Parte I

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I'm not too sure how it feels to handle everyday

Like the one that just passed in the crowds of all the people.

Remember today, I have no respect for you.

And I miss you, love.

17 de Novembro, sábado. 02:15. - Festa da Lindsay.

Um borrão de luz tomou conta da minha visão quando ele me puxou pelo braço para fora da sala e me empurrou para a saída sem delicadeza alguma. Não me olhou nos olhos nenhuma vez enquanto tentava passar por entre as pessoas acumuladas pelo caminho que começavam a nos olhar espantadas. Para qualquer uma delas, aquela atitude era mais do que fora do normal. Era grotesca.
Eu, apesar de estar um pouco surpresa com sua força, não demonstrei. Apenas mantive o nível da sua grosseria enquanto andávamos pelo corredor da casa.
- Me solta, porra! - Gritei alto o bastante para ele me ouvir mesmo com a música alta.
- Você fica ai reclamando, mas também não sabe o que quer! - Ele respondeu mais alto ainda, claramente irritado e com certeza alterado. Rolei os olhos e puxei meu braço para mim, tentando me desvencilhar dele. - Eu vi você falando de mim para aquelas garotas com deboche da mesma forma que anda fazendo ultimamente!
- Você é um grosso, Westman! Volta lá pra aquela loirinha que você estava comendo com os olhos! - Gritei de novo.
- Eu voltaria se você não tivesse espalhado por metade de Nova York que eu sou broxa! - Ele rebateu mais alto ainda. Não aguentei e ri com vontade. Ele ignorou e continuou andando, e mesmo não muito sóbria e com a visão não muito limpa, vi vários de nossos colegas nos olhando pelo caminho.
Andamos até uma área mais reservada, perto das escadas, onde não tinha muita gente. Ele soltou meu braço e na minha pele branca eu podia ver a marca da sua mão. Parou na minha frente bloqueando o caminho de volta para a festa e eu continuei passando a mão no braço dolorido, evitando olhar em seus olhos ou eu ficaria sem saber o que falar. Não tinha como negar, ele era bonito pra cacete e por estar bêbada conseguia me deixar mais tonta ainda.
Percebi então que tinha feito uma enorme besteira ao ter ido para aquela festa. Ainda mais sendo a festa da vadia da Lindsay. Mas o meu ciúme e o desejo de propriedade falaram mais alto e eu tive que aparecer e por causa disso Max tinha bebido de novo três vezes mais que o normal, e aproveitou a primeira oportunidade que teve para me atacar depois que eu fiz o que Jess me mandou fazer.
- Vai, fala para mim o que você andou falando para todo mundo. - Ele colocou as mãos na cintura e esperou.
- Não tenho mais nada para falar. - Retruquei, fazendo biquinho. - Volta para a festa.
- Não tem? - Forçou. - Mas fazer minha caveira para todo mundo você sabe, né? - Ele me encarou. Respirei fundo e depois de olhar repetidamente para os lados em busca de salvação, decidi falar de uma vez.
- Ok, Max. Se você quer tanto saber, eu vou falar! Eu estou cansada da sua presença. Ou melhor, da sua ausência! Fiz o que fiz para ver se tinha a sua atenção de volta, mas acho que nem assim eu consigo! - Soltei o começo do discurso que eu ensaiava na minha cabeça há dias, semanas, meses desde que esse drama tinha começado. - Você esqueceu que a sua melhor amiga existe, então eu vou esquecer que você existe também, porque eu cansei de correr atrás.
- Larga de drama, Charlotte. - Ele rolou os olhos e deu um passo para frente, me fazendo a dar um passo automático para trás, querendo me afastar dele. Max nunca fora do tipo bêbado agressivo, mas agora que ele tinha mudado tanto, eu não sabia em que tipo de solo eu estava pisando. Avistei pelo canto do olho Peter e Melany se aproximando e parando perto, provavelmente para ver se estava tudo bem.
Estaria melhor se eu pudesse discutir com alguém em paz.
- Drama? - Abri a boca e dei uma risada bem do naipe de bêbadas decadentes.
- É, drama. - Gritou me fazendo dar outro passo para trás, cada vez mais próxima das escadas.
- Drama? Você - Frisei a palavra dando um empurrão bem torto nele - Age como se eu fosse sua última opção quando eu sempre te dei a atenção que você quis e não merecia, e acha que eu estou fazendo drama? - Cuspi as palavras entaladas na minha garganta. - Faça-me rir.
- Talvez você tenha priorizado demais algo que não merecia tanta atenção. - Ele replicou me empurrando também, com mais força do que normalmente faria. Quase perdi o equilíbrio, mas continuei com a pose.
- Se é assim, não vou mais perder meu tempo com você, idiota. - Falei entre dentes e tentei passar por ele, sendo impedida quando ele pegou meu braço de novo e me puxou tentando me fazer olhar para ele.
- Você acha que perdeu o seu tempo? Eu então perdi o dobro! - Ele gritou. - Você sempre reclama que não pode falar o que quer, vai, agora é a sua chance! Fala o que você pensa!
- O que eu penso? Eu penso que você deveria ir para o inferno! - Respondi puxando meu braço mais uma vez. No mesmo instante, perdi o equilíbrio e torci o pé no salto alto.
- Char! - Ouvi Melany gritar de longe e vi Max arregalar os olhos.
Seus olhos assustados e desesperados, se afastando cada vez mais de mim. É a última coisa que eu lembro antes de lentamente, cair.

December 17thOnde histórias criam vida. Descubra agora