Sentiu os sentidos voltarem aos poucos e, quando abriu os olhos, notou que não estava mais na sala, estava em um quarto. No seu antigo quarto. Apalpou o colchão macio e olhou em volta, notando que tudo continuava na mais perfeita ordem desde que ela saíra de casa. Sentindo os ouvidos zunirem, ela viu os pais conversarem, mas sem entender sobre quem falavam.
– Você já o avisou? – ela ouviu Hermione sussurrar.
– Já, Hermione. – Ron respondeu de má vontade. – Ainda acho que é melhor levá-la ao médico. – Ele sugeriu. – Sabe, só pra termos certeza de que ela está bem.
– Não há necessidade Ron. – Ela ouviu a voz de sua mãe mais uma vez. – Acho que nós dois já sabemos o que ela tem.
Rose apertou os olhos tentando se lembrar do que havia acontecido e, quando lembrou, sentiu-se levemente culpada. Ela havia brigado com Scorpius e desmaiado na casa dos pais, tudo por sua grande e estúpida falta de coragem.
– Ela não pode estar grávida! – Ela ouviu a voz esganiçada do pai e sorriu involuntariamente. – É a minha garotinha!
– Por favor, Ron, ela é uma mulher casada. – Hermione tentou explicar. – Você já devia saber que, mais cedo ou mais tarde, isso iria acontecer.
E então todo o baque de sua descoberta, há pouco mais de uma semana, voltou com força total, fazendo com que ela sentisse o pânico e o medo tomando conta dela. E mais uma vez, sem permissão alguma, as lágrimas começaram a escorrer e ela se viu chorando. Ter um filho, com toda a certeza era uma benção, ela sabia disso. Mas estava com medo. E se ela inchasse feito um balão, e Scorpius não a quisesse mais? Ou pior, e se ela não fosse uma boa mãe?
Rose não saberia dizer quando os soluços vieram, apenas soube que chorava ruidosamente quando viu sua mãe andando em sua direção e a abraçando, fazendo com que ela se sentisse melhor aos poucos.
Enquanto acariciava as costas da filha e tentava acalmar seu choro, Hermione sentiu algo dentro do peito inflar, como se o sentimento de dever cumprido estivesse tomando conta dela. Assim que os soluços de Rose cessaram, Hermione se afastou da filha e segurou as mãos dela, enquanto a encarava com um sorriso imenso nos lábios.
Rose desviou o olhar, tentando não sorrir. O simples fato de estar com a mãe tornava tudo mais fácil, parecia que seu coração acalmava. Por cima dos ombros da mãe, ela observou o pai, que a encarava com os olhos marejados. Ela sabia que Ron Weasley demoraria um pouco para se acostumar com a idéia, mas ele estava feliz, podia ver em seus olhos. Vendo que era observado, Ron fingiu um olhar zangado e o mandou em direção da filha, que apenas encolheu os ombros e, com um sorriso maroto sussurrou.
– Desculpe papai, mas acho que a sua garotinha cresceu.
E Ron Weasley não escondeu mais as lágrimas, correndo para abraçá-la, ao mesmo tempo em que Hermione acariciava seus cabelos, como se dissesse que tudo ficaria bem. Ficaram ali alguns minutos, apenas se abraçando. E Rose se sentiu potencialmente mais calma.
– Querida, então me conte! Você está realmente grávida? – Ela ouviu a voz eufórica da mãe.
Ela sorriu ao ver o entusiasmo no rosto dos pais e olhou para baixo, notando pela primeira vez que estava de pijamas. Com o mesmo pijama cor de rosa que usou até os dezessete anos. Encarou a mãe em um misto de respeito e admiração. Se ela fosse metade da mãe que Hermione Weasley era, Rose se daria por satisfeita.
Notando que os pais ainda esperavam pela sua confirmação, completamente afoitos, Rose levantou a blusa suavemente e pousou a mão direita sobre o ventre, o acariciando pela primeira vez desde a descoberta. E aquele simples gesto, fez com ela sentisse uma série de arrepios pelo corpo, como se pequenas descargas elétricas fossem descarregadas sobre elas. Era uma sensação tão estranha, mas ao mesmo tempo tão maravilhosa, que fazia Rose rir sozinha, imaginando o quão incrível era saber que havia um bebê crescendo dentro dela.
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Mother
FanfictionRose Weasley Malfoy estava completamente apavorada, enquanto seus pensamentos surgiam em cascata, como se tentassem a enlouquecer. E suas dúvidas, apesar de serem muitas, sempre voltavam para um mesmo questionamento: Será que ela seria uma boa mãe...