Prólogo.

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24 de outubro 2010 Califórnia- 23:48

Olá, me chamo Emilly Johnson e hoje completo 15 anos de existência... E era para estar feliz? É o que as pessoas normais fazem não é? Ganham presentes, festas debutantes, elogios, puxões de bochecha. Eu gostaria de ter isso também... Mas eu não sou uma pessoa normal. Não ganhei puxões de bochecha, elogios e nem uma festa surpresa, meu presente foi diferente. Mais brigas... Meus pais são recordistas na modalidade de brigar e descontar em mim. O casamento deles nunca foi muito bom, mas recentemente as coisas pioraram e eu já não aguentava mais tudo isso. Mas recentemente descobri uma técnica onde eles não descontam sua raiva em mim, e eu não fico chorando a noite toda ouvindo seus gritos no meu quarto. Eu fujo. Preparo uma mochila com um livro, algo para comer e beber, uma blusa de frio, pulo a janela do meu quarto e vou em uma esquina longe o suficiente onde eu não consiga ouvir seus gritos.

Hoje não foi diferente, pulei a janela e em alguns minutos ja estava na minha grande amiga esquina, peguei meu livro na bolsa e comecei a ler sentada na calçada, até que gritos me deixaram atenta. Olhei para o lado onde o grito havia vindo, e notei que vinha de uma espécie de casa de festa que tinha no final da esquina, havia um homem e uma garota lá. Ela gritava desesperadamente mas essa rua é pouco movimentada e deserta. Não entendi o que estava acontecendo mas decidi dar um jeito naquilo quando vi que o homem começava a agredi-la, peguei um pedaço de madeira que tinha de uma cerca quebrada perto de mim e corri ate eles sem fazer barulho, o homem estava de costas então foi bem mais fácil de acerta-lo na cabeça fazendo o cair no chão. Sussurrei um "desculpa" mais percebi que foi em vão já que o homem estava desmaiado.

- Oh meu Deus! - disse a garota com aparência de uns 17 anos, totalmente em choque.

- Você está bem? - perguntei preocupada.
Ela apenas assentiu com a cabeça olhando fixo para um ponto enquanto algumas lágrimas escorriam de seus olhos, aquilo cortou o meu coração. Tirei minha blusa e coloquei sobre seus ombros.

- Onde você mora? Posso pedir para um motorista de aplicativo te levar até sua casa.

Ela apenas apontou para porta da casa de festas estranhas, abaixei a cabeça e sai a guiando até minha casa, entendendo o que ela quis dizer.

24/10/2016 Califórnia- 21:37

Hojê faz seis anos que meus pais se separaram e que eu ganhei uma nova irmã. Foi uma separação complicada porém necessário, eles formam uma boa dupla, são pais incríveis mas péssimos como casal. E sim, nós adotamos a garota da casa de festas estranhas, foi uma longa batalha na justiça mas não há dúvidas de que ela estaria bem melhor conosco, com uma família que a ama do que a sua biológica que a obrigava a trabalhar com seu próprio corpo para pagar as contas. Ah! e claro, hoje faço 21 anos!

E para comemorar essa data eu e minha irmã Jessie vamos à uma boate, é a primeira vez que vou a uma boate! Confesso que o frio na barriga não me deixa em paz.

- Vai Emy!- Jessie continuava a insistir.

- Não! Olha o tamanho disso! Não mesmo!- retrucava decidida a não usar aquele fiapo de pano que ela chamava de vestido.

- Por favor! Tenho certeza que vai ficar perfeito em você. - Que garota chata!.

- Não Jess, escolhe outro, esse eu não vou usar.

- Mais eu quero que você use esse! - cruzou os braços e bateu o pé no chão.

- Esse vestido não tem nada a ver comigo, esse branco que enscolhi fica muito melhor!

-Emy você vai para uma balada e não em um culto! Por favorzinho...

- Não porra! - estourei- você sabe que eu não gosto dessas coisas de vadia! Esse é o seu estilo não o meu!.

Sua boca formou um perfeito O, suas mãos se espremiam e seus olhos se encheram de lágrimas. Droga! Não deu tempo nem de pedir desculpas, Jessie saiu correndo pelas escadas como um furacão.

- Jessie espera! - fui ignorada- me desculpa não queria te magoar. - continuei a seguindo até a sala.

- Jessie eu sei que peguei pesado. - ela ja atravessava a porta. - Jessie poxa! Me descul...

Pow!

De em pé em frente ao portão de casa, fui parar na esquina da rua.

- Emy! - ouvi uma voz de longe me gritar e os pés de Jessie apressados em minha direção foram as últimas coisas que eu vi antes de tudo escurecer pra sempre.

Um Suposto AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora