Capítulo 4

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Estávamos no salão real, apenas esperando os guardas nos chamarem, para embarcarmos em nossos respectivos carros. Era hoje que eu iria para Illéa, e que começaria a planejar meu suposto casamento. Não tinha falado com Maxon ainda, havia o ignorado no café, e certifiquei-me de que não haveria lugar para ele em nosso carro, não gostaria de ficar no mesmo espaço que ele. Ouço minhas criadas me chamarem, e as sigo para o carro que ali estava. A viajem até o aeroporto foi tranquila, se via alguns fotógrafos por ali, na esperança de um clique polêmico, tolos. Desde que Maxon havia anunciado nosso noivado, várias revistas andavam no nosso pé, querendo entrevistas, explicações, afinal, queriam saber se era apenas aliança política ou se estávamos casando por amor. Amor. Uma palavra tão pequena, mas que carrega sentimentos profundos. Me perguntava se eu seria uma dessas sortudas, que encontrava um amor no qual não pudesse viver sem. Nunca me dei ao luxo de acreditar em contos de fadas, muito menos de me permitir sentir quaisquer sentimentos pelos poucos garotos que em minha vida passaram. Tive um amigo, que em algum tempo acreditei ter nutrido algo parecido com gostar, mas como todos, ele apenas estava a me usar, para ter visibilidade com a imprensa. Desde então, só passei a me fechar ainda mais para esse sentimento, no qual já não era mais belo, afinal, ao mesmo tempo que é belo, é explosivo, e acaba sempre com alguém machucado.
- Alteza. - cumprimenta um rapaz que aparentemente seria nosso copiloto. Entro em uma das cabines do avião, onde há pequenos estofados e uma cama de deitar, e decido tirar um cochilo logo após o avião levantar vôo.

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- Senhorita, o avião já irá pousar. - Anne me acorda para avisar, penso em repreende - lá por me chamar assim, mas apenas sigo para o banheiro, onde cuido de minha higiene e vou para minha poltrona. Dou uma olhada pela janela, percebendo como Illéa poderia ser linda, no céu havia um imenso clarão em diversos tons alaranjados, e nuvens espessas apareciam conforme o avião descia. Senti um olhar sobre mim, imediatamente olhei na direção desviando logo em seguida me dando conta de que era Maxon. Por um breve vislumbre, vejo um tom claro atravessar por sua janela, chamando minha atenção e me fazendo olhar para Maxon. Seus cabelos castanhos estavam mais claros, mais dourados, e reluziam com sua pele criando um contraste lindo de se ver. Seus olhos me observavam com curiosidade, conseguia imaginar um ponto de interrogação saindo deles, e isso me causou uma leve risada, acabei ficando envergonhada por perceber que ele continuava a me encarar, desviei minha atenção para a janela, onde pude perceber que estávamos parando. Ouço o comandante dizer que havíamos pousado em segurança e a porta se abre, revelando uma claridade ainda maior. Tiro o sinto e espero minhas criadas para descer, vejo Anne vindo em minha direção, e ajudo-a a carregar as bolsinhas de mão. Sigo em direção as escadas, com Anne e as meninas logo atrás de mim, desço vendo carros e seguranças para todos os lados, vejo o rei Clarkson e Amberly seguirem em direção a um dos carros principais, e deduzo que o outro é para mim. Sou escoltada pelos guardas até o carro, entro e espero as meninas entrarem, assim que entram sinto o carro dar partida, e decido ver as paisagens de Illéa pelo vidro fumê.
- Ames, como está se sentindo? - Mary me pergunta, penso por um instante antes de lhe dar uma resposta.
- Acho que receosa. - digo observando os cartazes nas ruas de protestos e perguntas para nós. Acredito que terei que aprender a lidar com isso agora, a achar um jeito de me relacionar com o príncipe sem querer mata-lo. - Acrescento, depois de pensar que esperariam isso de nós.
- Isso significa que você está pensando em dar uma chance para ele?
- Mary! Não incomode a princesa com perguntas pessoais. - diz Anne fazendo uma cara de repreensão para Mary.
-Anne, sabe que não me incomodo com isso, e não irei dar uma chance para ele, mas teremos de ser amigáveis na frente do público, o que significa fingir. - digo, a minha vida inteira a partir de ali seria a base de fingimento. Drástico.
- É lindo. - diz Lucy, assim que chegamos ao castelo de Angeles, em Illéa. E era realmente lindo, os portões eram de tons dourados, como se fossem feitos de fios de ouro, havia uma fonte enorme e linda em exposição no jardim, que era habitado por diversas flores coloridas e exóticas, o castelo em si, era enorme, e grandioso. Inspirava beleza, e imaginei quantas fotos Maxon já não teria batido dessa paisagem. Saio do carro acompanhada por guardas, assim que entro no hall uma criada vem ao meu encontro e diz me levar para meus aposentos de solteira, no caso da princesa, que ficaria ao lado do quarto do príncipe. Entro e me deparo com um quarto grande e bem parecido com o que eu tinha em Carolina, acredito que minha mãe deva ter dedo nisso. Minha cama ficava no centro, e havia um lindo piano branco perto da sacada, no qual exalava fragrâncias de frescor. Minhas criadas começam a arrumar minhas coisas no closet, e Anne cuida de meu banho, logo após estar lavada, escolho um vestido escuro e longo para o jantar. Em meu cabelo é feito uma trança leve, e passo apenas blush no rosto, um guarda aparece para me levar para jantar, o sigo e agradeço assim que chegamos. Entro e faço uma reverência aos monarcas, e sento perto de Amberly, percebendo que Maxon não havia aparecido ainda. Maxon aparece quando começam a colocar a comida em nossos pratos, e se senta ao meu lado, percebo que ele está mancando um pouco e sinto surgir uma preocupação repentina por seu bem estar em meu âmago.
- Está tudo bem? - pergunto quando seus pais começam a conversar.
- Agora está falando comigo? - indaga ele, fazendo me sentir culpada por um momento. Percebo por seus olhos o quão distraído ele está.
- Creio que tenha me entendido errado alteza, em momento algum lhe ignorei.
- Estou bem sim, obrigado por perguntar. - responde ele e logo desvia o olhar, encarando um ponto fixo da parede. Termino de comer e me despeço deles, chego em meu quarto e me troco juntamente com minhas criadas, no qual peço para me deixarem a sós. Deito em minha nova cama, e penso sobre como minha vida mudou tanto nos últimos dias, serei rainha e me casarei com um herdeiro. O que parando para pensar, era nada comum isso acontecer, me perguntei o porquê de Kotta não ter feito seu pronunciamento sobre abdicar ao público, e uma leve pulguinha me fez pensar que tudo isso poderia ser passar apenas por um plano para eu me casar com Maxon. Maxon seria rei, o ideal seria uma esposa princesa e não herdeira. Sendo herdeira ou não, nossos reinos iriam se unificar, a única mudança seria eu concordar, não aceitaria casar May, e se não fosse pelo reino não aceitaria me casar. Teria de ter uma conversa séria com meu pai, porque se fosse isso, eu não irei me casar com Maxon. Não queria ser rainha, muito menos esposa. Não queria nem tentar pensar nisso.

