Capítulo 32 - Normal

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Camila POV

Minha cabeça doía em uma proporção absurda, como nunca havia doído antes. Eu a mexi levemente e parecia que havia uma bigorna sobre ela, nunca havia me sentido tão mal em toda a minha vida. Sentia-me fraca, como se eu nunca mais fosse ser capaz de levantar seja lá onde fosse que eu estava deitada. A única coisa que deixava acreditar que eu estava viva era um bip bip daquelas máquinas de hospital que marcam os batimentos cardíacos. Aquilo provava que eu estava viva, mas o resto das sensações que percorriam o meu corpo podiam muito bem indiciar que eu morri e havia ido para o inferno.

Tentei respirar um pouco mais fundo e até aquilo fazia a minha cabeça doer mais, acabei gemendo de dor naquele momento e o barulho de passos apressados me fez perceber que eu não estava sozinha.

- Camila? – Era a voz de minha mãe. Desesperada poderia definir o seu tom naquele momento.

- Mãe? – Perguntei tentando abrir os olhos e instintivamente meu corpo fez um impulso para se levantar. Uma mão me empurrou suavemente para voltar a deitar e minha cabeça praticamente pulsou de dor.

- Devagar. – Minha mãe avisou e eu só forcei minhas pálpebras a se mexerem.

Pensei em perguntar o que aconteceu, mas seria estúpido. Eu sabia muito bem o que aconteceu. Eu havia sido tola, cometido a maior das burrices de todos os tempos e ainda deixado preocupadas as duas pessoas mais importantes da minha vida a toa. Tudo porque eu era fraca demais, me deixei render muito fácil.

Eu não queria morrer. Eu sabia que não queria morrer, eu sabia disso. Mas aquela foi a única forma que eu encontrei de colocar aquilo para fora de alguma forma, como se eu precisasse ver algo sair de dentro de mim para me sentir livre disto.

Outra burrice.

Porque continuava tudo aqui dentro, espremido, lutando para ser manifestado de alguma forma. Toda essa dor, essa vergonha, esse ódio de mim mesma ainda estavam aqui, talvez agora maiores do que antes porque eu sabia que fiz algo que eu não conseguiria me perdoar, desta vez. Não poderia culpar a Síndrome e nem nada do tipo, a única culpada por isso tudo era eu mesma e minha estupidez tamanha que não me deixava enxergar que minhas atitudes não afetariam somente a mim e sim outras pessoas à minha volta.

- Como se sente? – Minha mãe perguntou quando eu abri os olhos, me esforçando para enxergá-la.

- Eu to legal. – Mentira. Estava me sentindo péssima emocional e fisicamente, mas eu não queria decepcionar mais a minha mãe.

- Você quase me matou de susto, meu anjo. – Minha mãe disse se sentando na beira da cama. Eu era hipócrita o suficiente para preferir não ver toda a dor em sua expressão. – Eu vim correndo para cá assim que Lauren me ligou. Não sabe o alívio que eu senti quando o doutor disse que você estava bem depois da transfusão de sangue. – Fechei os olhos brevemente, eu não iria chorar na frente dela. Eu precisava desesperadamente mostrar que estava bem.

- Desculpa. – Foi tudo o que eu consegui dizer naquele momento.

- Não precisa se desculpar, você não fez por mal. – Disse acariciando meu rosto. – O que fizeram com você na escola foi imperdoável.

- Eu não quero voltar para lá. – Falei me controlando para que as lágrimas não irrompessem do meu rosto. Minha mãe comprimiu os lábios de uma forma que eu sabia que ela sabia que eu iria dizer isto.

- Não precisamos nos preocupar com isso agora, tudo bem? Depois pensamos nisto. – Assenti algumas vezes.

- Cadê... A Lauren? – Perguntei rezando internamente para que ela não estivesse aqui, coisa que eu achava meio impossível. Não sabia se teria coragem de olhar para ela.

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