Harry's apartment

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Um abismo era pouco para representar tudo que estava acontecendo. A sensação de que eu estava caindo em queda livre começou assim que eu vi Harry pela primeira vez e nunca mais parou. Era como se tudo fosse tão inserto que parecia que eu estava caminhando no escuro.

Perto das sete da noite, me vi parada em frente ao espelho, apenas usando roupas íntimas.

Eu estava completamente sozinha em casa, Liv tinha partido para estação de trem algumas horas atrás. Na estante, meu trabalho quase acabado de filosofia.

Ouvi meu celular apitar duas vezes rapidamente, avisando que tinha recebido uma nova mensagem.

"Espero que você esteja usando alguma coisa sexy -Harry".

Encarei a tela do meu telefone por alguns instantes, perplexa. "Patético -Carolina".

No exato instante que apertei em "enviar", já tinha me arrependido profundamente por ter escrito aquela frase, mas eu não podia simplesmente permiti-lo me tratar do jeito que ele bem entendesse.

"Patético é eu nunca ter visto uma parte do seu corpo descoberta, Carolina -Harry"

Mesmo sem ver sua expressão, podia jurar encarar dentro da minha própria mente uma imagem de Harry com um sorriso malicioso e convencido nos lábios.

Larguei meu celular e rapidamente vesti uma camisa clássica branca sem mangas e uma saia jeans de cintura alta junto com meus Oxfords clássicos. Coloquei um brinco de pérola e me olhei no espelho com uma pontinha de satisfação:

- Nem um pouco sexy. Perfeito.

[...]

Peguei minha bolsa, a jaqueta de Harry que tinha acidentalmente ficado comigo e saí de casa, descendo as escadas rapidamente e chegando até as portas de saída/entrada saguão.

Olhei para fora e vi a tempestade que estava se formando tomando completamente todo o céu, nuvens escuras e tortuosas escondendo os últimos raios de Sol do dia. Uma chuva fina, que claramente antecedia o temporal, caia em pingos gelados, deixando marcas salpicadas no pavimento da rua.

Vi um carro preto parado em frente a onde eu estava. Abri a porta do lobby e um vento incrivelmente forte e frio bagunçou todo meu cabelo, fazendo-o voar em todas as direções possíveis. Vesti o casaco de Harry que eu levava nas mãos e também coloquei o capuz, antes de pisar fora do toldo e enfrentar o adorável clima britânico. Corri até o veículo e entrei sem hesitar, batendo a porta e tentando organizar meu cabelo ao máximo.

- Oi Carolina - ouvi a voz rouca dele e me virei.

- Oi - falei meio constrangida, ajeitando a bolsa sob meu colo e cruzando as pernas, tentando parecer o mais aceitável e apresentável que consegui.

- Não é exatamente o que eu definiria como sensual, mas ver suas pernas já é um grande progresso - ele sorriu maliciosamente enquanto encarava-as - Você tem pernas bonitas.

Dobrei a manga do casaco em um gesto tímido, eu estava meio envergonhada, meio desconcertada com aquele elogio fora dos padrões. Acima de tudo, arrependida por não te vindo de jeans.

- Se bem que cabelo bagunçado e roupas de homem em você ficam bem excitantes - ele sussurrou baixinho, como se só ele pudesse ouvir enquanto dava a partida no carro.

Mantive-me em silêncio pelos primeiros minutos, segurando ao máximo as perguntas que estava desesperada para fazer a ele. Apesar da minha curiosidade desumana, eu sinceramente não sabia que tipo de reação esperar dele em resposta. Hesitei alguns instantes, pensando nas consequências, antes de finalmente criar coragem e abrir a boca.

- Harry?

- Sim? - ele perguntou desviando os olhos por poucos segundos do trânsito.

- Posso te perguntar uma coisa? - disse lentamente.

- Depende - ele disse despreocupadamente enquanto parava o carro em um sinal vermelho.

- Eu não sei absolutamente nada sobre você - comentei, mantendo a minha voz baixa.

- A maioria das pessoas não sabe - ele respondeu assumindo um tom mais sério e frio.

- Eu gostaria de saber - falei, lutando para manter meus olhos presos nos dele.

O sinal ficou verde, o que o fez acelerar, mas mesmo assim não desviou o foco da conversa.

- Tenho certeza que não - suspirou contendo a irritação visível - Pergunte, Carolina.

- Qual a sua idade?

- 21.

Nunca tinha imaginado quantos anos ele tinha de fato. Nossa pequena diferença de idade de apenas 3 anos parecia quase que absurda.

Fiquei em silêncio, pensando na forma mais delicada e sensata de perguntar sobre o suicídio e aquela briga em que ele quase matou um garoto. O fato de que eu sabia tudo aquilo sobre ele já me deixava assustada, completamente apavorada. Mas o meu principal receio eram os motivos pelos quais Harry era quem ele era.

Seguimos por uma rua em linha reta, suas mãos cheias de cicatrizes e hematomas descansando no volante. Analisei-as por um tempo, mas percebi que aquele não era o lugar nem a hora certa para tocar naquele assunto.

Eu não fazia ideia de onde tinha arrumado a coragem para fazer tantas perguntas, levando em conta o possível fato de ocorrer uma explosão de raiva. No fundo, comecei a me perguntar se ele era quem realmente eu pensava que era e, se talvez, o que Harry me dissera noite passada, sobre o fato de que ele nunca me machucaria, fosse verdade.

Observei as gotas de chuva escorrendo vagarosamente pelo vidro do carro e notei que estávamos diminuindo a velocidade, até que paramos.

Olhei em volta e não avistei nenhum tipo de restaurante, boate ou qualquer lugar onde poderia acontecer um encontro.

Minha respiração começou a ficar mais pesada, senti as minhas mãos suarem e um frio gélido no estômago. Encarei-o e perguntei, com a minha voz saindo mil vezes mais hesitante e rouca que o normal devido ao meu intenso nervosismo:

- Onde nós estamos?

Harry deu um sorriso afetado, apenas levantando o canto dos lábios:

- Meu apartamento.

~~continua

HELLO,HELLO *-*

Desculpem pelo meu sumiço aqui do wattpad,prometo postar mais ♥

Born To Die //H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora