Capítulo 2

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Entro pelo saguão do prédio, janelas do chão ao teto traz uma iluminação ao local. Meu reflexo pode ser visto no chão, graças ao piso branco e brilhante. Mini árvores e vasos de plantas são distribuídos estrategicamente pelo local, dando um ar ambiental e ao mesmo tempo armonioso. Pessoas cruzam o saguão, cada um indo para seu destino.
Avisto um homem com um crachá escrito GUIA. Ele é alto e magro, tem um corte de cabelo moderno e está sempre sorrindo. Me aproximo e falo:

-Oi- digo sorrindo.

-Oi, meu nome é Vitor, posso ajudá-la?

-Claro, eu tenho uma entrevista de emprego na área de marketing, para onde eu vou?

-Você pega o elevador até o segundo andar. Ao sair, você já vai ver uma sala de espera com as outras candidatas a vaga.

-Ok, muito obrigada- agradeço.

-De nada, e boa sorte- diz sorrindo.

Entro no elevador com mais duas pessoas. Ele é todo espelhado, aperto o botão do segundo andar. O elevador para no primeiro andar. Uma mulher sai. Depois o elevador para no segundo andar e eu desço.
Vou a recepção e já observo algumas mulheres sentadas na sala de espera esperando sua vez para serem entrevistadas. Dou meu nome na recepção e assino minha presença. Me dirijo a sala de espera, sento e espero minha vez ser chamada. Uma música clássica, que não sei identificar, sai de uma pequena caixa de som localizada numa estante, ao lado de revitas para ler enquanto se espera. A cada momento imagino que perguntas iram fazer, e que respostas inteligentes terei que dar. Eu sei que não é qualquer um que consegue um emprego na maior empresa de designer de São Paulo. Porém eu tenho certeza que sou qualificada e capaz de conseguir. Desperto de meus pensamentos ao ser chamada.

-Mariana Hamilton.

Levanto, pego minhas coisas e sigo em direção à sala de entrevista.

-Bom dia- diz uma mulher, talvez entre 30 a 35 anos, usando blazer e saia formal, e para completar óculos de grau.

-Bom dia- respondo.

-Sente se- ela pede- Meu nome é Amanda Gomes.

-Muito prazer- digo.

Me sento, e percebo que minhas mãos tremem. Eu começo a repetir mentalmente: sem crise de ansiedade, sem crise de ansiedade, sem crise de...

-Você poderia me mostrar seu currículo e carteira de trabalho para mim olha-los- pede Amanda.

-Claro.

Abro minha pasta e retiro os documentos que ela pediu, entregando-os.

-Então senhorita Hamilton, vou fazer algumas perguntas, tudo bem?

-Tudo, você pode perguntar o necessário- respondo, querendo mostrar confiança.

Ela pega uma folha, e começa a anotar algumas informações minhas, até que ela pergunta.

-Está escrito no seu currículo, que você fala 4 línguas. Correto?

-Sim, eu falo inglês, espanhol, italiano e francês- respondo. Uma das vantagens de se ter pais ricos é o ensino. Eles sempre procuram do bom e do melhor. Graças a eles eu fiz um intercâmbio para a Inglaterra. E acabei conseguindo uma vaga na Universidade de Colombia, Nova York. Como eu disse, do bom e do melhor.

-Muito bom. E o que você poderia trazer de novo a empresa?

Pergunta inteligente, precisa de uma resposta inteligente. Pensa, você consegue.

-Bom- digo- Eu sempre me empenhei em fazer projetos criativos e enovadores, sempre busquei o que é mais acessível e visto pela população destinada ao projeto, e claro, cumpro com minhas metas e prazos de entrega.

Ela concorda com a cabeça, satisfeita com minha resposta. Isso, a parte difícil já passou. Ela faz mais algumas perguntas: onde eu estudei, por que eu escolhi marketing e outras. Até que ela faz uma pergunta que eu não esperava:

-Contém no seu currículo e carteira de trabalho, que você já trabalho na Madeireira Amell. Por que isso? Pelo que eu vejo, este seu antigo emprego não tem nada semelhante com a área de marketing.

