P.O.V Nicholas Vittiorie (Londres)
É completamente hilário, para dizer no mínimo, como a minha vida mudou em poucos segundos. De pobre a rico, de entregador de jornal a herdeiro da máfia, de inocente a assassino.
Pegaram o meu maior desejo, ir morar com os meus avós ricos, e transformaram em um verdadeiro pesadelo. Soube disso no momento em que conheci vovô Mike.
Ele era ruivo como a minha mãe e Cordélia, tinha olhos escuros e era gordo. Estava em uma cama dossel na fortaleza, apelido carinhoso que eu dei para a casa onde vivo, e nunca vou tirar da minha cabeça as palavras que ele me disse:
"O treinamento será duro mas será necessário para quando herdar os negócios"
E eu fui treinado.
Aprendi a lutar.
Aprendi como torturar.
Aprendi a ter lábia.
Aprendi a matar.
Aprendi a usar minha aparência a meu favor.
Aprendi como se controla a lavagem de dinheiro, a prostituição e o aluguel de assassinos, os negócios da família.
Fui treinado pelo braço direito do meu avô, Jonas. Na realidade meu avô não mandava em nada desde que teve o segundo AVC (Acidente Vascular Cerebral), era o Jonas que comandava.
Não me orgulho da maioria das coisas que fiz nesses anos de treinamento. Não nego que matei e que roubei, mas também não nego que me arrependo da maioria do que fiz.
Quando Jonas não estava me treinando, até que era bem legal. Fiquei amigo dos filhos dele, Zia e Milan, eles me tratavam muito bem mas nunca consegui confiar plenamente neles, afinal, a última frase que a minha mãe me disse foi "Não confie em ninguém". E não confiei.
Antes de dormir, todos os dias, esse foi o meu mantra "Não confie em ninguém", todas as noites murmurava a frase e me agarrava ao pensamento de ver a minha mãe novamente.
Queria dizer que mantive contato com a minha família e nos falamos constantemente mas eu estaria mentindo se eu dissesse. Não vi nem falei com nem um deles desde aquele fatídico dia em que fui embora, ainda sonho com os gritos de Cordélia.
Hoje é o meu aniversário de 19 anos e não estou nem um pouco afim de sair do quarto. Seria como os outros 6 aniversários que passei aqui: minha avó compraria um bolo, cantamos parabéns e saio com Zia e Milan para ir no cinema ou na balada.
Levantei da cama e fui para o banheiro. Meus olhos estavam vermelhos, culpa da noite mau dormida, e acabou deixando o azul da íris destacado. Retirei o pijama, que consiste em uma bermuda de flanela, e joguei na roupa suja.
Fui para o boxer e tomei uma ducha rápida, queria que esse dia acabasse logo. Me sequei com a toalha e fui para o closet, escolhi uma calça jeans e uma blusa cinza, me vesti, pentiei meus cabelos negros e passei uma colônia que havia ganhado em meu aniversário do ano anterior.
Antes de descer para tomar café da manhã peguei o porta retrato que fica na cabeceira do lado da cama. A única lembrança da minha família, meus pais estão imensamente felizes nessa foto, nossa primeira e única foto em familia, Cordélia tinha apenas 5 anos.
Uma batida na porta me assusta e coloco de volta a foto no lugar.
"Achei que tivesse morrido durante a noite" disse Milan entrando no quarto "Zia está impaciente, mais do que o normal, se é que é possível"
Milan era muito parecido com Jonas e quando eu digo parecidos, eu quero dizer idênticos. Ambos eram negros, de olhos castanhos, lábios e sobrancelhas grossas, a única diferença é que Jonas tem dreads nos cabelos e Milan usa um corte estilo militar.
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Before Everything
Teen FictionHelena del Rio e Nicholas Vittiorie não se conhecem, mas tem mais em comum do que se pode imaginar. Ela, uma aprendiz de golpista. Ele, um herdeiro da máfia. Ela, uma ladra. Ele, um assassino. Ela, uma atriz. Ele, um lutador. Ambos inteligentes dema...