Por alguma razão eu estava sentindo tudo aquilo novamente, a mesma sensação de desespero. Respirei fundo e caminhei pela pequena estrada de tijolos acinzentados ate a entrada da casa. Parei em frente a enorme porta de vidro e meus dedos a tocaram, a porta se abriu devagar. Meus olhos se abriram assustados, mas não havia ninguém.
Adentrei devagar caminhei pela sala vazia e cheguei ate a escada. Subi os degraus sem presa quando o som de gemidos começou a inundar o silencio do ambiente e quanto mais eu me aproximava de um quarto conhecido a mim, mesmo que eu tenha admirado por um período de tempo longo eu reconheceria o corredor e a porta.
Parei em frente a ela, meu corpo gelou. Eu sabia o que estava acontecendo ali dentro, mas preferia acreditar que fosse a televisão ou algo do gênero, mas eu sabia a verdade. Minha mão segurou a maçaneta, eu a girei e abri a porta.
O garoto que estava cavalgando e gemendo era Samuel, da minha turma de calculo. Um garoto loiro e de olhos verdes, ia a academia e pegava muitas garotas na faculdade, mas gemia e pedia por mais enquanto rebolava em cima de Marxos que batia em sua bunda e o beijava sentado com ele encaixado em seu membro.
Fiquei paralisado com a cena, minhas pernas não queriam se mover e meus olhos continuavam abertos. Então ele percebeu a minha presença, seus olhos estavam surpresos de me ver ali, Samuel não havia percebido que mais alguém estava ali e continuava quicando em cima de Marxos.
Ele abriu a boca e nesse instante minhas pernas acharam suas forças e se moveram, abri a porta e corri pelo corredor, e eu o fiz como nunca havia feito antes. Ele não veio atrás de mim, não houve nenhum ruído nem mesmo um grito de "não é o que esta pensando".
Meus olhos se encheram de lagrimas e corri ate o meu carro e me afastei dali o mais que eu podia, eu não conseguia me controlar. Minha mente rebobinava aquela cena varias e varias vezes. Em um repeteco continuo e atormentador. Era um castigo. Se aquele era pra ser o meu destino, eu estava cansado de tantas tentativas fracassadas, eu estava cansado de ser um pedaço de carne em exposição.
As lagrimas não me deixavam ver com clareza, meu peito doía como nunca havia doida antes, eu podia sentir as veias em minha cabeça pulsando forte, a dor estava se instalando em meu corpo. Quando finalmente cheguei em casa subi as escadas correndo. Houve vozes, tranquei a porta. Meu nome era chamado. Batidas na porta.
- Vão embora! - eu gritei. - Me deixem sozinho.
E o silencio logo veio em seguida, eles não me deixariam fácil assim. Eles montariam acampamento e se eu os conhecia bem eles derrubariam a porta se necessário. Fui direto para o banheiro, olhei para o meu rosto inchado, para os meus olhos que brilhavam estranhamente e odiei o que eu vi.
Minha cabeça pareci uma bomba que poderia explodir a qualquer momento, as lagrimas não cessavam, encostei-me na parede e escorreguei ate o chão onde eu continuei chorando. Eu estava cansado de tudo, eu não queria, mas passasse por aquilo nunca mais. Tudo tinha que ter um fim, e eu queria o fim desse maldito sentimento.
Levantei-me e olhei para o espelho olhei para minha face inchada, minha pele alva estava avermelhada, então eu tinha que tomar uma decisão. Eu tinha que fazer uma escolha. Eu estava me sentindo como um vampiro em The Vampire Diaries.
Fechei meus olhos e a lembrança continuava lá, intacta e clara e em um único movimento derrubei todos os frascos que estavam em cima da pia de mármore do meu quarto e soquei o espelho que rachou e quebrou logo em seguida e uma trilha de sangue começou a escorrer do meu punho pelo espelho.
Estava na hora de mudar, de esquecer. Eu iria colocar tudo dentro de uma caixa e esqueceria em um canto escuro da minha mente. Peguei uma tesoura e comecei cortar meu cabelo avermelhado, tufos de cabelo caiam no chão. Meus olhos se estreitaram e olhei para a barba, peguei o barbeador e comecei a retirar toda a barba. Peguei uma tintura que estava esquecido na prateleira e o joguei no meu cabelo, o avermelhado foi sumindo e dando lugar ao preto.
Voltei ao quarto, abri o guarda roupa e olhei para as roupas que estavam organizadas e comecei a joga-las todas no chão. Eu não voltaria a usar nenhuma delas. Tudo ficaria para trás. É mais fácil cultivar o ódio e esse se espalhou tão rápido e com tanta eficácia que nem mesmo a ultima fagulha de esperança em meu coração conseguiria mudar o que eu me tornaria.
Eu percebi que não poderia ser mais quem eu sempre fui, porque ser quem eu sou só me trazia desgraça e dor. Era apenas isso que eu ganharia. Chega de ser um garoto bonzinho, porque afinal de contas a dor não nos transforma só nos mostra quem realmente somos. E eu sou um garoto mal.
Desci do carro e olhei para o campus, meu volvo preto reluzia no estacionamento e todos me olhavam. Peguei a mochila e coloquei em um dos meus ombros e fechei a porta do carro. Muita coisa havia mudado nos últimos seis meses. Eu não era mais um garotinho e muito menos ingênuo. Quem se divertia no playground era eu agora e como eu me divertia. Sejam bem vindos à cidade de Wastford população de 3.688 pessoas meu novo lar e a Universidade Sigma, minha brinquedoteca particular.
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Eu sou Mau - Livro II (Romance Gay)
Roman pour AdolescentsOBRA REGISTRADA NA FUNDAÇÃO DA BIBLIOTECA NACIONAL. PLÁGIO É CRIME! Estava na hora de mudar, de esquecer. Eu iria colocar tudo dentro de uma caixa e esqueceria em um canto escuro da minha mente. Tudo ficaria para trás. É mais fácil cultivar o ód...