"Dedicado à todas as almas que morreram, para se sentirem vivas "Ela talvez contenha a vontade de fugir Mas segure ela com roupas encharcadas e blocos de concretos. Cetirizina, sua febre me atacou novamente, sem beijos, tudo o que você envia são pontos finais.
Alt-J Breezerblocks
O despertador tocou sua música matinal. Normalmente quando você coloca uma música, para que sirva como despertador, a mesma passa a ser odiada por você. Mas eu continuava amando ouvir toda a manhã a mesma melodia. Infelizmente meu humor não estava dos melhores hoje, na verdade à duas semanas. Estendi a mão para fora dos cobertores e aumentei o volume enquanto me preparava psicologicamente para acordar e enfrentar o mundo do lado de fora da porta do meu quarto. Rolei para fora da cama caindo de cara no chão, mas tudo bem, uns travesseiros sempre caíam durante a noite. Levantei andando até o banheiro encarando meu reflexo no espelho. Terrível! Eu ganharia uma fortuna sendo um zumbi em qualquer um desses filmes de mortos vivos, olheiras, palidez e o ninho na minha cabeça. Os olhos verdes eram minha salvação, por isso verde era minha cor favorita. Procurei a escova no pequeno armário de vidro transparente, não me orgulho de ter demorado mais de um minuto na procura, ela estava na minha frente. Saí no banheiro depois de desfazer o ninho que meus cabelos se tornaram durante a noite e me vesti já ouvindo os gritos da minha mãe vindos do andar inferior. Deus, porque ela gritava tanto?! Passei o suéter preto pelo pescoço pegando a mochila já colocando uma alça sobre o ombro e o celular no bolso enquanto fechava a porta, o despertador! Abri e peguei uma bola de baseball no chão e mirei acertando em cheio o aparelho que desligou. Corri descendo as escadas.
-QUEREM VIR TOMAR O CAFÉ? VÃO PERDER O ÔNIBUS! -
Deus! Um megafone estava fora de cogitação para presente de natal. Ela parecia uma sirene de ambulância berrando toda manhã, até mesmo nos domingos. Cheguei a base da escada, dando de cara com ela, recebendo um bom dia perfeito para começar a manhã. Fiz uma careta pelo grito e sorri de lábios comprimidos demonstrando na expressão meu desgosto pela vida.
-Acordou cedo.-ela falou como se eu dormisse até o meio dia. Eu sorri amarelo diante da piadinha e passei por ela andando até a cozinha, Camille e Mary brigavam como sempre.
-Estou tentando ser uma garota melhor, deixei as drogas, bebidas e agora acordar cedo.-falei fazendo minhas duas irmãs darem pausa na briga, para me lançar um olhar espantado. Minha mãe riu, eu ri e por fim elas. Uma família de humoristas? Nós tentávamos. Bebi rapidamente o suco de laranja enquanto andava até a porta deixando o copo na mesinha perto da porta. Quase fiquei cega ao sair, o dia estava ensolarado e eu me sentia uma vampira. Tirei os óculos escuros da mochila me arrependendo por ter vestido o suéter preto, eu ia torrar, mas não tinha tempo de tirar. O ônibus parava à sete quarteirões da minha casa, dez minutos até lá, eu precisava chegar em nove minutos.
-Mas que droga! -Falei para mim mesma e então comecei a correr, o suéter estava pinicando, eu estava torrando, estava cada vez mais quente. Vi o ônibus dando partida e gritei o mais alto que pude, mas ele não parou. Corri mais, meus pés queimando no asfalto quente, bati forte na parte traseira e vi um garoto pôr a cabeça para fora da janela. Ele riu. O maldito riu! O ônibus parou...talvez ele não fosse tão maldito. Entrei sendo encarada por muitos rostos, eu estava como um zumbi.
Ajeitei os óculos e andei até um lugar vago.
É, minha vida pode parecer um clichê adolescente, mas não é. Sou Elizabeth Thompson e estou bem longe de ser uma garota normal.
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W.A.Y.
Science FictionOdiava todas aquelas luzes da Califórnia, odiava as pessoas, odiava o mundo. Mas naquele momento, em pé no banco de couro daquele carro com os braços abertos, a música alta e o vento no rosto...era como se eu estivesse voando e apenas isso. Nada mai...