Capítulo 9 - Chocolate quente

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A lua estava cheia naquela noite, o relógio marcava pouco mais de onze da noite. Eu havia pegado as cobertas e o edredom para me aquecer enquanto eu me sentava na varanda do meu quarto em uma cadeira de balanço que tinha ao seu lado uma pequena mesa oval de tampo de vidro.

Fazia quanto tempo que eu não me sentava daquela forma para apenas observar, esquecer tudo, ser no final das contas eu mesmo, não quem eu sou agora, mas quem um dia eu fui. As vezes sinto falta de algumas coisas, não seria um má ideia viajar e ficar longe de tudo.

- Eu poderia viajar...

- Viajar? - a voz de Math rompeu o silêncio da varanda.

- Primeiro o que você faz aqui? - o olhei arqueando uma sobrancelha.

Ele riu. Em suas mãos havia duas "canecas" de chocolate quente, ele se aproximou sem dizer uma palavra, as colocou sobre a mesa e se postou na minha frente.

- Que? - o olhei sem entender.

Ele se agachou, segurou meu corpo em seus braços e se sentou na cadeira e me colocou em seu colo, ajeitou as cobertas e me olhou com um sorriso.

- O que esta tentando fazer?

- Bem, eu havia vindo falar com você, mas fiquei sabendo que seus pais descobriram tudo...

Revirei os olhos.

- Então Jhosua me mandou subir e trazer as canecas - ele apontou com o dedo para as duas canecas que emanavam um calor convidativo em cima da mesa de vidro.

- Não acredite em tudo o que meus pais falam.

- Guilherme, eu sei que você não gosta nem um pouco de mim e que não me quer ao seu lado...

- Não é verdade - o interrompe.

Ele esboçou um sorriso no rosto e me abraçou, me puxando para perto do seu corpo. Fazendo-me deitar a cabeça em seu ombro e sentir o perfume amadeirado que vinha de seu corpo.

- O que não é verdade? - perguntou ele acariciando meus braços enquanto olhava para o céu estrelado.

- Que eu não gosto de você, só que isso não significa que vou namorar você ou vou ter qualquer tipo de relacionamento com você.

- Eu sei disso... - disse ele tranquilo.

- Vamos fingir que estamos juntos, apenas tempo suficiente para que meus pais larguem do meu pé. Vou continuar saindo com outros caras como sempre fiz.

Silencio.

- Me desculpe Math, mas essa é a verdade.

Ele suspirou.

- Eu sei...

Então ele me apertou forte e se prendeu dentro de seus pensamentos.

MATH

Eu estava com duvidas se eu deveria estar aqui. Meu corpo estava parado em frente à casa dos avós de Guilherme, as luzes ainda estavam acessas. Minha mão se levantou e foi de encontro à porta, mas antes que ela tocasse a mesma eu desisti. O que eu estava fazendo ali? Porque eu estava ali?

Era melhor desistir, dei meia volta quando a porta se abre atrás de mim e a voz de Caleb inunda minha cabeça.

- Math?

- Boa noite Sr. Caleb - dei um sorriso e cocei a cabeça.

- Veio falar com Guilherme?

- Sim, mas acho que ele já deve esta dormindo. Não quero incomodar.

- Ah, você não incomoda. Entre. - disse ele com um largo sorriso no rosto.

Olhei para ele e depois para a entrada da casa e me perguntei se deveria, mas o que eu teria a perder? Caleb fechou a porta atrás de mim quando entrei na casa e me guiou ate a sala onde a televisão estava ligada.

- Amor. Olha só quem eu achei na porta. - disse ele com um sorriso no rosto.

Jhosua entrou na sala com duas xícaras de chocolate quente que esfumaçam.

- Math. Que bom revelo. - disse se sentando na poltrona e colocando as xícaras na mesa de centro da sala.

- Precisamos conversar com você Math. - disse Caleb em um tom serio.

- O que houve? - olhei para os dois que me olhavam seriamente.

- Nós sabemos a verdade. - disse Caleb enquanto se ajeitava no sofá.

- Do que estão falando? - eu teria manter a mentira o máximo que eu pudesse.

Por ele.

Jhosua deu um sorriso.

- Ele é perfeito amor.

- Eu também acho. - concordou Caleb.

- Não estou entendendo.

- É simples filho. Nos sabemos que você esta mentindo por nosso filho. Vocês não namoram de verdade.

- Eu realmente...

- Poupe as palavras Math - interrompeu Jhosua - Não estamos zangados nem com você e nem com Guilherme, mas você parece ser a pessoa certa para nos ajudar a recuperar nosso filho.

- Recuperar?

- Não somos idiotas. Sabemos a vida que ele leva nessa cidade e não estamos felizes com o que ele se tornou, você sabe o que é pra um pai saber que um relacionamento ruim esta destruindo um filho seu?

- Bem, eu não...

- Querido, não seja tão filosofo. - disse Jhosua rindo da situação. Caleb devolveu o sorriso.

O incrível era que Caleb olhava com tanta devoção a Jhosua como se ele fosse à única coisa no mundo para ele. O centro do seu universo girasse em torno dele, mas era possível ver a mesma coisa em Jhosua. Isso seria amor?

- O que Caleb quer dizer querido é que podemos ver que você gosta dele, gosta a ponto de fingir melhor do que ele que estão juntos e para que melhor prova do que ver você em nossa porta sem ele saber.

- Eu realmente não sei se posso ajuda-los.

- Claro que pode. Ele terá que namorar você, foi o acordo por termos descoberto toda a farsa dele e é onde você entra...

- Deixe-me explicar melhor...

- Math?

A voz de Guilherme domou meus ouvidos me tirando dos meus devaneios, olhei para Gui e sorri. Essa seria a missão mais difícil que se poderia me dar. Conquistar alguém que não quer ser conquistado. Que não quer amar. Mas eu sempre gostei de desafios e eu faria tudo o que estivesse ao meu alcance para tê-lo comigo.

- Um dia vou ser seu namorado. - disse por fim.

- Namorado? - ele riu e murmurou em meu ouvido - Só que não. - disse se aninhando em meu peito.

- Eu não vou desistir de você Guilherme. Não vou. - meus lábios tocaram sua testa enquanto uma estrela cadente atravessava o céu naquele momento.

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Capítulo especial de Halloween sai no dia 31/10.

Eu sou Mau - Livro II (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora