A Menina da Floresta

E agora?

- Oh, minha rainha, eu sinto tanto. Me desculpe eu nunca...
- Cale a boca - Interrompeu a rainha. Sua irmã acabara de atrapalha-la - Sabe que não gosto que entrem aqui no aniversário de minha filha perdida. Mesmo sendo você.
- Eu sinto muito, muito mesmo. Achei que talvez quisesse algo.
- Não eu não quero. Sisco já foi embora e não me trousse mais notícias sobre minha filha.

A rainha já estava ficando perturbada. Nem sabia ao certo se aquela era realmente sua filha. Foi um tiro em falso e só saberia se ela conseguisse passar por todos os testes e lembrasse de algo.
Sisco já havia dito que Alex deveria descobrir seu destido sozinha. Mas era difícil. Saber que sua filha estava a poucos quilômetros de distância e não poder ir vê-la.
Morfeu estava com ela, mas algo a preocupava. Sua filha era algo que nem mesmo ela sabia, mas ela tinha muito poder e se descobrisse isso poderia fazer o que quisesse com o poderoso Morfeu.
Morfeu era um intraterreno muito esperto, mas sua filha conseguiria ver seus mais escondidos pensamentos. Ela era forte, poderosa e infelizmente amaldiçoada.
- Ally, eu sei que não gosta que eu entre aqui no aniversário de sua filha. Mas você precisava saber que ela sofreu um acidente com o lago.
- Alex sofreu um acidente? - seu peito doeu de tal forma que Ally pensou que iria cair ali mesmo. E foi o que aconteceu. Ally, no exato momento desmaiou.

* * *

Alex estava em seu quarto na casa de Morfeu. Ainda conseguia sentir o gosto salgado de suas lágrimas.
Depois de Morfeu dizer-lhe que era a princesa perdida ela parou e não sentiu mais seu corpo. Ouviu poucas coisas depois disso. Mas conseguiu ouvir algo importante.
Ela estava na data de exatamente 26/12/2015, era o aniversário da "princesa perdida". O aniversário de 16 anos. Por isso percebeu que algo estava diferente, ela havia mudado. Sua estatura estava diferente. Talvez no momento em que passou para Ladyland tenha voltado a ser a princesa e mudou para como se tivesse realmente 16 anos.
Depois que conseguiu os movimentos do próprio corpo e voltou a entender o que acabara de descobrir saiu correndo e chorando. Deixou os gritos abafados de Morfeu para trás e se trancou. Continuou chorando até sua cabeça começar a latejar.

- Alex, abra para mim. Me deixe entrar. Me deixe vê-la. - Era Morfeu, a tirando do devaneio.
- Vá embora, me deixe em paz.
- Alex, por favor. Quero ver você. Quero saber se está bem, quero te ajudar. Eu me importo, não me aguento de preocupação, sinto a necessidade de estar ao seu lado... - Então ele parou.
- Isso é sério? - Alex já estava na frente da porta - Está falando sério? Sem mentiras?
- Sim. Sem mentiras. Somente me deixe entrar, te ver.

Alex abriu a porta

- Pronto. Se era uma garota descabelada, com o rímel borrado, os olhos vermelhos e enchados, e de pijama que você queria ver - ela deu um tempo para ver se algo faltava. Percebeu que não - ela está bem aqui.
- Sabe, eu estava morrendo de vontade de ver uma garota assim hoje - os cantos de sua boca subiram. Suas pupilas estava dilatadas, seu rosto aliviado. Estava com a mesma roupa de antes e foi adentrando seu quarto sem pedir permissão - não importa o que você diga, eu vou continuar aqui e vou continuar entrando.

Alex não disse nada. Não conseguiu dizer nada. Algo nos olhos de Morfeu não deixaram que ela falasse algo. Pensou em muitas coisas para falar mais nada a convenceu.
Depois de muito pensar, apenas correu e o abrassou com toda a força que tinha em seu corpo inteiro. Sentiu cada parte de seu corpo se apertando ao corpo de Morfeu.
Não teve coragem de olhar para seu rosto e agradeceu a Deus por ser 10 centímetros mais baixa que ele.
Depois de alguns segundos, ele devolveu o abraço. Devolveu com tanta força que Alex ficou com medo de entrar dentro de Morfeu, porém (para a felicidade de ambos) isso não aconteceu.

- Alex, você... - ele não pode terminar.
- Morfeu, eu não estou bem. Pode ficar aqui em meu quarto essa noite? - ela hesitou. Sabia que isso tinha soado super estranho. - estou com medo.
- E poderia não estar? E eu ficaria aqui mesmo que você não quisesse.
- Ah, é mesmo?
- Ah, é sim. - e dizendo isso a pegou no colo, a fazendo rir, e a jogou na cama. - e sabe o que mais?
- O que mais? - Alex estava se esforçando para falar. Mas estava rindo de mais.
- Eu vou fazê-la rir mais ainda - tentou parecer sério, mas os cantos de sua boca teimavam em subir...

* * *

Morfeu estava deitado, com Alex ao seu lado. Ela estava dormindo, mas o abraçava inconsientemente.
Seus cabelos ruivos se destacavam nos travesseiros brancos. E ela estava tão linda que Morfeu ainda não havia conseguido dormir, não conseguia parar de admirá-la.
Seu rosto pálido sem sardas estava calmo e inocente. Os cílios grandes, quase chegavam as maçãs do rosto, - diferente dos cabelos ruivos, os cílios eram de um preto fosco muito escuro - sua boca desenhada estava rosada.
Ele se lembrava muito bem do que havia acontecido antes de Alex cair no sono. Depois de tê-la colocado na cama, começou a fazer cosegas na menina que não parava de dar risada e bater nele com os travesseiros, até os dois perderem o fôlego e pararem com isso.
Ficaram cansados depois de recomeçarem isso mais umas duas vezes, e se deitaram na cama do jeito que ela estava mesmo. Eles conversaram sobre qualquer coisa até Alex cair no sono.
Agora ele estava se lembrando de tudo, e sorria pelo simples fato de ela ter esquecido o motivo pelo qual chorava. Os cantos de sua boca teimavam em subir, não importava o quanto tentava ficar sério.
Será mesmo que ele conseguiria esquecer Allyssa e pensar em Allexya? Será que Allexya iria se apaixonar por ele?
Continuou pensando e admirando Alex, admirando seus traços, o ruivo dos seus cabelos, seus braços o envolvendo inconscientemente, sua camisola branca, e então, também caiu no sono...