Elastic Heart

Direto

Se me perguntassem se eu sentia remorso de estar indo atrás do namorado do meu amigo, eu obviamente diria que sim, mas esse remorso não me impedia. Era como se dois Mason's ficassem discutindo ao mesmo tempo no pé do meu ouvido:
"Vai Mason, ele é muito bonito, olha aquela bunda deliciosa"
"Não Mason, isso é baixo até para você, Cody é seu amigo"
No final o Mason do mau venceu, e eu cedi aos desejos da carne. Eu sabia que o garoto tinha uma atração por mim, nas poucas vezes em que o vi pude perceber a forma que ele ficava tenso quando estava perto de mim, era isso ou então ele me achava fedorento demais.
O fato era que eu não valia muita coisa e devia ser por isso que mais uma vez eu estava no estabelecimento de trabalho da minha mais nova obsessão, ele já tinha me ignorado e eu tinha medo de chama-lo e ele vir a me queimar com café fumegando de tão quente. Ele não fazia o estilo garoto fraquinho e indefeso, parecia ser totalmente esquentado e resolvido e o meu instinto me gritava que ele sabia usar as mãos para socar rostos de rapazes atrevidos.
Meu estomago roncou de fome e eu não resisti a chamar um atendente e por algum motivo aleatório do destino, quem veio foi Dylan, para a tristeza das antis.
-O que você deseja? -Falou friamente, evitando me olhar diretamente.
-Você quer saber mesmo? -Eu já tinha visto esse filme e não tinha terminado muito bem da última vez.
Ele olhou para os lados e se sentou na cadeira da frente.
-Olha, eu sei, você faz o estilo cafajeste sem escrúpulos, eu não ligo se você quer ficar fazendo esse joguinho galante achando que vai funcionar. -Ele suspirou e em seguida continuou. -Mas eu estou no meu emprego, e trato isso como algo sério, e se você não tem respeito pelo seu amigo e nem por mim, tenha pelo menos com as outras pessoas que veem com um real interesse nos serviços oferecidos.
Dito isso, Dylan se levantou e saiu andando, como se minha presença tivesse a mesma importância a de uma formiga roubando açúcar.
Eu estava chocado, estava com vergonha, ele jogou verdades na minha cara (que mais pareciam socos). Era oficial, alguém tinha me feito ver que a vida não era sempre como eu queria.
Dylan me fez sair de lá com o rabo entre as pernas e isso me fez desejar mais aquele garoto e toda aquela postura desafiadora que ele tinha mostrado no Starbucks.

Dylan

Eu estava estressado, Cody e Colton conseguiram me tirar do sério o dia todo, Cody e Colton, parecia até nome de dupla sertaneja e para piorar tinha o Mason me seguindo pela rua.
Se ele achava que eu não via ele? Provavelmente. Pena que ele era tão sutil quanto um caminhão de carga pesada. Eu via ele andando, se escorando pelas paredes e isso já estava me cansando.
-O que você quer de mim? -Eu gritei para ele que se assustou quando o peguei em flagrante.
Ele lançou aquele sorriso cínico, que parecia até inabalável, mas dava pra perceber que ele estava nervoso.
-Pedir desculpa, eu sei que fui um pouco rude, mas queria me redimir.
Rude? Eu não diria rude, ele tinha sido um escroto isso sim, mas eu não falei essas palavras, optei por ser o mais frio possível.
-Tudo bem, você pode se redimir ficando longe. -Disse.
Quando eu dei as costas novamente para ir embora, ele segurou meu pulso me impedindo de partir. Eu não sei porque, mas meu coração disparou e meu corpo esquentou. Ele tinha a mão pesada e quente de uma forma boa.
-Eu queria fazer uma coisa antes que você fosse embora.
-O que...
Ele não me deixou terminar, apenas me virou de frente para ele e me beijou. Eu mentiria se dissesse que correspondi, mas no momento em que a gente se beijava, eu lembrei de Cody.
Empurrei Mason e sai de lá, completamente atordoado.

Brett
Eu odiava ser ignorado, e Michael sabia disso e mesmo assim ele ousava a me ignorar. No início eu achava que era pura birra, mas agora estou começando a ficar preocupado de verdade. Eu liguei, mandei mensagens, persegui ele pelas ruas dentro de um carro, mas ele continuava me ignorando deliberadamente. Então eu tinha que apelar de alguma forma, provavelmente seria a coisa mais vergonhosa que eu faria na vida, mas estava disposto a arriscar.
Eu não podia levar flores, Michael odiava flores, odiava recebe-las e eu sabia disso porque um garoto já havia lhe dado e ele queimou o buquê.
Ele era bastante emocional, e isso me afetava de diversas formas.
Todo meu plano já estava completo, tinha colocado a caixa de som dentro do refeitório da universidade. As pessoas me olhavam de uma forma estranha, eu também não podia reclamar, estava dentro de uma fantasia de Digimon, eu sabia que ele amava esse desenho quando mais novo.
Ao longe pude ver ele caminhando na direção do refeitório, acompanhado de um rapaz que eu nunca vi na vida (ele não devia falar com estranhos, não autorizei) eles sorriam e cochichavam, fiquei com ódio, mas me controlei, nada poderia dar errado hoje e nem iria.
Foi como se as coisas estivessem em câmera lenta.
Eu fui andando na direção dele e ele paralisou quando me viu, todo mundo ficou em estado de choque, mas o Mike, ele estava roxo, ele sabia que o grande urso estava indo na sua direção e a julgar pela sua cara, ele não aparentava estar muito contente com isso.
Por algum motivo Need You Now do Lady Antebellum começou a tocar, sendo que a música que eu tinha colocado era Come With Me do EchoSmith.
-Eu sei que isso é estranho, e você está bastante atônito por me ver aqui e fazendo isso. -A julgar pela cara dele e a boca escancarada, ele devia estar em choque. -Sim, eu sei que sou um babaca as vezes, e que faço algumas merdas, mas eu só queria que você voltasse a falar comigo. -Pedi tirando a cabeça da fantasia.
Michael estava vermelho, ele não sabia o que dizer, era obvio.
As pessoas ao redor olhavam encantadas com a cena de dois amigos se reconciliando.
-Por favor Michael, volta a falar comigo. -Pedi mais uma vez e em seguida as pessoas começaram a falar e repetir o que as outras diziam como se fossem malditos papagaios.
-É Michael voltar a falar com ele.
"É Michael voltar a falar com ele."
"É Michael voltar a falar com ele."
Ele se aproximou de mim e socou meu peitoral, doeu, apesar de possuir mãos pequenas ele era forte.
-Você é um idiota, podia ter feito esse showzinho em um lugar com menos pessoas.
Eu abaixei a cabeça e o fitei. Estávamos próximos, muito próximos. Por algum motivo que desconheço, as pessoas começaram a gritar em coro "Beija, beija".
E eu o beijei, e foi melhor que a primeira vez, foi como se incendiasse meu corpo e refrescasse a minha mente para tudo que eu sentia por ele.