Segundo estágio: Desejo

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Lívia

Acordo atordoada, mas uma vez me encontro com o Augusto depois de beber. Mas dessa vez ele está sentado na poltrona ao lado da minha cama e tem uma expressão perturbada em seu sono. Pisco mais algumas vezes para me acostumar a luz e percebo que minha cabeça dói mais que o normal, passo a mão na parte da frente e sinto um galo formado, pego a bolsa de gelo que está ao lado da minha cama e percebo que o Augusto está acordado me olhando. "Como se sente, Liv?" - ele me pergunta preocupado - "Estou bem, só minha cabeça..." "É normal, você bebeu e eu te encontrei apagada no chão ao lado da porta, deve ter batido." - ele parece irritado, mas não sei se é comigo ou com ele - "Vou buscar algo para você comer e um analgésico." - ele se retira e eu fico pensando em como eu cai, daí aquela voz me vem na mente, foi ele! Ele me achou, o que eu faço? Por impulso levanto rapidamente e ligo para minha mãe, que atende no segundo toque: - Lívia, o que houve? - sinto um alivio ao ouvir sua voz - Nada mãe! Só liguei para saber se está tudo bem... - há uma pausa, ouço um suspiro - Mãe? - pergunto preocupada - Estou aqui, meu amor. Não se preocupe, tá tudo bem. Escute, preciso desligar eu estou acompanhada... - solto um risinho - Luana Burke, a senhora não muda mesmo! - ouço ela rir - Me respeite, dona Lívia! Estou com saudade, se cuide. - Ela desliga e eu sinto a presença do Augusto que me olha assustado. "O que?" - Ele põe as coisas na mesinha e puxa meu cabelo pro lado liberando meu pescoço - "Que marcas são essas, Liv? Alguém te machucou? Eu não devia ter te deixado voltar sozinha ontem, me desculpa..." - Sinto meu corpo estremecer, MERDA! Ele viu... E agora o que eu digo? Não posso dizer que quase fui violentada e morta, ele vai ter nojo de mim. Sinto um olhar de confiança que ele me dá, não sei se estou pronta para dizer isso a alguém assim... Só o Nathan e a Heloísa sabem disso. Me viro e acho que minha expressão assusta ele porque ele me abraça e diz em um sussurro: "Não se preocupe, eu vou encontrar quem fez isso com você." - "Gu, ninguém fez isso..." - mas ele me interrompe e põe o dedo em meu lábio - "Lívia, desde que você esbarrou em mim eu me sinto na obrigação de cuidar de ti, te proteger. E eu não fui capaz de sentir isso por muito tempo então por favor não me tire isso." - Apenas concordo com a cabeça e volto para aquele abraço que me deixa segura. Acho que encontrei o melhor lugar do mundo dentro daqueles braços.

...

Dois meses se passaram desde que saí para comemorar com meus amigos. Graças a Deus acho que foi apenas um delírio meu ouvir aquele homem, mas ainda sinto calafrios só de lembrar e agora toda vez acho que estou sendo seguida. Nathan e Helô andam distantes e deixo eles terem seus tempos, deve ser a loucura do trabalho. Estou cada vez mais sozinha em casa, tirando as noites que passo conversando com o Gu pelo Skype, ele tem me feito bem e to começando a conhecer a pessoa que ele realmente é totalmente o contrário do que todos acham. Por trás daquele jeito carrancudo ele é um ótimo amigo e anda bastante preocupado com minhas "paranoias" tentando a todo custo saber por que ando assustada e com medo de tudo, recusando seus convites para sair. Estou do trabalho para casa, de casa para o trabalho, essa é minha rotina. Acabei cedendo ao jantar, mas aqui em casa. Tudo já está pronto e só estou terminando de passar a mão pelo cabelo tentando domar ele quando escuto a campainha... Me olho no espelho para ver se não exagerei e acabo ficando feliz por escolher um vestidinho ameixa que me deixa leve, saltos não muito altos mas fazem eu parecer um pouco maior e alongam minhas pernas, cabelo solto e uma make sutil, afinal para que impressionar esse homem? Ele me protege como uma irmã...

Desço e abro a porta para ele, que me olha com desejo, ou é coisa da minha cabeça? Beijo seu rosto e agradeço pelas flores, ele está lindo com uma calça branca e uma camisa vinho, relevando seu corpo definido, o cabelo bagunçado como sempre e um sapato social esportivo, dou passagem para ele entrar e me dirijo para cozinha, pedindo que ele sente para o jantar que já vai ser servido.

