The Beginning

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Carolina's POV-

- Ahn, P... Pink Floyd... - eu disse baixinho enquanto procurava os discos que estavam organizados por setores - Pink Floyd! Achei! - murmurei para mim mesma, sorrindo.

Peguei o disco de vinil e analisei cuidadosamente a capa que estava em ótimo estado. Eu adorava esses tipos de coisas antigas. Passei os meus olhos no verso, lendo as músicas que vinham no álbum. Eu gastei uns bons 30 minutos até encontrá-lo e, assim que o vi, não consegui tirar o sorriso do meu rosto.

O sininho preso à porta da loja fez um barulho, avisando que alguém estava entrando. Descolei os olhos do meu disco apenas por curiosidade, para ver quem era.

A primeira coisa que eu vi foi uma massa de cabelos jogados para o lado de um jeito bem desarrumado. Ele era alto, bem mais do que eu, mesmo se eu usasse saltos. Eu arriscaria 1,80. A cabeça estava abaixada, ele digitava alguma coisa no celular. Meu olhar se prendeu por alguns instantes nas suas mãos. Tenho que admitir que eu tinha um estranho fetiche por mãos masculinas grandes.

Notei que eu estava literalmente com os olhos colados nele, então decidi voltar minha atenção ao Pink Floyd. Não sabia por qual razão, mas sentia que eu estava "errada". Eu deveria ter penteado melhor o cabelo pela manhã e passado uma maquiagem para disfarçar a minha cara de sono.

"Porra, que droga! Por que eu tô tentando impressionar ele? A gente nem se conhece" eu estava ficando irritada comigo mesma por estar atraída por aquele garoto. E, obviamente, também com ele, por ter aparecido naquela loja.

O observei discretamente caminhando entre os corredores de discos clássicos. Ele parou na minha frente, do outro lado de uma estante e, como elas não eram muito altas, conseguia ver seu rosto perfeitamente. O garoto parou de mexer no celular e tirou a jaqueta, quase como se estivesse me obrigando a olhar para ele.

Puta merda. Ele era musculoso. E gato. E estava vestindo uma camisa do Rolling Stones, o que claramente significava que tinha bom gosto para música. Ele levantou a cabeça e me encarou. Os seus olhos eram extremamente Verdes, quase hipnotizantes. Abriu um sorriso de lado, só levantando o canto dos lábios e provocando covinhas nas bochechas.

"Droga, eu tô encarando ele!" me repreendi, repentinamente notando o tipo de cena ridícula que eu estava proporcionando, e me convenci a caminhar até o caixa.

- Eu vou levar esse aqui, por favor - pedi para o cara que estava atendendo o caixa.

- Dinheiro ou cartão? - ele perguntou educadamente.

O garoto dos olhos Verdes estava andando exatamente até o lugar onde eu estava antes, mexendo nos discos que começavam com a letra "P".

- DINHEIRO OU CARTÃO? - o caixa teve que gritar para chamar a minha atenção, que aparentemente tinha sido focada por completo no desconhecido.

- Erm... Dinheiro... Desculpa - eu paguei as trinta libras e peguei meu disco.

- Você deu sorte, esse foi o último do Pink Floyd - ele sorriu.

- Vai ver hoje é o meu dia de sorte, Tom - eu li no crachá que estava preso a sua camisa.

- Vai ver é - ele sorriu, entrando na brincadeira - Bom dia.

Andei em direção à saída e, antes que eu pudesse passar pelas portas da loja, ouvi uma voz inacreditavelmente rouca perguntar:

- Ela levou mesmo o último?

[...]

Era normal que eu não esperasse ver o garoto Rolling Stones nunca mais. Eu via pessoas bonitas todos os dias e nem por isso acontecia alguma coisa especial.

Um saco mesmo.

Assim que saí da Vintage (loja de discos), atravessei a rua e fui até o café em que eu trabalhava. Eu, obviamente, já tinha estourado meu tempo de descanso, o que só ia fazer o meu chefe querer cozinhar as minhas tripas.

Cheguei cinco minutos antes, o que me deu tempo para prender o meu cabelo e recolocar o avental, fazendo-me acreditar que aquele podia mesmo ser um dia de sorte.