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Pov Maxon

- Maxon, venha ao meu escritório. - meu pai me informa antes de subir para seus aposentos. Entro em meu quarto e troco de roupa, dou uma lida nas últimas notícias, e imediatamente lembro-me dos raios de luz incendiando America, como se ela fosse a deusa do fogo. Seus cabelos brilhando, seus olhos me encarando, por um momento me peguei pensando que poderia dar certo. Aaah, eu deveria estar com minha câmera, para registrar aquele momento, America é a personificação de todas as coisas belas, agora entendo o porquê dela ser considerada perfeita. Subo e vou em direção ao escritório de meu pai, me perguntando o que iríamos discutir. Toc toc
- Entre. - Sento em sua frente e percebo sua expressão, logo me questionando o que deixou-o assim.
- Temos um assunto a discutir, você não fez o que lhe pedi para fazer Maxon. Quando você vai aprender a me obedecer? Quando vai entender que eu sou o rei? - diz meu pai, levantando e logo percebo que ele segura um açoite em seus braços. Me levanto, esperando pelas próximas palavras e já sabendo o que estava por vir.
  - Tire o paletó Maxon, isso é para você aprender a fazer exatamente o que mando.

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Estou sentado no chão, por um momento, me senti perdido. America falou comigo no jantar, mas estava tão concentrado em não deixar transparecer minha dor que acabei sendo grosso com ela. Gostaria de me livrar desse sentimento, desse medo, meu pai não parou, deixou-me rasgado, não tinha me preparado para isso, minha caixa de socorro havia a muito se perdido em meu closet, a anos me acostumei com isso, com a dor, em ficar sozinho. Mas hoje, me sinto desgastado, me sinto quebrado, demorei a achar a caixa, e a fazer os curativos, e percebi que conforme cresci, se tornou mais difícil a missão de me limpar e colocar curativos. Percebo que minha blusa já grudou em minhas costas, e meu paletó se encontra jogado ao pé da cama, gostaria de ter alguém comigo, gostaria de não passar por isso sozinho, queria alguém para que pudesse dividir minha dor. Lembro-me de America, e de como ela estava resplandecendo luz no avião, seu olhar seria o suficiente para me acalmar agora, sinto um aperto em meu peito por perceber que se casarmos, America uma hora perceberia minhas costas, e ficaria horrorizada comigo, eu lhe traria horror. E gostaria de que ela pudesse ter a escolha de ser casar com alguém que goste, de que não precisasse fazer parte de uma família quebrada, America não merecia isso, não merecia essa vida. Sinto-me sufocar com minhas palavras, vou em direção a minha varanda na esperança de receber ar puro e percebo o quão difícil será esse tarefa. Decido ir ao jardim, pego meu paletó e cubro minhas costas ensanguentadas, e caminho lentamente para o térreo, assim que chego os guardas liberam passagem e vou em direção ao banco mais longe. Inspiro o ar puro, e relaxo minha postura, olho para o céu e quando dei por mim, desciam lágrimas de meus olhos, me sentia cansado, quebrado por dentro, estava amedrontado com essa situação, algo que supôs ter acabado. Tinha medo por America, por colocá-la nessa situação, eu estava exausto. Naquele momento, nada mais poderia me machucar. Sinto meu peito desabando, construí fortalezas dentro de mim, e com uma atitude todas foram derrubadas. Me sinto um tolo por estar chorando, em um lugar onde todos poderiam ver, mas já não comandava mais meu corpo, eu estava inerte, só sentindo, queria alguém para me ajudar, mas nem isso eu poderia ter. O calor das lágrimas eram reconfortantes, me lembravam de quando era pequeno e minha mãe me colocava em seu colo sempre que estava triste, sinto um pingo de chuva em meu rosto, decido ficar. Fecho meus olhos, e sinto um alívio em minhas costas assim que os pingos se intensificam.
  - Maxon!
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Helloooooooooo florzinhas, estão gostando da história? Sei que está bem diferente da original kkkkkkk
By LifeMerixon

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