Capítulo 03

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Abri meus olhos lentamente e me levantei com uma voz desesperada gritando. Logo havia notado não virem de minha mãe. Corri para a janela pra ver quem era. Johnny.
- Kelvin, precisa vir comigo. Agora!
- O que houve?
- A Iasmim. Depois lhe explico melhor.
Ao ouvir esse nome eu despertei. Corri para a porta de fundos e sai sem pensar. Iasmim foi a minha primeira amiga. É a minha primeira amiga.
Johnny estava tão desesperado quanto a mim. Ele lidava o caminho enquanto corríamos. A mesma dúvida nos perseguia, ela está bem? Finalmente havíamos chegado no hospital. Não perdemos tempo. Subimos e fomos para aonde Iasmim estava.
Johnny se ajoelhou e segurou a mão de Iasmim. A esquentou com suas duas mão. A Iasmim estava com os olhos fechados e sua respiração fraca e leve. A sua perna estava enrolada por aquele mesmo pano que praticantes de muay thai usam. A sua perna também estava levantada é claro.
- Johnny.- eu fiz uma pausa e ele virou para mim- o que houve?
Ele hesitou antes de falar. Mas finalmente ele começou a explicar.
- Bom, tudo começou pouco depois de lhe ter chamado. Era madrugada já e todos haviam ido embora, exceto a Iasmim, Richie e eu. Eu lembro que Iasmim havia dito algo sobre uma ligação, conexão, sei lá.- ele começou a derramar lágrimas e parou um pouco,mas longo continuo- Ela houvera dito que tinha algo à fazer. Nem eu ou Richie pensamos algo de primeiro. A gente deveria ter feito algo a mais..
Johnny ficou pálido e eu confuso.
- Você não respondeu. O que houve? - eu perguntei.
- Ela estava no meio da ponte aqui perto. Esperando seu fim, algum carro vir. E por azar veio. Ela estava de frente com a "besta".
Johnny parou e começou a chorar, apertando a mão de Iasmim.
- Mas a Iasmim está aqui.
- Richie foi atrás dela correndo minutos antes.- Johnny falou em sua voz de choro- Richie chegou a tempo, mas apenas deu pra um sair vivo.
- Você quer dizer que...
- Sim, Richie está morto.- Johnny falou me interrompendo.
- Mas como a Iasmim entrou nessa condição?
- Ela caiu de mal jeito.
Ambos ficamos em silêncio observando a Iasmim. Esperando algum tipo de reação.
- Ela gosta bastante de você Kelvin.
- Como sabe disso?
- Ela só fala de você recente.
- Isso apenas demonstra interesse.
- Não resulta no mesmo?
- Acho que sim.
- Ela é bonita não é?
- Sim, é.
Olhei para o relógio na parede e vi que ainda era 5:30 AM. Que horas eu acordei afinal?, só vim me deparar com o tempo agora. Minha mãe acordava as 6 AM.
- Preciso ir. Me mantém informado. Tudo bem?
- De boa. Até a próxima, Kelvin.

No mesmo dia, em volta das 4:30 PM...

Já são 4:37 PM. Quando cheguei em casa minha mãe ainda estava adormecida. Me joguei na cama assim que pisei no quarto. Hoje estava sendo estranho. Um amigo meu morreu pra salvar a Iasmim. Mas tinha um buraco enredo nessa história. Se Iasmim fosse se matar, por que ela não fez isso após ser empurrada?
Ela não teve concussão e a morte do Rich teria trago o efeito de choque e tristeza. Tristeza. Esse efeito teria dado mais um motivo para o suicídio. Então por que ela não se matou? A consciência pesada e tristeza supera choque.
Essa história não me soa boa. Simplesmente não se encaixa. Por que? Por que ela não se matou? Ou talvez o choque a paralisou, mas acho isso improvável. De qualquer forma, essa história me perturbava.
Revirei em minha cama ainda confuso. Um grito do vasto branco me chamou atenção, era mamãe.
- Olá mamãe. O que houve?- eu falava enquanto descia degrau por degrau.
- Sua mamãe precisa viajar.
- E para eu me alimentar enquanto estiver fora?
- Não sei. Apenas fique em seu quarto trancado e não saia. Você já sabe o que acontece se sair.
- Certo mamãe.
- Vou indo.

E assim ela se foi. Ela trancou todas as portas tirando a do meu quarto. Me senti uma cobaia. Estava sem lugar pra fugir, sem opções.
Subi para meu quarto com a cabeça pra baixo até lembrar de algo. A Janela! Corri para direção da janela e tentei abrir-la. Estava aberta. Apoiei meus braços na janela e observei a rua vazia.
Tinha poucos movimentos notáveis. Carros indo e vindo. O movimento constantemente parado mas constante de certa forma. E é claro os cantos dos alegres garotos.
- Acho que vou dormir.- falei para mim mesmo.

Me joguei na cama e fechei meus olhos. Deixei a janela aberta. A ventania estava tão boa quanto uma noite de Natal. Suave e constante, ela me captava de certa forma. O sono finalmente chegou. Me deixei ser levado.
- Boa noite... Mamãe.

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