Apesar de o meu chefe ser um imbecil, eu adorava o meu trabalho. Claro que não era o ideal para mim, mas me ajudava a pagar o aluguel. Era uma cafeteria com estilo antigo... Tudo, as poltronas, mesas, sofás, quadros de bandas nas paredes, livros espalhados por prateleiras eram comprados de lojas de antiguidades. E, além do mais, havia sempre boa música tocando ao fundo. Eu não podia ter pedido lugar melhor para ser garçonete.

- Carolina! - uma das outras garçonetes pediu - Pode cuidar da mesa 13?

- Claro - eu dei de ombros e sai da cozinha, onde eu estava.

Passei pela porta e entrei na área que ficavam as mesas. Fui caminhando até a mesa 13 enquanto pegava o meu bloquinho de dentro do avental preto.

- Boa tarde - eu falei, anotando o número da mesa na primeira folha em branco disponível - Eu sou a Carolina, o que vocês gost... - eu completei levantando os olhos.

Fiquei com receio de a minha cara ter sido muito surpresa ou exagerada demais. Mas eu estava totalmente embasbacada... O garoto da loja tinha reaparecido e, agora, toda sua atenção estava voltada a mim. Tentei não ficar muito vermelha, pois os amigos que estavam sentados com ele começaram a fazer piadinhas sobre o jeito que ele estava me encarando.

- Vocês vão querer pedir ou...? - fiz um esforço tremendo para fazer algum som sair da minha garganta.

- Ah claro, pedir! - o garoto que estava do lado dele sorriu - Uhn, vou querer o número 1 com bastante chantilly...

Cerca de 5 pessoas fizeram os pedidos e só restava o garoto da loja de discos. Eu mal conseguia levantar os olhos então os mantive fixos no meu bloquinho de pedidos.

- Eu vou querer... - a voz extremamente rouca dele hesitou por alguns instantes - O número 17...

- Tudo bem, seus pedidos vão chegar em alguns minutos - avisei educadamente.

- Hum, ei, Carolina!

Me virei.

- Sim?

- Sem canela no meu café - o garoto da loja, que foi chamado de Harry por um dos seus amigos piscou levemente para mim.

[...]

- Você pode assumir a mesa 13? - eu pedi para Kelly, a outra garçonete.

- Por quê? - ela disse enquanto colocava um muffin sobre um prato.

- Hum, erm... - eu não tinha uma justificativa boa o suficiente - Por favor? - eu pedi, quase implorando.

- O.K - ela concordou - Então você assume o balcão?

- Obrigado, você é demais! - eu sorri empolgada por me livrar de todo o constrangimento (sem sentido) de servir o tal de Harry e seus amigos.

Passei os próximos minutos arrumando os bolinhos e tortas que ficavam expostos na bancada e servindo-os em pratos quando alguma mesa fazia um pedido. Era uma tarefa simples, mas a sensação de nervosismo que tomava meu estômago me atrapalhava em proporções desastrosas.

- Mas...? - eu me perguntei baixinho, parando de cortar um pedaço de bolo, enquanto via Kelly conversando com o garoto da loja, Harry. Os amigos dele já tinha ido embora, mas ele continuava lá.

Ele franziu o cenho e mexeu os lábios lentamente, provavelmente perguntando alguma coisa para ela. Ela respondeu, fazendo-o sorrir. Kelly tirou o bloquinho do bolso e anotou alguma coisa e entregou o papel a ele.

Observei-a atentamente vindo em minha direção. Aquilo não estava parecendo muito certo.

- Preciso de um pedaço de torta de chocolate para a mesa 2 e 2 cheesecakes para a mesa 5 - Kelly pediu, deixando a bandeja em cima do balcão.

- Humn... Kelly... - eu falei devagar, sentindo que as minhas bochechas já estavam quentes e vermelhas - O que aquele garoto queria com você? Eu quero dizer, ele cancelou o pedido? - me corrigi, tentando parecer razoavelmente sana e profissional.

Ela sorriu e deu dois passos em minha direção.

- Ele me perguntou qual era o seu número de telefone - ela sussurrou no meu ouvido para que ninguém mais escutasse.

Estremeci só de ouvir aquilo.

- Você não fez isso - eu trinquei a mandíbula.

- Fiz sim - ela deu uma risada alta com a minha reação.

