Nada Que a Vida não Possa Ensinar...

A vida não é um sonho

Quando cheguei na casa do meu tio, já estavam todos dormindo, passava das 23 hrs. Menos Alyssa, ela estava toda eufórica com a minha chegada.

_ Irmã linda, vocês demoraram. Ela falou com a cara fechada.

_ Eu sei, mais o trânsito estava muito movimentado. Falei rápido.

_ Lia, estou muito feliz de você estar aqui. Ela falou de maneira muito meiga.

_ Eu sei Aly, eu também estou muito feliz. Falei indo em sua direção. _ Eu sei que a gente vai se dar muito bem aqui. Falei abraçando minha irmã.

_ Eu também sei. Ela falou retribuindo o meu carinho.

_ Lia, eu sei que a nós nunca fomos as melhores irmãs do mundo. Ela me disse olhando nos olhos. _ Mais você assim como os outros irmãos, são as pessoas mais importantes da minha vida. Esse um ano que passei sem vocês,  eu pude perceber que eu não consigo ficar sem esses 4 chatos, tirando o Murilo, porque eu vim e ele ficou com tanta saudade que veio atrás. Ela falou com olhos cheios d'agua.

Eu e Alyssa sempre fomos as típicas irmãs que mais brigamos que brincamos. Ela é 4 anos mais velha que eu, mais somos praticamente do mesmo tamanho. Eu sou baixinha, com longos cabelos negros e olhos escuros, sou branquinha e com corpo bem definido. Já Aly também é baixinha de cabelos negros porém são mais curtos que os meus e também é mais gordinha. Muito linda!

Sempre dividimos tudo, não por opção, mais por necessidade. Éramos 5 crianças e meus pais não tinhão as mínimas condições de nos oferecer uma vida confortável. Fomos criados através da roça, com plantações e colheita do café,mas nunca reclamamos, fomos e somos muito felizes.
Eu sei que atrapalhei muito a vida da Aly. Antes de mim eram  apenas ela e o Murilo, não tinham que compartilhar nada com ninguém, e eu meio que cheguei de intrusa.
Minha mãe nunca fez distinção entre nós, depois de mim ainda vieram o Tomás e a Yara, e eu acabei me aproximando mais deles. Mais eu sei que a partir de agora é com minha irmã mais velha que eu vou ter que viver.

O quarto que eu vou ficar é o mesmo que a Aly. Tem duas camas de solteiro que meu tio colocou, uma cômoda com um espelho grande e um guarda roupa que também vou dividir com ela.
Na casa além de mim, Aly e o tio Jonas, ainda moram Murilo e meu primo Vítor.

Depois de conversar muito com minha irmã, contar para ela todos os acontecimentos do interior inclusive o velório de dona Belinha, fomos  comer alguma coisa na cozinha. Chegando lá fizemos dois sanduíches e comemos com suco natural de laranja. Depois Aly foi dormir porque tinha que trabalhar na quinta cedo. Enquanto isso fui arrumar minhas coisas no guarda roupa e na cômoda.
Eram quase duas da manhã quando fui tomar um banho, fiquei uns vinte minutos dentro do banheiro, deixando a água morna me acalmar. Depois escovei os dentes e vestir uma camiseta, uma calça de moletom e fui dormir.

Acordei com o despertador da Aly tocando muito alto, olhei no celular e eram 5 da manhã. Meu Deus!!
Em poucos segundos ela acordou e  desligou o mesmo, levantou e foi se arrumar para trabalhar.
Ela trabalhava como operadora de telemarketing em um bairro mais distante do nosso, por isso saia tão cedo. Assim que ela saiu eu voltei a dormir.

Acordei eram 8 hrs e todos já haviam saído, resumindo: ainda não vi ninguém a não ser Alyssa.
Levantei fui ao banheiro, fiz minhas higienes, pentei meus cabelos e sai. Tomei meu café e deitei no sofá sem a miníma ideia do que fazer a partir de agora.
 
  Depois de uns quinze minutos deitada da mesma maneira sem me mexer, resolvi que tinha que fazer algo. Levantei e fui até o computador que ficava na sala mesmo. Pesquisei na internet alguns modelos de currículos e algumas dicas de como me ingressar no mercado de trabalho mesmo sendo menor de idade. Quando dei por mim, já eram 10:30 e meu estômago começou a reclamar de fome. Levantei e fui fazer alguma coisa para comer. Terminei eram 11:40, com um delicioso arroz, feijão, macarrão ao molho branco e uma saladinha de alface para amenizar as coisas. Não sou boa na cozinha mais convenhamos que arroz, feijão e macarrão, todo mundo faz.

