Paranóia

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Eu olhei encantada, vendo o quanto que ele havia mudado esses dias. Claro que havia. Tínhamos em volta de 9 ou 10 anos quando estudamos juntos, mas confesso que em essência ele continua o mesmo loirinho do cabelo enroladinho que gostava de cortar as pontas do meu cabelo quando eu me virava de costas.

—  Oliver você está muito diferente! Meu Deus. — exclamava, surpresa. 

Eu estava envergonhada, confesso. Nunca mais o tinha visto. E por que motivo Lucas o trouxe até aqui?

Seus cabelos louros e ondulados caiam um pouco no seu rosto, escondendo seus olhos cinzas meios azuis. 

—  Sim, você também mudou bastante —  ele diz, percebo que estava fitando os meus olhos.

—  Amor — interviu Lucas — o que a acha da gente jantar? Em casal? — Disparou?

Ou o Lucas é muito ruim em matemática ou ele está me escondendo alguma coisa.

—  Como assim em casal? — pergunto, confusa.

Mas não só havia eu e Lucas de casal?

—  Ah, é... Essa é a segunda surpresa.

De repente, Susana sai da porta traseira do carro, e eu quase choro de alegria, ela estava linda também, e seu cabelo havia crescido mais alguns centímetros.

—  Su! — grito. 

Susana estava com os olhinhos brilhando de felicidade, pude notar. Mas quando ela me abraça, uma lágrima corre nos meus olhos. Ela estava ali, Susana estava ali na minha frente. Me abraçando. Ela finalmente me perdoou, de verdade. Ela me olhava com amor. Minha melhor amiga está aí de novo.

—  Mari! Que saudade de você! — Afirmou. — Você me perdoa?

—  Eu não preciso perdoar você de nada, Susana. Mas você precisa me perdoar. —  Desabafei.

—  Não me peça desculpas por amar. Nunca, ok? —  Falou, olhando nos meus olhos. Eu sorri de canto. 

Não estava me desculpando por me apaixonar por Lucas, e sim por mentir para ela. Esse foi meu erro em tudo. Foi ter mentido. Foi ter julgado que ela não merecia saber, quando ela deveria ter sido a primeira. Mentir para ela foi uma das coisas mais difíceis que já fiz em toda minha vida, e eu nunca farei isso de novo. 

—  E então. Vocês são um casal agora? — eu pergunto, sorrindo. — Eu sabia que você estava namorando, mas não sabia que era o Oliver.

—  Não — Su responde —  quer dizer, eu não sei, talvez. A gente está se conhecendo, sabe? Mas acho que gosto dele, sim.

Eu a abracei novamente e nós duas começamos a rir.

—  Vamos, entrem no carro. —  Lucas pediu. — Ainda é 14h da tarde, e o restaurante só abre às 17h. Todos nós entramos no carro, e Lucas nos levou até o apartamento dele.

Claro que ele era lindo e bem espaçoso, que nem ele. O apartamento era projetado, com mais ou menos oitenta menos quadrados, a irmã dele fez toda decoração. Admito em questão de conforto, aconchego e beleza ele era muito melhor que o meu. Mas eu gostava do meu apartamento e não estava disposta a me mudar.

—  Está cheirosa —  me elogia Lucas, quando me dá um cheiro no cangote. Ele pode fazer isso mil vezes, as mil eu vou pensar que foi a primeira vez.

—  Obrigada —  retribuo com um beijo na sua boca.

Vou até a cozinha, e percebo alguém me seguindo, deduzo que era o Lucas então permaneço fazendo o que estava fazendo antes. Pego um copo d'água e me viro para trás, tomando um susto.

—  Oliver?!

—  Oi... —  Falou, encostado na parede. —  Sabe do que eu estava me lembrando? Dos nossos velhos tempos... Lembra?

Oliver era um cara legal, mas parecia querer se aproveitar demais dessa situação. Podia ser que eu estivesse exagerando, mas não era isso que parecia. Parecia que ele estava dando em cima de mim.

Que isso? Ele gosta da Susana, bobagem minha, eles são um casal perfeito, isso aí.

Eu não deveria dizer nada a Susana, certo? Ela iria dizer que eu sou uma vaca metida que acha que todos gostam de mim. E não é verdade? As vezes eu me acho mesmo o centro do universo, mas não é isso que eu penso, de verdade. Eu faço de tudo para não ser igual ao que as pessoas deduzem ao me ver pela primeira vez. Tento ser humilde para disfarçar a arrogância, e tenho ser gentil para disfarçar o mau humor.

Além do mais, eu não quero brigar com a Su, não de novo, ela não merece sofrer de novo. E se caso ela for sofrer por algum motivo, eu não quero estar atrelada ao motivo, e quero 

A única coisa que quero agora é que ambas sejam felizes com seus príncipes encantados. Susana é bonita, inteligente, rica, talentosa. As vezes ainda tento entender por que ela esta solteira. Mas eu aprendi que nem sempre namoro é algo bom. As vezes tem a função de melhorar tudo e as vezes é a ruína daquelas pessoas.

Respirei fundo pensando naquilo que falaria ao seguinte:

—  É verdade, Oliver. Mas acabou, nenhum de nós aqui é museu pra ficarmos mexendo no passado —  ok, eu não queria ter soado grossa, mas não me contive. — Eu acho que temos duas pessoas maravilhosas do nosso lado e temos que saber valorizar elas. Concorda?

—  Calma, ai Mariana. Eu só estava dizendo que era divertido. Nossa! —  ele fez uma cara um tanto estranha, e eu fiquei envergonhada por achar que Oliver deu em cima de mim, mas na mesma hora tive de volta a convicção, se eu tivesse continuado a conversa. seria um flerte.

—  Não me pareceu nada inocente, desculpa. — Respondi.

Ele deu os ombros. Por que ele está sorrindo? Será que ele não vê que isso é um problema? Ou pode se tornar? Ou será que eu estou sendo boba? Bobeira ou não, vou tentar evita-lo pelo resto do passeio. É melhor assim.


O melhor amigo da minha melhor amiga 2Onde histórias criam vida. Descubra agora