Capítulo 14

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Mogwai - Burn Girl Prom Queen ♫ (colocar a música no início do capítulo, super recomendado) 


POV Lauren

A noite estava se aproximando rapidamente, e Camila ligou os faróis do carro. Eu, finalmente, consegui encontrar uma posição razoavelmente confortável e caí no sono, com minha cabeça encostada nas costas do assento do motorista e minhas pernas em direção à traseira do carro. Repentinamente, acordei com um grito de "Socorro!" enquanto o carro desacelerava rapidamente e fazia uma curva forte à esquerda. Levantei-me bem a tempo de sentir o impacto me arremessar contra o encosto do banco de Camila. Como minha cabeça havia deslizado do encosto do banco em direção à porta do motorista, olhei para o espelho retrovisor preso a porta e consegui enxergar faróis se aproximando rapidamente de nós, ficando cada vez maiores, até encherem completamente o espelho em uma fração de segundos.

Minha esposa deu um grito horripilante.

Depois de sermos atingidas, não me lembro de ouvir nada, nem de sentir qualquer dor imediata, mas me lembro de todas as sensações de movimento que aconteceram desde o momento do impacto até nosso carro finalmente parar. Minha cabeça foi jogada para trás.

Depois, rolei para o outro lado do carro e senti que minhas constelas bateram no banco. A seguir, tive uma experiência momentânea de estar flutuando, rolando e girando em câmera lenta, como em uma cena de sonho em um filme. Finalmente, senti um formigamento estranho nas costas. Foi aí que tudo parou.

Eu estava atordoada demais para dizer qualquer coisa durante alguns segundos, enquanto meu cérebro começava a clarear as ideias, lembrei-me de como é importante o uso do cinto de segurança. Quando consegui raciocinar novamente, não pensei sobre a possibilidade de que podia estar ferida. Não conseguia sentir nada. A única coisa em que conseguia pensar foi na minha esposa.

- Camila! – gritei. Em resposta, apenas o silêncio. – Camilaaaaa!

Eu sabia que ainda podia ouvir, pois reconheci o som do motor do carro funcionando. Mas a mulher que era minha esposa há dois meses não me respondia. Levei alguns segundos para olhar para meu redor e descobrir onde estava. Depois de um momento, percebi que o carro estava de cabeça para baixo e eu, deitada no teto, pelo lado de dentro. O teto solar havia estilhaçado quando o carro deslizou no asfalto.

Mas uma vez, chamei por minha esposa aos gritos e, conforme o som da minha voz se perdeu na distância, senti algo molhado no meu rosto. Depois de tudo que havia acontecido, imaginei que provavelmente estava com alguns cortes e sangrando. Tentei levar a mão até o rosto para tatear os ferimentos. Vi minha mão mover-se lentamente em direção ao rosto, como se estivesse em meio a um sonho, ou como se fosse à mão de alguma outra pessoa. Conforme ela chegou mais perto, uma mancha vermelha apareceu, e depois outra. A mão em si, não parecia estar ferida, então imaginei que o sangue, de algum modo, estava vindo de algum corte na minha cabeça.

Tentei fazer com que as manchas parassem de surgir mantendo a mão longe do rosto, mas elas continuaram a brotar. O sangue escorreu pelo meu braço e começou a pingar sobre o teto solar quebrado. Eu finalmente olhei para cima. Enxergar tudo de cabeça para baixo foi uma sensação estranha para mim: os encostos dos assentos apontando para baixo, na minha direção, e as janelas em lugares diferentes de onde deviam estar.

Minha mente, ainda atordoada pelo acidente, finalmente compreendeu que o sangue que escorria não era meu. Acima de mim, minha esposa estava suspensa de cabeça para baixo, presa entre os quebrados, e bancos do carro. Seus braços pendiam para baixo. Seus olhos estavam fechados. Ela não se movia. Nós estávamos a pouco mais de meio metro de distância, mas não conseguia alcançá-la. Como já havia escurecido, não conseguia vê-la claramente para identificar que tipo de ferimentos ela poderia ter. De repente, percebi que ela poderia até mesmo estar morta.

All Over Again (Camren) Onde histórias criam vida. Descubra agora