capítulo único - safety

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O quão difícil é escrever enquanto está bêbado? Eu não sabia, até virar adolescente. Até amar. Até ter motivos para colocar álcool dentro da minha garganta. Agora eu sei.

É bem complicado, pra falar a verdade. Não sei se nenhum de vocês já tentou isso. Não estou influenciando ninguém a beber, mas, nesta noite, foi minha única saída.

Ela bebeu para se divertir. Eu quis beber porquê eu também queria diversão. Complicado, pois, na minha família, bebida sempre foi um problema. Sempre foi uma coisa ruim. Sempre trouxe dor, brigas, problemas, e tudo de ruim que pode-se imaginar.

Mas eu bebo. E isso é tão feio, sabe? Pois, minha mãe já me implorou para parar com esse hábito. Me pediu para não ingerir álcool. Sou nova, e depender disso para ficar bem não é certo.

Eu sei, de acordo com a lei não sei das quantas, isso não é certo mesmo. Mas eu fiz. Eu bebi. Horrível, fora da lei, mas, libertador para mim. Se não fosse pela bebida, pela música que estou ouvindo, e por ela, não estaria expressando meus sentimentos tão bem desta forma. E estou aqui, sentada em um lugar qualquer, bêbada, triste e miserável. Mas, acima de tudo, verdadeira.

Estou pensando se minha versão sóbria vai se arrepender de tudo que eu, a Natalie bêbada, escrevi.

Mensagem para meu eu sóbrio: não mude nada desta história. Ela ajudou você a não fazer uma besteira maior do que se embebedar com a bebida do seu pai.

Voltando a patética situação em que estou: estou bêbada. Nem sei se repetir o verbo "estou" tão próximo um do outro é certo, mas fiz isso. Repeti. E infelizmente, tenho a mania de repetir coisas. Novamente, estou repetindo a desgraça da minha vida: estou a amando novamente.

Sim! Ela ama outro alguém. Ela ama sua nova namorada. Sua nova pessoa. Ama a pessoa em que se tornou — meu olho esquerdo está embaçado. Acho que ele precisa de grau no óculos.

Enfim. Ela ama essa nova vida. Ela está bem! Ela está feliz. Vive online nas redes sociais, vive conversando com pessoas que não são eu. Isso é normal. Pessoas não conversam apenas com uma delas. Eu já havia me acostumado com isso. E também estava bem em pensar que eu tinha meu lugar. Pois, ela fez isso. Ela me fez pensar que tinha meu lugar especial. Me fez pensar que era única. Chegou até a dizer que eu era a única Natalie na sua vida. Talvez eu seja, mas talvez, ser a única pessoa com tal nome não seja tão especial e tão bom como ela é para mim.

(Meu cachorro começou a latir na porta do banheiro. Estou aqui, bêbada, e é impressionante como cachorros sentem quando não tem algo bom acontecendo)

Nós combinamos de passar a noite conversando. Ok. Eu estava satisfeita com isto. Sério, eu estava! Pois, ter a presença dela era melhor do que não ter nada. Mas infelizmente, ela fez algo que era mais importante.

Ela bebeu.

Tudo bem.

Eu a esperei.

Na verdade eu não....

(Parei um pouco de escrever. Falei com as estrelas, reclamei com Deus sobre minha situação. Meu irmão acordou e me viu no estado em que estou — mas, felizmente, sou boa em camuflar embriaguez)

Enfim. Eu a esperei. Entrei em sites de conversar com estranhos. Falei sobre ela e como a estava esperando. E, para a minha "felicidade" ela apareceu exatamente na hora. Legal! Eu a respondi. E me senti importante pois estava me respondendo na hora.

(Novamente meu cachorro está latindo na minha porta. Impressionante. Eu o amo. E mal espero para ler essa história enquanto estiver sóbria)

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⏰ Última atualização: Oct 20, 2015 ⏰

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