one-shot

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Dean observava concentradamente as gotas de chuva caindo, sentindo-se impotente. Castiel ainda estava no banho, e o que mais preocupava no homem eram seus ferimentos.

Ele não estava lá na hora. Castiel ainda não sabia como essas coisas de humano funcionavam, merda! Dean sentia que tinha o dever de cuidar do anjo depois que o mesmo perdeu a Graça. Era para ser uma missão simples, Castiel devia ficar dentro do Impala, Sam, Bobby e Dean resolveriam o caso e todos voltariam para a casa de Bobby e comemorar com cerveja e pizza.

Obviamente, eles não pensaram que talvez Castiel quisesse mijar a qualquer momento - por que anjos não mijavam, certo?

Anjos sem Graça mijavam.

Oh, entendeu? Dá pra fazer um trocadilho, Sammy, o Winchester mais velho pensou, tentando guardar a piada de forma que conseguisse contar para o irmão mais tarde. Quando Bobby e Cass estiverem inteiros.

Um trovão fez o chão tremer, e logo a porta do banheiro fora destrancada. Castiel estava com os ombros enrolados em uma toalha azul que realçava a cor de um dos seus olhos - o não inchado, que podia ser visto - repletos de algo que pareciam lágrimas.

- Cass? - o caçador se levantou abruptamente da cama de massagem que estava fazendo maravilhas em suas costas e se dirigiu ao anjo, que parecia amedrontado, vulnerável.

- D-dean, eu... - Castiel parecia não achar palavras. Sua voz tremia e ele parecia estar apreensivo, talvez com medo.

- Onde estão suas roupas, achei que você tinha dito que se trocaria no banheiro, Sr. Sou Envergonhado Demais - Dean tentou aliviar a tensão dos ombros do anjo.

Algo que não conseguiu fazer - ou achou que não conseguiu -, uma vez que as luzes se apagaram. Um soluço pôde ser ouvido no quarto e Dean tateava as paredes em busca de apoio para chegar até o anjo.

- Hey, Cass. Por favor, não seja uma menininha - o Winchester olhou pela janela do outro lado do quarto, tendo ela como o único ponto de referência e luz do local - Não há nada de errado. Não há espíritos ou fantasmas. Foi só um apagão causado por um raio.

O homem de olhos verdes falava, conseguindo ouvir a respiração suave de Castiel aliviada - ainda que um pouco tensa - e logo achando sua mão, que estava escondida por debaixo da toalha azul: - Vamos procurar uma lanterna.

Dean levou Castiel até a cama de massagem e o sentou ali, não soltando sua mão e dando o seu máximo para achar sua lanterna dentro de sua mochila. Quando a encontrou, apertou a mão do anjo.

- Eu vou colocar a lanterna ali - apontou com a luz para o armário no canto do quarto - Vai iluminar aqui e eu poderei cuidar dos seus ferimentos, tudo bem Cass?

O de olhos azuis tinha os olhos brilhantes em puro pavor de poder perder Dean em meio a escuridão, e os mesmos olhos que observavam os de Dean se encheram de lágrimas de frustração, enquanto ele assentia.

O próprio puxou a mão e a levou na direção das costelas, o local onde mais lhe doía. Mais precisamente do lado esquerdo.

Dean suspirou, cansado e preocupado com Castiel. Tentou ser o mais rápido possível em colocar a lanterna sobre o armário baixo e pegar as roupas de Cass que continuavam no banheiro. Quando entrou no mesmo, inspirou o cheiro de shampoo de motel, sangue e suor de Castiel.

De tudo, o cheiro não lhe era desagradável. Sequer chegava perto disso.

Não que fosse admitir o fato para alguém.

Seguiu para o quarto, tirando a mão de Castiel de suas costelas.

- Já está vestindo sua cueca?

silent lucidity ✖ destielOnde histórias criam vida. Descubra agora