha franja dos olhos.

- Eu acho que vou indo - digo meio sem jeito. Paulo nem ao menos levantou os olhos pra mim. Um caroço se forma em minha garganta e meus olhos ardem. - E-eu... Tchau.

Saio correndo de dentro da loja. Corro o mais rápido possível, corro sem saber pra onde, eu só quero me ver o mais longe possível dele.
O primeiro cara que me desperta interesse não está nem aí. Ele não me notou, e eu fiz essa merda de maquiagem estúpida por ele.

Entro em um beco, ofegante e com o rosto molhado pelas lágrimas. Me encosto na parede e escorrego até o chão. Esfrego as mãos no rosto com força pra retirar a maquiagem enquanto o soluço se esvai.

- JASMIN - Nathan me encontra no beco, ofegante e com a mão no peito, tentando controlar a respiração. Provavelmente veio correndo atrás de mim.

- Me deixa, por favor, me deixa - peço em desespero sentindo as lágrimas rolarem. Sou tão estúpida, idiota.

- Vem eu vou te levar pra casa - sua voz soa mansa e com um olhar de pena. Odeio que sintam pena de mim, mais no momento o que eu mais quero é ir pra casa.

Assinto e sinto seus braços a minha volta, de vagar voltamos para o carro, Tina e Paulo estão na porta da loja, Tina com cara de preocupada e Paulo com cara de tédio.

Desvio os olhos na hora, Tina tenta falar comigo mais eu ignoro, Nathan me coloca dentro do carro e manda Tina terminar a tatuagem e depois e ir pra casa, mais ela se recusa dizendo que não me deixaria sozinha nem por nada, Nathan pede desculpas a Paulo e diz que volta amanhã. Enquanto Nathan dirige, Tina me dá colo no banco de trás. Me sinto um lixo, com a maquiagem borrada, os olhos inchados, cabelos meio desgrenhados. Eu sabia que gostar de alguém ia dar errado, sabia.

Quando chegamos na casa de minha Vó, eu passei direto por todos na sala e Tina me seguiu, Nathan na sala, e eu prefiro que seja assim.

Quando eu entro no quarto, arranco com raiva minha roupa e sapato jogando com força em qualquer canto do quarto, ficando apenas de roupa íntima. Me joguei na cama e virei pro canto ficando de costas para Tina que até agora não disse uma palavra sequer.

Ouço a porta abrir e sei que vovó acabou de entrar. A cama ao meu lado afunda e minha Vó acaricia meus cabelos.

- Quer conversar sobre? - sua voz mansa me faz relaxar os músculos.

- Eu... - minha voz falha, dou uma tossida para voltar ao normal - Eu gosto dele, eu acho - respondo.

- Mais você só o conhece a um dia - vovó tenta compreender.

- Mais eu gostei dele desde a primeira vez que o vi - respondo com a voz chorosa.

- Quer ficar sozinha? - Tina pergunta. Apenas aceno com a cabeça. Ouço a porta bater e sei que as duas saíram.

Minha cabeça dói por conta do choro, então eu me encubro e vou dormir.

•••

Acordo sentindo meu corpo mais leve, olho para o lado e tem um copo de suco com duas pedras de gelo, suspiro e me sento esticando os braços, me espreguiçando. Pego o copo e bebo um pouco um longo gole, o suco desce maravilhosamente bem, então bebo mais um pouco. Um pouco confusa em relação à hora, eu pego meu celular no criado e acendo a tela, nossa, quase uma da tarde.

Saio da cama e vou ao banheiro fazer minha higiene, tomo um bom banho quente, decido deixar meus cabelos molhados e soltos mesmo, penteio-me de vagar, desenrolo a toalha a minha volta e vou ao closet, coloco uma calcinha, uma camiseta de manga branca e sem sutiã mesmo, coloco uma calça moletom preta e acho que já posso descer.

Enquanto desço as escadas sinto o cheiro da comida da vovó e meu estômago ronca.

- Meu amor, eu já ia subir pra te acordar, está dormindo desde ontem. Está com fome? - meu avô me questiona.

- Estou morrendo de fome vô - sorrio sem descolar os lábios.

- Tomou o suco de laranja que deixei no criado? - vovó questiona vindo da cozinha com um pano de prato no ombro.

- Sim, eu tomei, e agradeço, desceu tão bem - minha Vó ri.

Sento no sofá e quando vou ligar a tv ouço a risada de Derek, uma risada que não ouço a tempos, levanto-me assustada e olho em direção à porta, arregalo os olhos com a cena que vejo, Derek está nas costas de Paulo, que se faz de cavalinho, arrancando gargalhadas do meu irmão. Olho assustada para minha Vó, que tem um sorriso radiante nos lábios e um brilho nos olhos, vovô não estava diferente.

- O que você faz aqui? - pergunto curta e grossa. Sinto o clima pesar, o sorriso nos lábios de Derek somem e Paulo também fecha a cara.

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