Enlouquecendo seus Ídolos - O Começo (Cavaleiros Do Zodíaco)

25 - Angústia, dor e desejo

Olhos castanhos vislumbravam o empenho do deus do submundo em sua pintura, olhos que já haviam visto muita dor e angústia, mas que insistiam em olhar o mundo pelo lado bom, com amor, com compaixão.

- Se misturar o azul do céu com o vermelho dos seus cabelos, - o deus exibiu um sorriso cheio de carinho. - chegaremos ao roxo do seu cosmo, minha princesa.

Ele deslizou a mão pelas curvas da mulher esquecendo-se que ainda estavam em seu ateliê, mas em momento algum seus pensamentos estavam no corpo dela, queria apenas senti-la em seus braços, como há muito tempo não a tinha.

- Tens mesmo que ir? - ele implorou com os olhos cheios de água, e quem um dia diria que o grande imperador Hades pudesse emitir tantos sentimentos com apenas um olhar? - A cada vez que vai sinto-me como morto, sua presença nesse lugar é a única coisa que me permite prezar e ansiar pela paz.

- Foram seis meses, querido, - ele, como um deus, tratava esse tempo como menos da metade de um dia. Quando estava com ela tudo passava rápido, mas na distância o tempo parecia castigá-lo. - eu voltarei e você nem irá perceber.

- Impossível, sua ausência me desconcentra, Pérsefone. - eles se olharam sérios, convenceria-o de que tudo passa, mas julgava que o marido sabia tão bem disso como sabia que amava-a.

- Promete não fazer nada imprudente? - o mais velho largou o pincel. - Por favor prometa estar aqui para me receber, de corpo e alma.

Diferente da promessa que fez, Hades pereceu para a guerra santa contra Athena novamente, entretanto, desta vez, a imperatriz do inferno jurou que seria a última vez que voltaria para casa sem seu marido.

[...]

Ly começou a arrumar suas coisas na manhã daquela sexta-feira, recusou-se a descer as escadarias para treinar com Aiolia, afinal, como ele mesmo havia dito: ela tinha ganhado um novo mestre.

- Na minha humilde opinão, que sei bem que pouco te importa, acho que você se apaixonou por ele e ele por você. - a fala de Marcus fez a cabeça da mais nova rodar, ela largou a escova de cabelo que segurava e jogou-se sobre a cama que dividia com o leonino.

- Algo está machucando meu coração, você tem razão nisso, - o melhor amigo da mais nova lhe ofereceu um biscoito que havia roubado da dispensa, mas ela negou, por hora nada passava por sua garganta. - mas eu não tenho certeza se o que sinto tem a ver com o Aiolia.

Marcus franziu o cenho preocupado. - E por quem mais seria? - essa era a pergunta que ela não sabia responder, por quem ou por que seu coração pesava tanto assim?

- Não sei! - respondeu já nervosa. - Eu nunca gostei de me envolver com as pessoas, e mesmo que eles sejam nossos cavaleiros, é estranho sentir algo justo por quem nunca esteve em meus desejos.

- Talvez seja isso. Você passou a vida sonhando com o Camus por ele ser seu cavaleiro favorito, agora pode estar achando estranho por gostar justamente de outro. - ela refletiu por alguns segundos. Será que devia contar a ele sobre os sonhos que tinha?

Como dizer que uma voz estranha a toma sua mente todas as noites? Como fazê-lo acreditar que tudo que ela diz surte efeito sobre ela e parece que a qualquer momento quem tanto fala vai raptá-la para longe. Se sua fama de maluca já era grande por causa dessa tal viagem para a Grécia, imagina se soubessem que ouve vozes.

- Ly! - a voz do cavaleiro de leão invadiu a casa fazendo-a despertar de seus pensamentos, em poucos instantes o mais velho estava a sua frente encarando-a. - Então você aceitou a proposta de Athena?

Marcus aproveitou a distração da amiga para dar no pé e deixá-los sozinhos.

- Não foi você que me mandou embora há alguns dias? - a garota ironizou sentando-se.