Nossa, realmente, essa eu não esperava. A sincera e verdadeira resposta seria: A, porque é a empresa do meu pai!
E provavelmente ela se perguntaria: por que ela quer um emprego aqui, se tem um pai rico e uma empresa que um dia herdará. Ou pior, ela me contrataria pelo meu sobrenome. Então decido dizer:

-Naquele tempo eu estava tentando expandir meus horizontes, então me candidatei a uma vaga na Empresa Amell, e acabei sendo contratada. Porém, acabei não gostando daquele emprego, por causa que realmente a minha paixão é por marketing, por isso me demiti e vim procurar um emprego aqui.

-Ok, a vaga é sua- sorri de alegria. Tão fácil assim?- penso.

-Mas, no momento nós só vamos liberar a vaga se você concordar em negociá-la.

Meu sorriso some, dando lugar a uma expressão confusa.

-Como assim?- pergunto.

-A presidência das empresas Pratt's estava nas mãos de John Pratt. Mas ele decidiu se aposentar e "curtir a vida", e passou a presidência para seu filho Steve Pratt. E, com um mês na presidência, Steve demitiu a secretária pessoal dele. A minha proposta é a seguinte: Senhor Pratt precisa de uma secretária e você é bem qualificada. Essa vaga será sua se você aceitar ser designer/secretária dele por tempo indeterminado. Nesse período de tempo, se for solicitado, você terá que fazer viagens para acompanha-lo. Você não receberá nenhum projeto de designer, mas, como cada projeto de marketing, ele passará pelas suas mãos para ser aprovado, tanto como passa pelas mãos de todos os designers especializados naquilo.Essa é a proposta, você aceita?

Quê? Só pode ser brincadeira. Pensando bem, é o emprego que eu queria. Mas por que ele demitiu a outra secretária? Isso está me cheirando podre. Por que as coisas não podem ser simples?
Já tomei minha decisão:

-Eu Aceito!

-Ótimo, você começa semana que vem!

**************
Saio do prédio, em direção ao meu carro no estacionamento. Não consigo descrever o que estou sentindo. Alegria? Surpresa? Na verdade, está mais pra confusão.
Destravo o carro, entro, dou partida e começo a percorrer as ruas para ir pra cada. Enquanto dirijo, vou refletindo.
Qual será a opinião da Melani sobre essa proposta? Do jeito que ela é, é capaz de rir.
Amanda, a mulher que me entrevistou, disse que mandaria uma email com as instruções sobre meu trabalho.
Vai me dizer que para ser secretaria do Sr. Pratt, eu terei que seguir regras rigorosas?
O rádio do meu carro passa a tocar Summer, adoro essa música. Me empolgo e começo a cantar e dançar. Até que sinto meu carro de chocar com algo pela frente. Aí Meu Deus!!! Eu atropelei alguém? Hoje não é meu dia de sorte.
Saio do carro as pressas. Um homem está sentado no chão a frente do meu carro, com as mãos na cabeça, percebo a cara de dor que ele faz.

-Moço você tá bem?- pergunto.

Ele vira o rosto e me olha. Entro em choque. Cara! Como ele é lindo. Retiro o que disse antes, hoje é meu dia de sorte.

-Eu pareço bem?- ele pergunta com arrogância, também não é pra menos.

-Sinceramente, acho que não- respondo irônica.

Ele me olha com raiva e tenta se levantar. Porém sente tontura e se apóia no carro.

-Vem, eu vou te levar num hospital- digo, indo ajudá-lo.

-Não precisa- ele diz, e eu paro.

-Claro que precisa, vamos, senão eu vou ficar com a consciência pesada.

Ele parece pensar nos prós e contras, até que concorda. Dou um passo a frente para auxiliá-lo a entrar no carro, mas ele dispensa, entrando sozinho. Vejo que a pasta dele ainda está no chão do asfalto e pego. Entro no carro e entrego a ele. Dirijo em direção ao hospital.

-Então- digo, tentando terminar com o silêncio incômodo- Qual é seu nome?

-É Má...- ele para de falar, olho para ele e: Nossa ele desmaiou! Não, agora não!

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⏰ Última atualização: Oct 28, 2015 ⏰

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