Capítulo 2
Tinha se passado quase um ano, Allan e eu começamos a namorar. Todo final de semana eu passava na sala de música para tocar violão e sempre acabava ouvindo ele tocar, eu tentava ser discreta, fingia que estava fazendo alguma coisa mas, mesmo de olhos fechados, ele sabia que era eu ali e que estava lhe ouvindo tocar. Ele também ia todo final de semana no café para me ver.
Com o tempo aprendi a usar saia, uma vez disse a ele e ele riu, às vezes o moreno ia com alguns amigos, às vezes sozinho, depois começou me dar carona e nós éramos bem parecidos, mesmos com gostos diferentes, tivemos um passado meio turbulento, fomos deixados por pessoas, e sofremos um pouco quando chegamos aqui, porque ele também veio para Califórnia pra estudar na faculdade. Partilhávamos de uma mesma dor praticamente, isso me deixou feliz, em alguns meses começamos a namorar e agora estamos completando sete meses de namoro.
Sempre disse que não precisávamos comemorar todo mês mas ele sempre faz questão, Allan é um garoto muito romântico na verdade, diferente de mim.
Mas o que mais me surpreendeu nesse ano foi Kat que bem... começou a namorar May. Eu fiquei realmente em choque, principalmente pelo fato de Kat ter iniciado tudo, e em público, juro que se não fosse Allan me avisando eu não ia fechar minha boca. Ela, eu, May e Allan estávamos no refeitório e a ruiva reclamava com Kat o quanto ela estava estranha toda vez que falava com ela, a menor reclamou tanto que Kat se levantou a puxando junto e a beijou. Na frente de todo mundo. As exclamações, murmúrios, palmas e vaias, tudo ao mesmo tempo e a menor estava com um sorriso bobo no rosto e ainda de olhos fechados. Não pude deixar de rir baixinho, só Allan me ouviu, depois disso elas saíram do refeitório e, posso eu dizer, que elas tiveram uma noite boa. Allan não pareceu tão chocado quanto eu fiquei.
Agora eu estou aqui, me arrumando para o meu sétimo aniversário de namoro, ele sempre me levava a um lugar diferente, nós fazíamos coisas diferentes da maioria dos encontros e eu gostava disso, da última vez ele montou um cinema improvisado no campo de futebol da facul, foi bem legal eu o ajudei a montar tudo mesmo vindo várias reclamações que isso deveria ser uma surpresa e eu acabara de estragar. Não podia deixar de rir.
Nós botamos um pano branco na grade e um projetor no chão, umas almofadas na grama, e pipoca, ficamos ali deitados vendo o filme que Allan escolheu, foi, na verdade, um curta-metragem sem som algum e que foi muito engraçado e depois ficamos deitados na grama olhando as estrelas.
Ele fazia isso às vezes, uma coisa que me fazia rir e uma coisa romântica, sabe exatamente como agradar nós dois, prezo muito isso. Eu gosto muito dele, nunca disse que o amo e ele também não, mesmo eu podendo sentir isso ele sabe que eu não saberia como reagir a isso, outra coisa que gosto nele, respeita meus sentimentos mesmo que isso o incomode afinal, se você gosta de alguém espera que essa pessoa demonstre tanto quanto você e ele sabe que eu não conseguiria fazer o mesmo tanto quanto ele.
Enfim, parei de listar tudo o que ele tem de perfeito, foco na minha roupa, o que eu não tenho muita dificuldade. Normalmente ele quem se atrasa por isso. Peguei uma calça preta, uma camiseta amarela com um cropped da mesma cor só que com o tecido transparente e uma bota preta de cano curto, desenrolei meu cabelo da toalha e pronto. Passei lápis e rímel e saí do quarto. Cheguei na porta da facul e lá estava ele me esperando, calça jeans, uma blusa braca com uma jaqueta preta por cima e o inseparável chapéu preto que eu tinha lhe dado em um dos nossos aniversários, não era boa com presentes, ele tinha me dado uma pulseira de prata com minha inicial gravada e do lado uma estrela ligada a letra de caligrafia excepcional. Seus cabelo cacheado ficava legal com o chapéu, sabia que não era o estilo dele mas comprei só pra ficar engraçado e, na verdade, acabou ficando lindo e ele usa todos os dias agora.
Perto dele estavam May e Kat, elas faziam aniversário de namoro na mesma semana do nosso e dessa vez resolvemos comemorar juntos já que Allan parou de tentar me surpreender, até porque nunca funcionava.
May estava linda, usava um vestido verde água justo em cima e largo da cintura para baixo, deixara o cabelo solto deixando seus cachos ruivos caírem até o peito e tinha um arco dourado na cabeça combinado com sua sapatilha. Kat usava uma calça vermelha colada no corpo, uma camiseta branca solta até o umbigo acompanhando a blusa xadrez azul e branca dela e um vans preto. O incrível é que May conseguiu fazer Cat usar calças nos encontros e não aqueles shorts minúsculos, como ela diz.
Nós entramos no carro de Allan e fomos pro fliperama, sim um fliperama, o único da cidade, eu amo coisas mais antigas, esse é o único lugar onde os jogos ainda são de fichas e existem aquelas máquinas de luta que os gráficos são uma droga e os brindes por tickets são impossíveis de ganhar, eu amo esses lugares. Passamos uns vinte minutos no carro, era meio longe, ficamos o tempo todo cantando e nem viemos o tempo passar. Chegamos ao flipper e pedimos 10 fichas pra cada. Eu e Allan fomos pras máquinas de jogos e Cat e May pras de luta.
Fui jogar Space Invaders, Allan ria me vendo jogar, eu era muito ruim, mas gostava mesmo assim. Depois que eu perdi umas três vezes ele jogou, zerou o jogo em dez minutos. Ele começou a rir e eu mostrei a língua cruzando os braços, ganhei 35 tickets e ele ganhou 250.
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Porque você ficou? [CORRIGIDA-COMPLETA]
RomanceEu lembro, eu estava no hospital,não falava direito, apenas algumas palavras, eu não podia te beijar, te abraçar, eu não podia mais caminhar com você pela praia. Eu só podia te olhar com lágrimas nos olhos, rolando quentes pelo meu rosto, marcando s...