Before Everything

Prólogo {Nicholas}

P.O.V Nicholas Vittiorie {Itália}

Eu estava cansado, não queria mais passar fome, frio ou mesmo aguentar o meu pai por mais um dia falando que o amor da nossa família iria saciar tudo.

Amor não sacia fome, amor não paga as contas, amor não faz merda nenhuma. Só por causa da história de como meus pais se conheceram e casaram, que meu pai fica falando que o amor isso, que o amor aquilo.

Meus pais eram da Inglaterra, se conheceram em uma festa e se apaixonaram. Namoraram por um tempo e logo quiseram casar, mas meus avôs, tanto maternos quanto paternos, não aprovavam o casamento. Eles se casaram do mesmo jeito, se mudaram para a Itália e cortaram o contato com a família.

Meus pais dizem que a história deles é como Romeu e Julieta, só que com o final feliz.

Eu não sei aonde é feliz.

Meu pai trabalha como garçom em um restaurante e faz uns bicos sempre que pode. Minha mãe trabalha como diarista de 5 casas e como cozinheira no mesmo restaurante que o meu pai trabalha. Restando apenas o domingo para descansar.

Como se não bastasse a quantidade de trabalho eles resolveram ter 3 filhos.

Eu sou o filho do meio, 13 anos. Eu sempre tenho que deixar a nossa casa bem arrumada e, eu entrego jornais nas casas pra ajudar a família e sou obrigado a namorar com a filha (feia) do dono do restaurante que meu pai trabalha porque ela me acha bonito (Amélia você não está errada).

O filho do mais velho é o meu irmão Vicente, 15 anos, quase não o vejo por causa do trabalho dele como jardineiro na casa de um vizinho e como confeiteiro em uma padaria. Ele é sempre calmo, na paz, nada perturba ele, por por isso ele fica encarregado de cuidar da nossa irmã caçula, Cordélia (que é o capeta em pessoa), quando está de folga.

Cordélia tem 8 anos, a chamamos de capetinha, ela adora o Vicente, embora nutra um ódio por mim desde que eu joguei fora a única boneca que ela tinha. E eu lá ia saber que aquele monte de panos era uma boneca ?

Minha mãe sempre tentou esconder dos filhos a vida dela antes de se casar com o meu pai, mas uma vez consegui escutar meus pais conversando. Descobri que os pais da minha mãe são ricos, milionários e eu tenho que viver assim, na miséria.

Desde então comecei a economizar todo e qualquer dinheiro que não fosse para as despesas, meu plano era simples: quando fizesse 18 anos iria fugir e ir morar com meus avós.

Eu só não esperava que meu avô me achasse primeiro.

Eu havia acabado de entregar os jornais naquela manhã de julho, minha mãe não iria trabalhar como diarista na casa dos Sena já que eles haviam viajado. Vicente tinha saído uma hora mais cedo naquela manhã, estava animado. Cordélia achava que ele estava namorando. Eu achava pouco provável, quem namoraria um pobre sem futuro ? (Além, é claro, de Amélia)

Pedalei pelo bairro em minha bicicleta, observando como as casas iam ficando mais humildes conforme se adentrava mais na região. Quando chegei em casa fiquei pertubado pelo carro caríssimo que estava estacionado na frente do casebre. Eu não era o único, as pessoas olhavam e comentavam.

Entrei em casa e me deparei com uma cena inusitada. Minha mãe estava no sofá, Cordélia estava em seu colo, ambas estavam concentradas nas palavras de uma mulher que sentava na poltrona. A sala ainda continha mais dois homens de terno preto.

A mulher na poltrona era obviamente rica, usava um casaco de pele por cima de seu vestido preto, tinha ente 45 e 55 anos, cabelos eram longos e negros assim como os seus olhos.

Todos viraram para me encarar quando entrei.

"Esse é o Vicente ?" Disse a mulher sentada na poltrona "É baixo pra alguém de 15 anos"