Capitulo IV
De Volta para Casa
Ana avistou no mínimo uns cem guardas espalhados pelos arredores do castelo, todos vestidos de preto e com um emblema de uma águia dourada no peito. Um deles, que estava parado à frente do portão gigante da entrada, fez sinal para que o carro prosseguisse.
Ana sentia novamente frio na barriga, estava prestes a rever seus supostos pais e naquele momento repetia para si mesma em voz baixa:
- Não tenho nada a perder!
O chofer estacionou o carro flutuante na porta de entrada. Quando Ana e Guilherme saíram, os guardas correram em sua direção com as armas apontadas para o menino.
- Espere! Só estou trazendo-a de volta. Sou Guilherme Martinelly. - Disse ele, erguendo as mãos para cima.
Sem saber explicar o porquê, Ana se agarrou em um pedaço da toga de Guilherme, aproximando-se dele. Não queria estar ali, se pudesse escolher, voltaria a casa do garoto.
- Baixem suas armas imediatamente. - Disse o homem alto e magrelo que Ana viu na sala do trono mais cedo. - Bem-vinda novamente, princesa Ana Catharina.
Todos os guardas, inclusive Guilherme e o homem, curvaram-se diante de Ana.
O homem não sorria para ela, pelo contrário, o seu tom de voz era pesado, como se ela tivesse causado um transtorno imenso com sua fuga.
Segundos depois, Isabel e Tarso apareceram na porta do castelo.
Isabel andou devagar e parou na frente de Ana sem dizer uma palavra, apenas ajoelhou-se no chão e abriu seus braços.
Ana olhou para o seu rosto e o rancor que estava sentindo desapareceu. Ela viu em Isabel apenas a figura de uma mãe que finalmente se reunia com sua filha após quinze longos anos. Naquele momento ela esqueceu toda sua dor e pensou nas crianças do orfanato que dariam tudo para estar ali em seu lugar. Pensou em Juliana, que perdeu a família em um acidente de carro e nunca iria rever seus pais. Por fim decidiu ceder e se ajoelhou, retribuindo o abraço de Isabel.
Despedindo-se de Guilherme, Ana acompanhou seus pais. Eles se desculparam mais uma vez, prometendo a ela que a partir daquele momento nunca mais se separariam.
Ana cedeu. Decidiu que eles estavam sendo sinceros e que ela não tinha nada a perder. Fora que Isabel e Tarso a cativavam mais e mais a cada momento que se passava.
Os três caminharam até outra sala luxuosa e mais uma vez sentaram-se para conversar. Dessa vez era Ana quem falava. Seus pais estavam curiosos para saber sobre ela e exigiam que ela lhes contasse detalhes de sua vida: como foi crescer no Lar, como era sua vida no colégio, seu passatempo favorito, enfim, eles queriam conhecê-la.
Ela lhes contou histórias de quando era um pouco menor, de algumas aventuras que passara ao lado de sua melhor amiga Juliana. Falou de como era triste ter que se despedir das crianças que saiam do Lar, pulando a parte de odiar o colégio São Pedro II. Diante do fato de seus pais garantirem sua boa educação mesmo de longe, Ana não queria parecer ingrata.
Os dois escutavam suas histórias sem sequer interrompê-la. Sorriam e faziam mais perguntas. Ana sabia que a realeza do planeta Jamar teriam contos mais interessantes que os seus, mas naquele momento queria curtir a sensação gostosa de ser ouvida.
A rainha resolveu guia-la pelo castelo e Ana não podia acreditar no tamanho daquele lugar. Perguntava-se onde eles acharam tanto mármore, tantas pedras delicadas, sem contar as pinturas nas paredes, que eram maravilhosas. Ana via nelas paisagens que nunca tinha visto antes, era como se aqueles lugares não existissem, porém, Isabel apontava todos eles como os pontos turísticos mais famosos do reino.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Princesa de Jamar
FantasíaFaltavam apenas doze minutos para meia-noite e Ana completaria quinze anos assim que o dia 22 de novembro começasse. Ela não conseguia esquecer o sonho esquisito, no qual tinha sido transportada para um lugar estranho, onde pessoas voavam, o pior, é...