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Emma

O lado ruim de encher a cara por toda a noite é a ressaca do dia seguinte. A vantagem? Também é um bom anestésico ou sonífero. Álcool era exatamente o remédio do qual eu precisava para conseguir ter uma ótima noite de sono e um sonho reparador, no qual encontraria o meu lindo namorado Gerard Butler em uma das praias mais lindas das Bahamas.

Sua mão grande e calejada massageia as minhas costas, subindo lentamente até apertar meus ombros. Somente nós dois estamos curtindo esse paraíso na Terra com areia inacreditavelmente rosa e macia e um oceano com cinquenta tons de azul. O toque do sol sob a minha pele só não é mais quente do que as carícias de suas mãos em meu corpo. Então, ele se inclina no meu ouvido e começa uma melodia que já conheço de có:

No one would listen. No one but her heard as the outcast hears. — Sim, a música é um pouco deprimente, mas tenho vontade de consolar o Fantasma da ópera sempre que a escuto. E é Gerard Butler cantando no canto do meu ouvido! Quem não gostaria de consolar esse homem?

Depois de alguns segundos de uma estranha pausa, o canto dos pássaros é substituído por sons piano que me perseguem há dois meses. Se eu pudesse voltar no tempo, impediria Mick Jagger de gravar essa música ou mesmo o disco inteiro.

E assim, magicamente, meu sonho calmo se transforma em show de rock. É oficial, o Universo escolheu esse fim de semana para que todos os meus malfeitos se voltassem contra mim. Quando Gerard abre a boca, já até sei o que virá a seguir...

— I CANT GET NO...

— Não! — gemo inutilmente ainda em meu sonho. Não importa onde ou com quem eu esteja, é sempre a mesma droga de fim.

Como ninguém ainda não fez uma reclamação formal no caderno do condomínio? Deve haver algum tipo de regra sobre não perturbar a vizinhança tocando sempre a mesma música.

— SATISFACTION. I CANT GET...

— Não, não, não — choro colocando a cabeça debaixo do travesseiro, entanto em vão abafar o som, mas tudo começa a esvanecer. — Fica, Gerard, fica...

Mas meu Gerard me abandona, e logo meu paraíso se transforma em um breu. Embora eu já esteja acordada, recuso-me a enfrentar uma realidade sem o meu namorado dos sonhos. Apenas tenho coragem de abrir meus olhos quando ouço meu celular vibrar em cima da escrivaninha ao lado de minha cama.

Ignoro as sete novas mensagens de Carol no Whatsapp para abrir uma enviada por um número desconhecido. Percebo meu grande erro logo em seguida.

Uma foto.

Uma garota de biquíni com glacê no rosto e no corpo.

Eu coberta de torta enquanto Carol ajuda a limpar meu rosto. Para minha infelicidade, lembro-me bem desse dia. Eu tinha apenas treze anos e queria impressionar os convidados mais velhos da festa da piscina de Max no Clube do bairro. Carol e eu tentamos dançar ragatanga para chamar a atenção dos meninos, mas com a minha bela desenvoltura e coordenação motora, tropecei no meio da coreografia e caí de cara no bolo na mesa ao lado.

— Mas que droga é essa? — reclamo com o meu celular, como se o número desconhecido pudesse me ouvir. Por incrível que pareça, o estranho começa a digitar algo na mesma hora.

N.D: Você não está linda?

Eu não preciso saber quem era o remetente, pois já imagino quem pode ser a única pessoa que tem interesse em me perturbar com o passado.

Eu: Sabe o quanto é estranho você ter guardado essa foto?

N.D: Ei, eu também estou aí. O garoto bonitão na piscina.

Inimigos dos noivos [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora