Um estranho mundo novo

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Nossos pais e avós viveram em um mundo mais seguro do que o que habitamos hoje. Por mais que convivessem com guerras e doenças para as quais já temos cura atualmente, não estavam expostos a tantas tentações em seus relacionamentos como enfrentamos em nosso dia a dia. Desde a comida lixo de fácil acesso que nos torna obesos e menos atrativos até os sites voltados para aqueles que querem "pular a cerca", há um vasto leque de possibilidades que não existiam no tempo dos nossos antepassados e que já fazem parte da rotina de muitas pessoas.

É bem verdade que algumas coisas não mudam. As pessoas continuam se conhecendo, se conquistando, se apaixonando, se amando e buscando construir uma história a dois. Os cenários do flerte podem ter mudado, mas a intenção principal ainda é achar a nossa cara metade.

Hoje em dia, entretanto, tanto o homem quanto a mulher trabalham para manter a casa, estudam em épocas em que já estão comprometidos afetivamente com seus parceiros para alcançarem novas metas em suas carreiras, cuidam do corpo em academias ou realizam atividades físicas independentes em grupos e fazem mais viagens a trabalho que no passado. Isto faz com que elas conheçam cada vez mais pessoas que se tornam acessíveis a um clique de mouse através das redes e aplicativos sociais, e tenham cada vez menos tempo livres para se dedicar a pessoa amada.

Esta rotina nociva faz com que a carência afetiva se instale em boa parte dos corações e os relacionamentos se tornem cada vez mais frágeis e vulneráveis. As pessoas buscam todos os dias executar mais tarefas em menos tempo em uma tentativa de abraçar um mundo em constante transformação, quando deveriam de fato estar buscando alternativas para ter tempo para os pequenos prazeres da vida a dois. Reservar tempo para abraçar a pessoa amada com frequência, fazer amor com intensidade e prazer, e dar atenção e carinho nos momentos em que é possível estar juntos é vital para manter a fogueira do amor queimando com intensidade.

A maior prova de que não estamos no caminho certo é o número de divórcios que não para de crescer e o fato dos relacionamentos se tornarem cada vez mais curtos. É bem verdade que os "divórcios relâmpagos" chegaram para piorar ainda mais este quadro, mas não podemos creditar toda culpa da situação que vivemos a facilidade oferecida atualmente pela Justiça para que duas pessoas se separem em poucos dias.

Muitas pessoas já se acostumaram, inclusive, a voltar ao "mercado" com frequência para buscar novos amores, como se um relacionamento fosse um produto com data de validade. Basta uma rápida análise na Internet para perceber que há tantas ferramentas que facilitam encontrar o próximo da fila que é muito fácil se viciar em um ou mais desses serviços à medida que a crença no amor verdadeiro diminui.

Neste ponto, cabe uma reflexão: será que a instituição Casamento está falida, salvando-se raras exceções? O mundo está perdido? Infelizmente não temos as respostas para essas perguntas e nem os números que cairão no próximo concurso da Megassena, mas ao menos podemos ajuda-lo em outras questões importantes.

Alguns céticos dirão que antigamente as pessoas tinham medo de se divorciar e viviam infelizes em relacionamentos que não deram certo. Isto é verdade em alguns casos, mas não é o único motivo pelo qual as pessoas permaneciam casadas. Elas tinham mais tempo para dedicar aos seus parceiros, pois não tinham tantas atribuições como temos hoje em dia, viveram em uma época em que os casamentos eram sagrados e em que se conversava muito mais sobre o que os afetava. Note que é o poder do feedback tão cultuado nas empresas que fazia esses casamentos de outrora darem certo!

Nossos antepassados tinham mais tempo para si e para as pessoas amadas porque não eram acháveis em 100% do tempo, não faziam um registro das suas vidas em blogs e nem almejavam ter um milhão de amigos nas redes sociais. Eles simplesmente viviam! E você só conseguia falar com eles através de telefones fixos, telegramas e cartas. Consegue imaginar quantos namoros do passado foram mantidos através de trocas de correspondência por carta? Isso deve soar assustador para leitores que ficam nervosos quando uma mensagem do WhatsApp demora mais de 30 segundos para chegar ao seu destinatário...

As tentações do passado em geral se limitavam a vizinhas gostosas, colegas de escolas apaixonados, secretárias sedutoras, amantes fixos e prostitutas com as quais os homens passavam poucas horas do ano. Muito pouco perto do que enfrentamos hoje em dia, não é mesmo?

Não havia nessa época para uma mulher casada, por exemplo, o colega de faculdade solicito sempre disposto a dar uma carona ou estudar junto, o amigo virtual que vive dando conselhos no estilo Mestre dos Magos, o chefe interessado em promovê-la por merecimento por fazer horas extras após o expediente, o colega de trabalho que a chama constantemente para um Happy Hour sem qualquer má intenção, o professor de academia metido a "Deus Grego" que está interessado em esculpir o corpo dela, o amigo gay que costuma ter umas recaídas quando a vê de biquíni e tantas outras figuras folclóricas que encontramos na atualidade.


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