- Kelly... E se ele for perigoso? - eu perguntei. Aquela questão obviamente não tinha o mínimo de probabilidade de ser real, mas eu queria iludir a mim mesma, para que eu tivesse uma desculpa boa o suficiente para pode fugir pelas portas dos fundos naquele exato instante.

- Com aqueles olhos, eu deixaria ele ser perigoso comigo - ela riu e pegou a fatia de torta - Pode levar o chá para a mesa 15? Estou cheia de pedidos.

- Claro - concordei de mau humor.

Agora aquele completo estranho sabia o meu número de telefone. Eu não tinha certeza do que eu estava sentido por ele, se era atração, medo ou simplesmente raiva por algum motivo completamente desconhecido.

Coloquei a xícara cheia de líquido quente sobre uma bandeja e caminhei em direção à mesa onde um homem de meia idade estava sentado. Por uma "coincidência" muito imprevisível (lê-se com sarcasmo), a mesa dele ficava ao lado doHarry.

"Se concentra" eu me ordenei e caminhei por entre as mesas.

O ponto ruim da cafeteria era que ela era pequena e não tinha muito espaço. Então, eu tinha que praticamente me espremer por entre as mesas para conseguir passar. Foi quando aconteceu.

Passei pela mesa dele, e senti dedos roçando levemente na minha calça jeans, na altura da minha coxa. O movimento do tal Harry foi imperceptível pelo fato da extrema habilidade dele. Mas aquilo tinha sido demais para mim. Quando fui me virar para expulsar aquele garoto dali, eu me atrapalhei e tropecei no pé de uma das cadeiras.

Derrubei a bandeja sobre o colo dele, molhando toda a camiseta dele e parte da calça.

- Ops - eu deixei escapar enquanto olhava o resultado.

Todos estavam olhando para nós, o que, por incrível que pareça, não deixou ele nada constrangido.

- Carolina! Meu Deus! - meu chefe saiu da cozinha e veio correndo até onde nós dois estávamos - Eu não acredito. Desculpe senhor...?

- Harry, Harry Styles.

- Há alguma coisa que eu possa fazer para compensar essa confusão, senhor Styles? Qualquer coisa?

Ainda que coberto por chá quente, o garoto sorriu e fez aquela cara irritantemente atraente.

- Tudo bem... Eu só vou precisar ir ao banheiro - ele se levantou lentamente - Vocês tem alguma camisa para emprestar...?

- Claro, claro - meu chefe assentiu - Carolina, leve ele até o toalete e dê uma camisa reserva dos garçons para ele, por favor. Desculpe de novo senhor - ele deu um sorriso - E você - ele apontou a cabeça para mim - Mais cuidado da próxima vez. Acompanhe o nosso cliente e tenha certeza que tudo se resolva bem.

Segurei um suspiro frustrado e falei:

- Vem comigo.

Ele me seguiu até uma sala que ficava trancada, ao lado da cozinha. Fui até o enorme armário branco, que estava no canto esquerdo do espaço, onde mantínhamos os aventais e coisas desse tipo. Presumi que o tamanho dele era médio e peguei uma camisa branca limpa de lá, que tínhamos em casos de emergência.

Sem soltar uma palavra, me dirigi até ele e entreguei a camiseta.

- Toda sua - eu falei em uma mistura de timidez e ironia.

Ele despiu a camiseta que estava usando e a jogou no chão. Ele nem sequer esperou eu sair de lá. Meus olhos automaticamente se vidraram no corpo dele. Braços musculosos cobertos por tatuagens, abdômen bem definido, linha "V" praticamente toda exposta. Mordi o interior do meu lábio com força, numa tentativa desesperada de desfocar a minha atenção dele. Fiquei encarando meus sapatos, como se, repentinamente, eles fossem muito interessantes... Mas, com toda a sinceridade, eu só consegui focar na imagem da pequena parte das suas boxers aparecendo debaixo dos jeans escuros.

Ouvi alguns passos e levantei meu olhar. O tal Harry estava se aproximando lentamente, até que parou frente-a-frente comigo. Engoli em seco e fitei seus olhos com a mesma intensidade que ele me olhava.

- Você ainda não me pediu desculpas - ele falou lentamente.

Fiquei em silêncio por alguns instantes. Uma tempestade de confusão enevoando a minha mente. Desculpas?

