Capítulo 6 - Malicioso

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O sol se preparava para se por no horizonte alaranjado, as nuvens ganhavam um colorido especial entre o azul mesclado com o branco e o alaranjado que fazia do céu uma enorme aquarela. Math me abraçava enquanto meus pais se levantavam e se dirigiam para o interior da casa dos meus avós.

As crianças aos poucos perdiam o ritmo e se encostavam na calçada para uma conversa ao que parecia muito animada pelas risadas. O Sr. Kyle começava a fechar os hidrantes da rua, encerrando aquela tarde de verão molhado.

- Bem tenho que ir. - disse Math e eu assenti brevemente - Nos vemos mais tarde no jantar.

- Esta bem.

Ele se levantou e me olhou, agachou-se novamente e se aproximou do meu rosto. Suas mãos seguravam as minhas e seus lábios tocavam os meus, receosos, a espera de uma reação minha - que não houve - seus lábios eram macios e seu beijo era calmo e sem pressa. Então ele se afastou e pude ver o brilho em seus olhos.

- Nem pense nisso, foi um beijo de pena.

Ele riu e abaixou a cabeça e me olhou ainda com o mesmo brilho no olhar.

- Você vai ser meu.

- Uou cowboy muita calma nessa hora. Não sou um troféu seu e muito menos uma líder de torcida para você me pegar quando quiser.

- E quem disse que eu quero só pegar você...

Revirei os olhos enquanto ele ria.

- Preciso ir agora, preciso me arrumar para nosso jantar.

Jantar!?

- Mas que merda - bufei. - Já havia me esquecido disso.

- Sorte sua que eu não. - ele piscou o olho direito enquanto caminhava em direção a Cross Fox prata estacionado do outro lado da rua.

- Nos vemos mais tarde... - falei por fim desistindo de ser sarcástico com Math.

Ele entrou no carro e deu a partida e não demorou para que ele sumisse no fim da rua entrando a direita na avenida principal. Olhei vagamente para o relógio em meu pulso, peguei o celular em meu bolso dentro de uma sacola plástica. Desbloqueei a tela e ao carregar a tela inicial havia dez chamadas perdidas de Kal.

Kal. Ele era do tipo mais tradicional que já havia conhecido, um romântico incurável assim como um dia eu já fui. Talvez eu devesse parar de ser cabeça dura, por um momento ouvir a insanidade que havia em minha mente que gritava que eu deveria ficar com ele, que ele seria diferente.

- Talvez...

Em um rompante me levantei e segui para o hall de entrada da casa e peguei no chaveiro as chaves do meu carro. Segui ate a garagem e peguei meu carro. Eu estava prestes a fazer a pior merda da minha vida. Acelerei o carro e partir em direção a meu futuro.

O vento adentrava pela janela enquanto meu carro passava pela rua sinuosa de tijolos quadrados e prédios coloniais do bairro italiano, segui por ele ate uma pequena estrada de areia que estava próximo aos limites da cidade, peguei a bifurcação e entrei a direita antes do lago.

Meu carro parou em frente à casa de dois andares de madeira. Eu podia ouvir os pássaros cantando enquanto o sol ao longe descia tranquilamente afim de encerrar mais um dia. Desci do carro e segui pela pequena trilha de tijolos, me aproximo da varanda onde um velho balanço balançava silenciosamente.

Minhas mãos se aproximaram da porta para bater, mas a mesma se abriu.

Por alguma razão eu estava sentindo tudo aquilo novamente, a mesma sensação de desespero. Entrei, a televisão estava ligada em um canal de filmes, estava passando um filme de ação, por instinto meus pés abafaram qualquer ruído que viesse deles, caminhei em direção à cozinha.

Déjà vu.

Kal estava em pé, sem camisa enquanto um outro cara de estatura mediana, estava encurralado pelos seus braços. Ele vestia uma camisa regata vermelha, tinha a pele bronzeada pelo sol e um largo sorriso com dentes brancos, tinha músculos, mas não eram como os do Kal.

- Você realmente não deveria estar tão perto assim de mim Kal. Você não esta namorando?

Ele riu brevemente.

- Não. Claro que não. Você acha que eu estaria com você desse jeito se eu namora-se com ele?

- Hmm... Mas e o que tem entre vocês dois? - ele olhou firmemente nos olhos de Kal.

- Nos apenas ficamos. Será que podemos mudar de assunto. Você voltou Hugo e você sabe muito bem que eu amo você, que só terminamos porque você foi para longe de mim.

Hugo deu um sorriso e então eles se aproximaram...

- Desculpe interromper.

Kal se virou e me olhou com espanto. Seus olhos ficaram arregalados quando viu um sorriso brotar em meu rosto, minhas sobrancelhas se estreitaram.

- Oi... Hugo não é? - me aproximei e estendi a mão. - Eu sou o Guilherme. O cara que estava transando com esse ai...

Apontei para Kal que ainda estava de boca aberta. Sorri inocentemente e me aproximei dele, meus lábios tocaram seus ouvidos.

- Agora vejo o quanto você me deseja Kal... - me virei e olhei para Hugo e murmurei - Espero que saiba dançar tão bem quanto trepa, porque vou fazer de sua vida um inferno. - o olho nos olhos e beijo sua boca.

- Mas que merda é essa?! - ele grita me olhando.

- Ah e verdade. - digo me virando para olha-lo. - Quero que saia da minha casa, ate porque você não me serve para nada.

- Essa casa é do Kal - Hugo me olha e depois para Kal sem entender.

Dou um sorriso sarcástico.

- Explica para ele benzinho como você perdeu a casa.

- Você não pode fazer isso comigo Gui! - ele olhava com suplica para mim.

- Ah claro que posso e acredite isso é só o começo Kalzinho...

- Mas que merda esta havendo com você, você não me queria...

- O fato de eu não querer namorar serio com você é uma coisa, agora você mentir dizendo que "era louco por mim" ah, isso é bem difícil de deixar passar, se você pensou por um instante se quer que iria me fazer de idiota, esta muito enganado Kal. - dou um largo sorriso. - Agora eu preciso ir, meu namorado vai conhecer meus pais...

- Namorado? Mas que merda é essa?

- Ah... não sabia? Estou namorando Kalzinho... mas tem certeza que deveria ter dito isso? Ou quer só levar ele pra cama? Ops... - dou um sorriso malicioso - Eu e minha boca grande. - digo saindo da casa que um dia foi de Kal.

Td?ePsj

Eu sou Mau - Livro II (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora