I'd rather fuel a fantasy then deal with this alone.
I wanna sleep next to you, but that's all I wanna do right now.
So come over now and talk me down.Vazio. Era tudo o que eu sentia naquele momento. Em relação a meu pai. Em relação a Louis.
Eu enterrei meu rosto nas minhas mãos; não queria ver nada, não queria ouvir nada; eu já tinha esgotado meu estoque de lágrimas a algumas horas, pouco depois de Louis ter desligado na minha cara. Foi merecido. Eu brinquei com o coração dele sem levar em conta o que ele estava sentindo. Como eu poderia esperar que ele levasse em conta o que eu estava sentindo?
Mas, como se algo me puxasse, com muita força, eu levanto minha cabeça, encontrando o olhar choroso e inchado de Louis, que me encarou por alguns instantes antes de virar a cabeça e voltar, por entre os corredores de altos túmulos de pedra.
Levanto de onde eu estava sentado e vejo as cabeças das pessoas que estavam ali se virarem para mim. Mas não ligo. Eu sei que era meu pai, e que, por mais que ele tivesse causado problemas pra mim nos últimos tempos, nos últimos dias; por mais que ele fosse responsável por sua própria morte, por conta de toda a bebida, ele ainda tinha sido meu pai. E por isso eu tinha passado as últimas horas com ele.
E, por mais que Louis tivesse me ignorado mais cedo e tivesse todos os motivos para isso, ele ainda era Louis, e ele ainda precisava de mim tanto quanto eu precisava dele. Ele havia vindo até o enterro do meu pai para provar isso.
Sigo o corpo pequeno de terno por entre os corredores do cemitério. Tudo parecia cinza demais, longe demais da da vizinhança azul, longe demais de onde era seguro para Louis e eu.
O vazio em mim me consumia cada vez mais, me amortecia; me anestesiava cada vez mais. Era como se eu estivesse dormente. Dormente até que Louis me tocou, assim que nos encontrávamos longe o bastante para que pudéssemos ser apenas eu e ele novamente.
Quando ele passa a mão pela minha bochecha, descendo pelo meu queixo, indo para a minha nuca, me puxando para mais perto, eu quero ser criança com ele de novo, quero dividir com ele tudo que eu estou sentindo, debaixo do lençol, sem medo de ser julgado. Quando ele sussurra no meu ouvido que está aqui para cuidar de mim agora e que nada mais vai nos atrapalhar, e eu percebo que ele está contendo o choro, e quero fazer com ele tudo o que fazíamos e que plantava um sorriso em seu rosto. Quando ele me abraça, deitando a cabeça em meu ombro e dizendo que me ama, eu quero dormir perto dele, e segurar sua mão, e isso é tudo que eu quero fazer naquele momento.
"Eu também te amo, Lou." É tudo o que eu consigo dizer, antes de voltar o nó na minha garganta e novas lágrimas surgirem nos meus olhos.
"Harry?" Sinto Louis apertar mais seu corpo contra o meu ao dizer meu nome. "Vai dar tudo certo, tá bom? Pode confiar em mim."
Eu confiava nele. Eu não tinha dúvidas disso. Mas eu também não tinha certeza se confiava em mim mesmo. Eu sentia que ia acabar estragando as coisas mais uma vez. Idiota.
É um pouco antes de eu me entregar completamente a Louis que eu enxergo uma menina de cabelos loiros brotar de trás de um dos túmulos. Quando Taylor me vê, não consigo saber qual de nós parece mais surpreso. Ou assustado.
Assim que ela se vira de costas, voltando pelo caminho por onde veio, me solto de Louis, xingando o Universo por ter feito aquilo comigo.
Vou atrás de Taylor, tropeçando entre túmulos, sentindo uma frustração raivosa crescer em mim, sentindo meu nó na garganta me esmagar. Queria me explicar para Taylor, queria explicar tudo a Louis.
Eu queria, apesar de tudo, que meu pai ainda estivesse aqui comigo.
No meio do caminho, Taylor hesita por um instante e se vira para mim.
"Olha, Harry." Ela diz, séria, sua pele branca reluzindo à luz pálida. Seus cabelos oscilando levemente com o vento. "Eu estava gostando de você, mesmo. Mas vai ser muito mais fácil se você simplesmente parar. Você e seu amigo lá, hum-- vocês formam um lindo casal." Ela suspira. "Eu sinto muito pelo seu pai, mas, hum-- boa sorte e até algum dia, talvez."
É quando ela vai embora que eu percebo que nessa pequena perseguição, nós acabamos saindo do cemitério, e agora eu me encontrava perto da baía.
Por quanto tempo eu fiquei perseguindo-a? Por quanto tempo eu deixei Louis sozinho para persegui-la?
Idiota! Idiota! Você devia morrer.
Sabe quando dizem que você nunca está sozinho? Eu duvidei disso naquele momento, porque eu me senti mais sozinho do que nunca havia me sentido em toda a minha vida. Eu não sabia como continuar, eu não sabia que passo dar.
Talvez eu não devesse mais tentar, talvez eu pudesse apenas desistir.
De repente eu não estou mais sozinho.
Estou com minhas lembranças.
Lembrei-me de como eu costumava brincar com meu pai, de como eu me vestia com uma armadura de plástico e o apunhalava com uma espada falsa até que ele caía, com a língua de fora, fingindo estar morto, para depois se levantar como um zumbi faminto para correr atrás de mim.
Dessa vez, ele não tinha tombado com a língua para fora. Ele havia ficado estático, duro e gelado. Ele não se levantaria nunca mais.
Lembrei-me de um dia em que eu e Louis fomos até a baía, para pular do cais, e assim que pulamos, percebemos que a água estava tão gelada que, enquanto estávamos mergulhados nela, não sentíamos nada, não enxergávamos nada.
Dessa vez, eu entraria naquela água, esperando que ela estivesse gelada o bastante para me congelar; esperando que ela entupisse meu vazio.
Dessa vez, eu continuaria mergulhado.
Dessa vez eu ficaria lá.
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Blue Neighbourhood (II) >>ls
FanficAinda falta tanto para o fim de semana Tanto para eu me afogar em suas mãos Tanto tempo desde que eu fora um tolo. Deixe essa vizinhança azul Nunca soube que o amor pudesse doer, tão bom. Está me deixando selvagem. Porque quando você está assim ...