- Você apertou a minha coxa - eu respondi tentando manter o pouco de dignidade que me restava.

- Eu sei - ele respondeu com displicência e sorriu.

Senti sua respiração batendo delicadamente contra o meu pescoço. Calafrios percorreram a minha espinha e dei um passo para trás, me afastando. Fitei-o atentamente, assistindo-o colocar o seu lábio inferior entre os dentes e mordê-lo levemente. Fechei os olhos e deixei escapar um suspiro que havia ficado preso na minha garganta por tempo demais.

Isso o fez dar dois passos para frente.

- Você... - tive que respirar fundo antes de continuar - Você não vai colocar a sua camisa?

- Não.

Aquilo me fez calar a boca.

Ele gentilmente tirou algumas mechas do meu cabelo de perto da minha orelha e colocou os seus lábios macios ali, roçando-os gentilmente no lóbulo da minha orelha. Me retrai, sentindo o meu corpo se arrepiar assim que sua respiração quente bateu contra a minha pela gelada.

- Será que eu preciso explicar Carolina? - ele murmurou me fazendo ofegar - Primeiro você compra o disco que eu queria, depois se recusa a me atender e ainda derruba chá em mim? - ele soltou um longo suspiro falso, simulando desapontamento.

Eu não sabia o que fazer ou falar. Eu nunca tinha estado numa situação nem ao menos parecida com aquela. Harry tinha o total controle do momento, o que me fez sentir ainda mais desconfortável e vulnerável.

- É você que deveria se desculpar... - eu coloquei as mãos sem jeito no peito dele para afastá-lo.

- Pelo o que? - ele perguntou friamente, segurando os meus pulsos e me puxando violentamente ao seu encontro.

- Por... - eu hesitei pensando se ele podia mesmo ser algum tipo de psicopata.

- Fala - ele pressionou, me fazendo ficar em silêncio - Não me faça de obrigar - ele deu uma risada rouca e baixa, sem nenhum humor vinculado ao seu tom.

Antes que eu conseguisse recuar, seus dedos envolveram o meu quadril firmemente, fazendo que seu peito colasse no meu, de modo que ele conseguiria claramente sentir o meu pulso acelerado.

- Como você pretende me pagar? - ele pressionou.

- Não pretendo - respondi baixinho.

- Escolha errada - Harry me repreendeu.

A próxima coisa que eu senti foram lábios quentes e macios se chocarem contra os meus, forçando um beijo. Não reagi, apenas tentei me desprender, o que o fez me segurar mais forte e me deixou mais sem ar. Sua boca encontrou o meu pescoço em um movimento rápido, senti os seus dentes mordiscaram a pele delicadamente, se opondo ao jeito que ele me segurava. Eu resisti ao máximo, procurando sair dos seus braços.

Nós dois fomos cambaleando em direção à parede, até que as minhas costas bateram contra a porta. Harry voltou a sua atenção a minha boca, me dando uma selinho persuasivo, tentando fazer com que seus lábios se partissem. Ele passou a língua lentamente pelo meu lábio inferior antes de prendê-lo entre os dentes.

- Harry... P-pa... - minhas palavras se misturavam com suspiros, enquanto eu lutava para resistir aos beijos - Para...

Foi quando ele imediatamente me soltou, sem hesitar.

Eu fiquei parada ali, colada na porta enquanto via ele se afastar e pegar a camisa branca que tinha caído no chão quando ele me agarrou. Eu fiquei confusa, me perguntando como as minhas palavras tinham o impedido de continuar, se ele já havia chegado em tal ponto.

Harry caminhou até onde eu estava em poucos passos.

- Eu gosto de você Carolina - ele disse sarcástico.

Fiquei em silêncio.

- Sei como você pode se desculpar comigo - ele se aproximou - Quero escutar seu disco do Pink Floyd.

- Eu te dou ele - falei nervosa, sem mesmo pensar duas vezes.

- Não, você não entendeu Carolina - ele respondeu, dando ênfase na pronuncia do meu nome - Nós vamos jantar. Amanhã.

- Eu...

- Não aceito não como resposta - ele disse - Você vai descobrir, com o tempo, que eu sou uma daquelas pessoas que você nunca deve dizer não.

~Continua???



Born To Die //H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora