15 Contos Eróticos / Segredos de Eros (Vol. 1 - Série Fifteen) - COMPLETO

20 - Quando ela dorme (H + M)

                       

Comecei a trabalhar como motorista dois anos depois que tirei minha carteira de habilitação. Foi o meu primeiro emprego fichado e com todas as garantias trabalhistas; antes, eu já fazia alguns bicos para ajudar no sustento da minha família, mas foi somente com o emprego de motorista que minha vida se estabilizou. Com este emprego, passei a ganhar muito bem se compararmos com a média salarial brasileira da classe dos motoristas. Além disso, sempre possuí vantagens que muitos não têm, como flexibilidade de horário, turnos de revezamento, folgas semanais, horas-extras generosas e o mais importante: sem aquela cobrança chata dos chefes de firma.

Eu era motorista particular de uma senhora de 90 anos que possui mal de Alzheimer. Comecei a trabalhar para ela há 10 anos, quando a mesma ainda era saudável e vivia com a filha e o marido. Dona Margareth e sua família são do setor imobiliário de Brasília e donos de inúmeros imóveis no plano piloto.

No mesmo ano em que o marido morreu, Dona Margareth adoeceu. Isso foi há 05 anos. Eu era o único motorista da família até então; porém, após o adoecimento dela, foi necessário contratar mais 02 motoristas, já que Mariana era casada e vivia distante dali com o marido e os filhos adolescentes. Desta forma, sempre havia um de nós, motoristas, à disposição de Dona Margareth, 24 horas por dia.

Além disso, a matriarca já contava com 02 arrumadeiras, 01 cozinheira, 03 porteiros, 01 jardineiro e piscineiro e 01 governanta; após a doença, acresceram-se 03 cuidadoras de idosos que ficavam por conta de Dona Margareth. A família tem condições de bancar tudo isso com facilidade, pois são MUITO ricos; Dona Margareth vive em uma mansão na Asa Norte e, a família de Mariana reside em uma cobertura triplex no Lago Norte.

Sempre me dei bem com todos os funcionários, exceto com Jurema, a governanta. Se dependesse dela, eu teria sido mandado embora no meu primeiro mês de trabalho, mas, para minha sorte, Mariana me adorava e sabia que sempre podia contar comigo para tudo: desde levar Dona Margareth ao médico, até ajudar com as compras de supermercado. Eu sempre fui muito prestativo, portanto, a Jurema não conseguia inventar fofocas a meu respeito.

Eu trabalhava de calça e blusa pretas, com uma Mercedes Benz Classe GLA cor prata, com ar condicionado, e ganhava R$ 3.000,00 por mês (fora as vantagens). Era, de fato, um excelente emprego! Minha esposa, Silvana, trabalhava como babá em outra família e não ganhava nem 1/3 do meu salário...

No final do ano passado, uma das cuidadoras de idosos pediu demissão, pois o marido havia sido transferido de cidade por motivos de trabalho; cheguei a sugerir a Jurema que contratasse minha esposa para compor esta vaga, mas, obviamente, ela cortou.

- Vinícius, você sabe que não contratamos parentes! - disse ela, ríspida.

- Mas, Jurema... Custa você falar com a Mariana? De repente ela abre uma exceção. Ajudaria MUITO no meu orçamento familiar, principalmente no meu aluguel...

- Sem chance. A Mariana só contrata profissionais com formação. Sua mulher tem curso de cuidador de idosos?

- Não... Mas ela trabalha como babá...

- Rsrs... Cuidar de idoso não é igual cuidar de criança! Além disso, a Dona Margareth precisa de cuidados especiais.

- Beleza, Jurema... Já que você não vai me ajudar, eu mesmo converso com a Mariana.

- Não perca seu tempo. Hoje mesmo ela fará entrevista com uma cuidadora experiente que foi muito bem recomendada.

"Experiente"... Apostei mentalmente que fosse mais uma daquelas velhas que tratam o idoso como se ele fosse um debilóide! "Quer seu papazinho agora?", "Vamos brincar com a fisioterapeuta, Dona Margá?", "Tá na hora de trocar essa fraldinha..." → Essas e outras frases irritantes eram ditas pelas cuidadoras. Eu não me relacionava muito com elas por causa da nossa diferença de idade e porque as achava um porre. Eu era mais amigo dos porteiros e da cozinheira (esta sempre fazia uma comida no capricho para os funcionários).