Prólogo

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Uma semana antes.
Max Westman era um belo rapaz de dezoito anos que despertava paixões em garotas e criava amizades fortes com garotos por onde passava. Era um dos muitos músicos de Nova York que carregava junto com seu talento um sério problema emocional: não sabia expressar seus sentimentos direito. Talvez fosse por isso que sua cota diária de músicas escritas era de cento e doze por cento maior do que a de qualquer outro membro da banda que ele tinha formado com os amigos há dois anos. Acreditava ele que a música ajudava a descarregar a dor e a raiva que sentia dentro de si, mas acabava esquecendo que quando não ditas para as pessoas certas, as palavras que achava que conseguia emitir não valiam de nada. E por isso continuava construindo um muro em volta de si sem perceber. Um muro que impedia que qualquer um entrasse - e que ele mesmo se aventurasse a sair.
Era uma sexta-feira de final de Primavera, e sozinho, atravessou o gramado de trás do colégio andando do seu jeito despojado e carregando seu violão de estimação nas costas. Não era uma imagem diferente para ninguém ali, e além das garotas que suspiravam por sua banda, ninguém mais se preocupava com o que Max fazia ou deixava de fazer. Isso dizia respeito apenas a ele, e como alguns gostavam de cochichar, a sua melhor amiga e proprietária, a Srta. Healey.
- Ele não vai vir aqui. De novo. - Charlotte murmurou da mesa onde estava sentada com Melany, Eve e Jessica.
- Parece que ele anda achando até mesmo o jogo de xadrez dos nerds mais interessante do que ficar perto de você, Char. - Eve comentou quando viu que Max realmente parara para assistir a partida da final do campeonato de xadrez que acontecia do outro lado do gramado.
- Eve! - Melany a repreendeu.
- Só estou falando o que estou vendo! - Ela se defendeu erguendo as mãos na altura dos ombros e depois os chacoalhando. Charlotte suspirou e concordou com a cabeça.
- Ela está certa, Mel. Eu não sei o que anda de errado com o Max. Nós estávamos tão bem até alguns meses atrás. Agora ele anda se afastando de mim e ficando mais perto das pessoas que ele geralmente não fica perto! - Ela deitou a cabeça sobre o caderno que estava em cima da mesa e começou a batê-la em ritmo no mesmo. - Acho que meu melhor amigo se cansou de mim. - Debulhou-se.
Jessica, que não havia se pronunciado ainda porque estava com os olhos pousados na mesa dos garotos, puxou Charlotte para trás e soltou um longo e trágico suspiro.
- Quanto drama. - Ela resmungou. - Você já falou com ele sobre isso? Ele não pode simplesmente ter se cansado de você. Vocês são amigos desde sei lá, desde que os Backstreet Boys ficaram famosos!
- Ele sempre muda de assunto. - Charlotte deu de ombros ainda fitando o garoto do outro lado que agora ria de um dos competidores da partida. - Estou ficando cansada desse jeito dele. Me ignorando sempre que pode, se afastando... Nós nunca mais saímos pra comprar discos novos e ele bebe três vezes mais do que bebia antes só para não ter que conversar comigo! Não sei ainda como não explodi. Sempre que ele precisou eu estava lá, e agora ele me trata assim, como se eu fosse uma barra de chocolate diet...
- Às vezes o problema não é você, sua bobinha. Como andam as coisas com os pais dele? Os chatonildos? - Eve perguntou.
- Continuam chatonildos, implicando com ele e a música dele. Era eu quem segurava as pontas, agora ele está fodido. - Ela riu amarga.
- Para mim esse Westman está fazendo joguinho. Se eu fosse você, agia da mesma forma. - Jessica atiçou.
- O que quer dizer? - Melany ergueu a sobrancelha.
- Começa a ignorar ele também. Finge que não liga. - Então ela deu um sorriso esperto como se uma lâmpada tivesse se acendido sobre sua cabeça. - Ou faz melhor! Começa a esparrar ele para as garotas com quem ele costuma dormir nos fins de semana. - Ela bateu a mão na mesa e gargalhou. Eve fez o mesmo em seguida, e mesmo relutante, Charlotte achou a ideia maligna o bastante para se vingar de tudo o que estava acontecendo.
- Será que vai funcionar? - Ela perguntou.
- Se não funcionar, pelo menos ele vai vir tirar satisfação com você depois que chegar aos ouvidos dele que o piruzinho dele é pequeno. - Ela riu mais um pouco. - E ai você mesma tira suas satisfações. - Sorriu largamente com seu plano e voltou a observar a mesa ocupada por Zach, Harry e Landon. Disfarçadamente Harry levantou o olhar para ela e piscou, e isso fez o seu dia.
- Certo. Não vou perder nada se eu fizer isso. - Charlotte concluiu.
As quatro olharam para a direção de Max a tempo de ele reparar a observação quádrupla. Charlotte sorria com maldade, mas assim que notou que ele a via, fechou a cara e desviou o olhar.
Se era assim que ele queria que as coisas fossem, então elas seriam assim.


December 17thOnde histórias criam vida. Descubra agora