Passei o resto da tarde assistindo TV e na internet, queria que Aly chegasse logo, mais eu sabia que iria demorar, pois a noite ainda tinha aula. Quando foi 18:30, fui tomar um banho rápido. Pentei  o cabelo e amarrei um rabo de cavalo frouxo, vesti um short jeans que ia até a metade da coxa e uma regata preta soltinha, e fui novamente para a frente da Tv .
Quando deu 19:05, meu tio, irmão e primo chegaram. Agora sim eu podia abraçar e conversar com eles.

_ Irmã! Que saudade. Murilo falou vindo me abraçar.

_ Eu também Murilo falei agarrando seu pescoço.

_ Liaaa! Me solta, você enlouqueceu? Quer me matar sufocado? Ele gritou bravo.

_ Desculpa Murilo, só estava com saudade.

_ Ata. E para matar a saudade, você me mata também? Ele falou massageando o pescoço.

_ Para de exagero garoto. Meu tio chegou falando  e me abraçando, e eu cai na gargalhada.

_ Pronto!! Primeiro Alyssa e agora a Cecillya, para vocês mimarem. To fundido! Ele saiu bufando.

_ E ai Lia? Como você está? Meu tio perguntou.

_ Estou bem Graças a Deus, e o senhor?

_ O senhor deve estar bem lá no céu, e eu também estou ótimo aqui. Ele falou com ironia.

Depois de conversar muito com os homens da casa, eu levantei e fui preparar o jantar para eles. Fiz bife com batatas e abóbora que tinha trago do interior. Não sei se ficou bom porque não comi, mais ninguém reclamou.

Quando deu 23:00, Aly chegou da faculdade, jantou, tomou banho, conversamos um pouco. Pedi para que ela me ajudasse a fazer um currículo e ela aceitou. Fomos para o computador e escrevemos meus dados. Não tinha muita coisa: primeiro emprego, sem experiência e menor de idade. BELO CURRÍCULO!

_ Não fica assim Lia! Você vai achar alguma coisa. Aly falou acariciando meus cabelos.

_ Será? Quem vai querer me contratar? Não sei nada e ainda sou menor. Falei desanimada.

_ Muitos lugares contratam menores aprendizes. Ela falou.

_ Mas para ser menor aprendiz é preciso estar estudando e nem isso eu estou.

_ Olha? Para de pessimismo OK? Vamos deixar acontecer.

_ E se não acontecer.....

_ Se não acontecer em Junho você faz 18 anos e tudo fica mais fácil tá? Pode parar de chorar, ela falou me interrompendo.

_ Mais eu nem estou chorando.

_ Ainda! Mais pelo jeito não vai demorar. Ela fala e eu sorrio.

Depois de conversar eu e Alyssa fomos dormir. Assim que apagamos as luzes e deitamos ela me chama.

_ Lia? Ela fala baixinho.

_ Oi. Eu respondo em mesmo tom.

_ Estou com medo. Ela fala com a voz embargada e eu me levanto sem acender as luzes.

  _Medo de quê Aly? Falei me sentando na sua cama.

_ Não queria falar dos meus problemas para você, mais eu preciso desabafar. Ela falou já chorando.

_ Fala logo Alyssa, quer me deixar maluca? Falei um pouco mais alto.

_ É que.... Que... Minha experiência acaba amanhã e acho que não vou passar. Ela falou em meio as lágrimas.

_ O Aly! Não fica assim. Falei abraçando-a. A gente vai dar um jeito tá? Nós duas juntas. Falei tentando sorrir.

_ Eu não sei Lia! Já destribui um monte de currículos e até agora nada. Ela falou um pouco mais calma.

_ Tudo no seu tempo minha irmã, e além disso você nem sabe se vai ser mesmo dispensada.  Falei tentando transmitir calma, mais estava com mais medo que ela.

_ Eu não bati nem uma meta nesses três meses que fiquei lá. Eu sei que vão me dispensar. Ela falou relutante.

_ Vamos esperar tá?  E se isso acontecer mesmo a gente dar um jeito. Tudo vai dar certo Aly. Falei com voz firme.

_ Você parece a mamãe falando sabia? Ela falou agora sorrindo.

_ Não, mais obrigada pela comparação. Agora vamos dormir e seja lá oque for acontecer amanhã vamos estar preparadas e juntas OK?

_ Aham! Sempre juntas! Ela falou me dando um forte abraço.

_ Sempre juntas! Falei baixinho no seu ouvido._ Boa noite