Tu foste a manhã de um dia
Que nunca chegou a amanhecer.
Eu fui uma noite escura e fria
Que teve uma ingénua fantasia
Onde tu não me vias escurecer.
Tu sonhaste uma suave sinfonia
Em que me escutaste alvorecer.
Eu sonhei que afinal distinguia
Se eu não vivia ou nunca te via,
Se havia de nascer ou morrer.
Tu inventaste uma clara alegria
Que fez a minha sombra tremer.
Eu inventei uma afogada agonia
Que manifestava o que eu sentia,
Mas que nunca soubeste entender.
Tu apagaste o sol daquele dia
Porque me querias ver florescer.
Eu apaguei a paixão que me ardia
Porque a tua luz tem a harmonia
Que a Vida nunca poderá perder.