Capítulo 7

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—O quê? Mas já? Olha, vou fingir que não vi nada. — Disse Lucas, que agora estava parado na nossa frente.

À essa altura eu e Ygor já haviamos nos separado, assim que Lucas entrou no quarto.

Eu não respondi, estava envergonhada demais para falar algo, podia sentir meu rosto queimar, de tanta vergonha.

Ygor por sua vez, sorria. Como se tivesse acabado de conquistar um prêmio.

Lucas nos olhava, ainda sem acreditar. Eu podia ver uma certa pontinha de ciúmes nos seus olhos.

—Venham, Jason pediu para chamar vocês. A festa já está começando, algumas pessoas já chegaram.

Ygor saiu primeiro, ainda sorrindo. E então ficamos só eu e Lucas no quarto. Ele me fitou, com um olhar de desaprovação.

—Pensei que você não fosse se entregar assim tão fácil. —Falou, certamente desapontado.

— O quê? Foi só um beijo.

—Só um beijo por enquanto. Eu sei que você sente algo a mais por ele. Cuidado, ele pode acabar te magoando. —Falou saindo do quarto.

Fui seguindo-o, mas sem dizer nada. Estava ocupada demais com meus pensamentos para responder algo.

Será que Lucas estava certo? Ygor estava somente me usando? Seja lá o que fosse, não importava. Sentimentos são só sentimentos, algo descartável. Se eu realmente quiser, consigo acabar com isso que eu acho que sinto por ele. Está decidido, vou entrar no jogo dele, vamos ver quem joga melhor.

Quando cheguei lá embaixo, vi que já haviam chegado mais de 50 pessoas. Ygor estava conversando com Jason, e algumas pessoas, que eu não fazia a mínima ideia de que eram.

Eu não sabia o que fazer, nunca fui boa em me enturmar, e quase nunca ia para festas desse tipo, então somente segui Lucas, que se pôs atrás do balcão, pegando uma garrafa de vodka.

—Quer? — Perguntou estendendo o copo.

—Quero, to precisando beber mesmo. —Falei, pegando o copo.

—Olha, sobre o que aconteceu lá em cima, não foi nada demais, foi só algo de momento. —Falei, tentando me explicar.

—Não precisa se justificar, vou fingir que não vi nada. Além disso, eu não sou seu namorado nem nada, apenas seu amigo. —Falou, abaixando a cabeça.

Não respondi. Eu não sou muito boa com esse tipo de resposta, sempre acabo sendo insensível demais. Ele não parecia ter levado isso tão bem como dizia, havia algo diferente nos seus olhos, uma expressão que eu não conseguia decifrar.

Então ele puxou assunto sobre a minha vida, e ingatamos em uma conversa, e entre cada frase que saia da minha boca, lá se ia mais um copo de bebida. Bebi tanto até esvaziar 4 garrafas. Eu e Ele.

Isso é a última coisa da qual eu me lembro naquela noite.

Acordei em um local completamente estranho. Eu estava deitada, em uma cama, diferente da minha. Observei o local em que eu estava, um quarto com as paredes brancas, e decoração em tons de cinza e preto, bem finesse.

Senti minha barriga doer, olhei e havia uma marca roxa, ao lado. Estava começando a ficar com medo, até que Lucas entrou no quarto.

—Finalmente, demorou pra acordar hein. — Falou, sentando ao meu lado na cama.

—O que aconteceu? Porque minha cabeça está doendo tanto? Aonde eu estou? E porque eu estou com uma marca roxa na barriga? —Perguntei, totalmente confusa.

—Bom, vou resumir tudo pra você: Você bebeu demais, e acabou ficando muito bêbada, e fez coisas das quais você certamente não se lembra. E sua cabeça está doendo porque você está com uma maravilhosa ressaca. E nós estamos na casa de Ygor, nós à trouxemos pra cá quando você desmaiou, e esse roxo na barriga é resultado de algumas coisas que você fez.

—Que tipo de coisas eu fiz? —Falei, sentindo meu rosto ficar vermelho.

Será que eu havia feito algo demais? Bom, à julgar por essa marca na minha barriga, eu diria que sim.

—Bom, digamos que você jogou o Jason na piscina, e nadou nua. Deu uma de DJ, e depois jogou sais de banho na piscina. E esse roxo, bom você tentou fazer o corrimão da escada de escorrego, e digamos que não deu muito certo. Ah, e você ficou com uns 5 caras, mas relaxa, eram todos ricos.  — Falou rindo.

—Ela fez muito mais do que isso. —Falou Ygor, que estava parado na porta.

—À quanto tempo está aí? —Perguntei.

—Tempo o bastante para ter certeza de que ele não contou tudo.

—Bom, vou deixar vocês às sós. —Falou Lucas, saindo do quarto.

—O que eu fiz? — Falei curiosa.

—Você brigou com uma mulher, e posso dizer que foi a briga mais sexy que eu já vi.
E também fez uma dancinha sensual pra mim no quarto de Jason.

—Nós...?

—Se nós transamos? Não, não transo com mulheres bêbadas.

Fiquei sem reação, e ao mesmo tempo aliviada, não queria transar com ele, e esquecer.

—É uma tortura te ver aí deitada na minha cama e não poder fazer nada com você. Bom, vou deixar você descansar. Pode ficar à vontade. — Falou, sorrindo maliciosamente.

Ele saiu, me deixando sozinha, acompanhada somente da minha vergonha.

Eu não acredito que eu havia feito aquilo, não era do meu feitio. Do jeito que eles haviam me descrito, eu parecia uma adolescente que tinha ficado bêbada pela primeira vez na vida. Eu estava com vergonha de mim mesma. E esses caras que eu beijei sem nem ao menos conhecer? Meu Deus! Eu nunca mais vou ir para uma festa dessas. Isso era demais para mim. Eu estava realmente no fundo do poço, deitada na cama de um amigo meu, com uma ressaca maravilhosa, e uma aparência horrível.

Eu só queria voltar para casa e fingir que nada havia acontecido.

Levantei da cama e saí do quarto, à procura de Ygor, ou Lucas. A decoração da casa toda era nos mesmos tons de cinza do quarto, e só então percebi que ele morava sozinho. Menos mal.  Pensei.

Lucas e Ygor estavam na cozinha, sentados à mesa, conversando.

—Você pode me emprestar uma toalha? —Falei.

Ygor foi até o armário e pegou uma toalha branca com linhas pretas. Novidade.

—Obrigada.

Fui em direção ao banheiro e tomei um banho para tentar amenizar meu cansaço aparente. Eu me sentia estranha, era como se algo estivesse diferente.

Saí do banheiro e me vesti. Pedi que Lucas me levasse em casa, tudo que eu queria era dormir e esquecer dessa noite horrível.

Cheguei em casa e minha mãe não estava. Ótimo. Eu não queria que ela me visse daquela maneira.Fui para o meu quarto e apenas dormi.

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