Porque você ficou? [CORRIGIDA-COMPLETA]

Capitulo 3 [EDITADO]

Capítulo 3

   A enfermeira abriu a porta avisando que Allan estava ali fora e eu autorizei que ele entrasse, o mesmo entrou e puxou um banco que tinha no canto da sala até perto da minha cama com graciosidade e se sentou deixando a caixa de seu violino ao seu lado.
   Adorava tudo o que Allan fazia, era sempre bonito mesmo a coisa mais simples como puxar um banco. Totalmente diferente de mim, desleixada, desastrada e um pouco exagerada, mas só às vezes.
   Tinham se passado quatro meses depois do meu acidente e todos os dias Allan vinha me visitar, mesmo em prova de faculdade, seja o que for. Ele sempre vem. Eu nunca entendi o porquê, claro, eu era sua namorada mas estava internada à meses, não podíamos sair nem fazer nada, deveria ser horrível para ele. Quando pergunto isso, todo dia quase, ele sempre responde a mesma coisa: "Porque eu quero. " Ele sorri e coloca a mão na minha cabeça despenteado meus cachos e me fazendo rir, coisa que ele faz questão de fazer frequentemente.
   Allan me entregou o buquê de flores que trazia, damas-da-noite, minhas flores preferidas.

-Não entendo porque você gosta de damas da noite, não é nada romântico eu chegar no hospital com um buquê de mudas de rosas para minha namorada e não um enorme e vermelho, ou amarelo, ou champanhe.

-Gosto delas, me lembram que eu só vivo uma vez. Elas abrem à meia-noite e morrem de manhã, me fazem pensar no que aconteceu comigo; acordei de manhã e à noite... bum, estava numa cama de hospital.

   Ri fraco de meu próprio comentário colocando as flores num jarro ao lado da cama, que minha enfermeira trocava toda semana visto que Allan sempre me trazia novos buquês. Ele me olhou sério e eu sentei na cama de frente para ele balançando minhas pernas infantilmente na sua frente.

-Você vai sair desse hospital Maia e eu vou estar esperando aqui todo dia e vou comprar um enorme buquê de damas-da-noite e vamos ver elas desabrocharem à meia-noite, depois vamos nos deitar na cama e dormir abraçados porque esse vai ser nosso final feliz.

   Ele sorriu colocando uma mecha do meu cabelo pra trás, que agora estava curto. Quando acordei no hospital eu tinha passado quase uma semana em coma, rasparam meu cabelo porque tiveram que costurar minha cabeça, minha perna e meu braço esquerdos agora são feito de metal e parafusos ao invés de ossos inteiroa, disseram que foi um milagre eu ainda estar viva já que, fora isso, uma placa de metal do brinquedo atravessou por minha cintura, deixando uma enorme cicatriz, fora a da cabeça. Depois de quatro meses eu estava bem melhor mas ainda estava no hospital por causa do funcionamento de alguns órgão que podiam estar falhando por causa da placa, mas agora nada tão grave assim.

-Allan, po...

-Porque eu quero Maia, você me pergunta isso todos os dias. Você se incomoda tanto comigo? É difícil aceitar que eu estou do seu lado?

   Ele perguntou segurando meus ombros, agora de pé com os olhos fixos nos meus. Sentia que estava triste comigo.

-Não e na verdade é sim.

   Disse desviando meus olhos.

-Sabe, meus pais estão em outro país no momento, não tem dinheiro para me visitarem e só podem contar com suas orações por mim. Não consigo imaginar como foram suas reações ao saberem que estava num estado crítico, a ponto de morrer, não consigo imaginar a dor que sentiram ao ouvirem que têm a possibilidade de perderam outra filha. Não tenho ninguém que se importe comigo verdadeiramente por perto, tenho Kat e May mas elas não passariam a vida sofrendo por minha causa como meus pais ou como sofro por minha irmã até hoje. E tenho você. Tenho você que vem todos os dias me visitar e todas as semanas me traz minhas flores preferidas sem nenhum motivo e diz coisas que me fazem esquecer que estou num maldito hospital e me fazia esquecer que estava a beira da morte, faz coisas que me fazem sentir estranha e não sei o que fazer ou pensar quando está tão perto. Sim é difícil aceitar que tem alguém que faz isso tudo sem nada em troca e continua fazendo "por que quer ".