P.O.V Helena del Rio (Paris)
Meus cabelos estavam especialmente rebeldes hoje, não importava o quanto Darya e eu tentávamos arruma-lo, ele insistia em ficar parecendo um ninho de ratos.
"Eu desisto" Darya disse me encarando pelo espelho "Estou começando a achar que é melhor raspar a sua cabeça. Vai ser mais rápido do que tentar arrumar isso aí"
Darya é minha vizinha, a casa dela é na frente de onde eu moro. Ela se tornou minha melhor amiga desde que eu me mudei para Paris.
"Cosette não vai gostar nada de me ver careca e eu não quero o meu quarto cheio de cabelos no chão"
Passamos trinta minutos desembaraçando meus cabelos, até que eles ficaram com uma boa aparência. Coloquei uma boina preta para combinar com o vestido que eu estava usando.
Darya começou a me maquiar. Eu não entendia nada de maquiagem mas sabia que estava nas mãos de uma especialista. Quando ela terminou dei uma olhada no espelho.
Nada muito forte nos olhos, iluminador e batom vermelho. Eu amo batom vermelho, parece que me dá coragem. E eu precisava de muita coragem para furtar alguém.
Cosette não gosta de usar a palavra furto. Ela preferia chamar de 'aproveitar uma chance única de igualar a conta bancaria de uns ricaços com a nossa', uma maneira longa de dizer 'aplicar um golpe'.
Se sete anos atrás, quando meus pais morreram, me dissessem que eu iria me tornar uma golpista e aprenderia tudo com Cosette, a mesma Cosette que se vestia com roupas de marca dos pés à cabeça, eu iria mandar ir se foder.
Depois de um mês em Paris, eu comecei a notar que Cosette não trabalhava e ao que tudo indicava não ganhava pensão de nem um ex-marido mas, mesmo assim, se vestia com as roupas mais caras. E quando eu perguntei de onde ela tirava dinheiro para pagar as despesas da casa e das roupas dela, ela disse :
"Eu tiro dos que tem além do que merecem e faço bom proveito conosco"
"Como assim, Cosette ?"
E ela explicou. Muitos homens (ricos ou milionários) tinham mais dinheiro do que precisavam, então ela dava um jeito de furtar deles.
Existiam as seguintes técnicas:
1- Faze-lo assinar um documento em um idioma que o lezado (homem com o dinheiro) não conheça. Passando uma certa quantidade de itens de valor para o nome da Cosette.
2- Chantagem. Cosette vasculhava o passado do homem até achar algo que valesse a pena e se não achasse, bem, ela fazia com que acontecesse.
3- Deixar o lezado apaixonado o suficiente para passar bens de valor inestimável para o nome da Cosette.
Só existia uma regra: Nunca fazer isso com mulheres, são espertas demais.
"Helie ?" Darya disse me tirando do meu devaneio "Está tudo bem ? Você ficou com uma cara de zumbi agora"
"Só estava perdida em pensamentos"
Darya deu de ombros, virou para o espelho e começou a ajeitar o hijab que usava. Eu achava incrível como ela conseguia ser estilosa, antes de conhecer Darya eu tinha uma idéia totalmente deturpada do que eram os muçulmanos. É uma religião muito bonita, é muito fácil ver isso mesmo para mim que não tem religião.
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Before Everything
Ficção AdolescenteHelena del Rio e Nicholas Vittiorie não se conhecem, mas tem mais em comum do que se pode imaginar. Ela, uma aprendiz de golpista. Ele, um herdeiro da máfia. Ela, uma ladra. Ele, um assassino. Ela, uma atriz. Ele, um lutador. Ambos inteligentes dema...