Após comer vamos para sala numa conversa animada, segurando nossas taças de vinho. Ele tá sentado de frente para mim com uma perna apoiada na outra, parecendo incrivelmente confiante e sexy, eu faço o mesmo mas cruzo minhas pernas a sua frente. "Aposto que você deveria ter algum encontro com uma mulher interessante mas está aqui com pena da sua amiga totalmente sozinha." - ele ri e diz para minha surpresa - " Mas estou com uma mulher interessante agora mesmo." - E da um gole em seu vinho, acho que estou vermelha porque ele solta uma gargalhada deliciosa e que vontade de beijá-lo agora mesmo! - "Você não presta, ainda bem que estou imune aos seus encantos e sou sua única amiga, não devia perder isso." Augusto tá rindo da minha falta de jeito, ele enche um pouco mais minha taça e dou um gole. - "Já estamos na segunda garrafa de vinho, to começando achar que você quer me embebedar para dormir comigo mais uma vez." "Ah! Você descobriu!" - Ele parece falar sério e minha expressão não é uma das melhores porque ele está rindo de novo - "Augusto Beaumont!" Começo a rir junto enquanto bato de leve no seu braço - "você me diverte, Liv..." - E aquele clima está entre nós novamente, a música baixa inunda nosso silencio e passamos um tempo nos encarando, ele põe uma mecha de cabelo meu atrás da orelha e fecho os olhos com seu toque, minha respiração acelera e consigo ouvir as batidas do meu coração. Não posso me apaixonar por ele, sou perturbada demais para isso! Não sou boa com isso, já perdi dois homens porque eu sempre travo. "Quer mais alguma coisa?" - Falo quebrando o silencio. Ele balança a cabeça em negação e parece um pouco perdido, fico sem jeito por um momento. - "Gu, eu... Eu gosto de você" - Merda! Eu não queria dizer isso, mas eu disse e ele tá me olhando assustado. - "Quer dizer... De um jeito diferente, você...Você... Bom, você é essa pessoa tão boa e..." - Estou prestes a dizer algo sobre mim mas por um descuido deixo cair o pouco do vinho que resta no chão - "Droga!" - levanto cambaleando e por impulso ele levanta também e me puxa, segurando minha cintura rente ao seu corpo e nossas respirações estão próximas demais, por um momento acho que ele vai me beijar mas ele não o faz. Diz que vai me ajudar a limpar e faz. Depois que terminamos estamos os dois em silencio e ele parece atordoado, - "Augusto, olha só tudo que eu disse..." - mas ele me interrompe novamente - "Por favor, não retira o que disse. Foi a melhor coisa que eu já ouvi e eu não sei o que te dizer..." - me sinto desapontada e seguro as lágrimas, que merda tu fez em Lívia? Ele percebe e continua - "Eu sinto tudo isso e muito mais, eu... Não sei como me controlei todo esse tempo perto de você!" - Ele se aproxima e diminui todo espaço que tinha entre nós dois, me pega em seus braços e roça os lábios nos meus, pedindo permissão... Me entrego e esqueço todo medo que estou sentindo, eu só quero ele desde o primeiro dia que nos conhecemos, desde que ele me beijou em seu apartamento! Sua língua toma passagem na minha boca e começamos um tango sensual e lento, aos poucos ele acelera o ritmo e eu pulo em seu colo, entrelaço minhas pernas na sua cintura sem quebrar nossa conexão. Só paramos porque temos que respirar e estamos ofegante, estou alisando seus cabelos sorrindo igual boba e o Gu reflete minha felicidade. Ele caminha comigo e senta no sofá ainda em seu colo, deito o rosto em seu peito e ele me faz carinho. "Gu?" - suspiro pesado, ele percebe meu tom tremulo - "Eu sei, Liv... Quando estiver pronta, tudo bem?" Olho para ele e sorrio, passo a mão pelo seu rosto e volto a beijá-lo com todo vigor, me aperto contra ele que segura minha bunda e empurra contra sua ereção, solto um gemido em seus lábios e rebolo no seu colo, ele sobe as mãos pela minha barriga e me causa arrepios, me afasto um pouco e fico apreensiva, "O que foi, Lívia?" - "Não consigo..." E agora, eu conto ou não conto?

...

O que será que a Liv precisa contar?


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