Tinha acabado de chegar da escola e estava indo para o meu quarto, passei pela sala. Lá no cantinho perto do aparelho de som tinha um porta retrato, nele a foto da minha mãe. Uma mulher branquinha – bem assim como eu – olhos verdes e cabelos castanhos. Linda! Eu queria poder falar dela, mas não tenho lembranças. Só tenho fotos e as histórias de quem a conheceu.
Depois de perder minha mãe, meu pai acabou perdendo o rumo, o céu desabou sobre ele. Coitado. Imaginem um homem perder a única mulher que já amou. A mulher com quem planejou toda uma vida desde o colégio. A mulher que cresceu junto dele. A dor deve ter sido horrível. Posso dizer que ele sofreu, e sofreu bastante. Ele tentou cuidar de mim, tentou por dois anos. Mas acho que foi como dois anos de tortura para ele.
Eu tenho os olhos da minha mãe, acho que ele a via quando olhava para mim, um fantasma. O fato é que ele não suportou. Meu pai morreu num acidente de carro, pelo que sei tinha bebido um pouco e era tarde da noite quando voltava para casa. A saudade mais um pouco de álcool e sono tiraram meu pai de mim.
Eu fui crescendo, e as coisas foram ficando cada vez mais complicadas. Eu amo minha tia, mas meu tio...
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Pouco Importa o Que Venha a Ser
Short Story[...] Eu estava me destruindo aos poucos. "Não quero chegar aos vinte" pensava eu. E uma frase do Kurt Cobain está tatuada em meu espírito até hoje: "Morra jovem, permaneça belo." [...]