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Quando a música do Ed Sheeran começa a soar por todo o quarto, entendo que está na hora de me levantar. Suspiro, desligando o despertador. Sento-me na cama, pensando que terei de passar mais um dia junto daquelas pessoas.

As únicas pessoas que tornam o meu trabalho menos horrível são o Adam e a Bella, os únicos guardas com quem eu consigo sentar-me a conversar. Os outros são demasiados cheios de si mesmos e só querem saber se maltratar quem está dentro das celas a implorar por liberdade.

Alguns prisioneiros até são simpáticos e dá para eu ficar junto deles na hora do almoço e criar um dialogo, ainda que simples. Ou então ser bem recebida quando vou às suas celas.

Depois de um longo tempo sentada no colchão suave da cama, ganho coragem para me levantar e enfrentar o dia. Verifico o meu telemóvel, ganhando um sorriso imediato ao ver que a minha mãe me ligou à uns vinte minutos. Ligo de volta, colocando em alta-voz para poder falar normalmente com o aparelho pousado.

''Mitsy! Que saudades!'' ouço-a gritar do outro lado.

''Já não falávamos à algum tempo.'' retiro a minha camisola, seguindo para o resto do meu pijama.

''Quando pensas vir a casa? Eu e o teu pai adotamos mais uma criança, mal podemos esperar para a veres. É uma menina tão bonita.'' oh. Eles iam ter a sua filha biológica que morreu ainda no útero e lhe causou alguns problemas pelos quais ela não pode mais ter filhos. É triste, mas ao mesmo tempo eu agradeço por terem sido eles a adorarem-me. Não poderia pedir pais mais carinhosos e preocupados. Eles realmente fizeram-me a pessoa que sou 

''Estou ansiosa por a conhecer.'' admito. Ligo a água para a mesma aquecer antes de me colocar de baixo da mesma.

''Vais sair?'' perguntou, suspirando um segundo depois. ''Ainda trabalhas naquele lugar? Não pertences lá.''

''Eu sei, mãe. Mas se eu quero pagar a escola, tenho que me esforçar.'' quando as pequenas gotas de que caem sobre o meu pé estão a uma temperatura agradável, consigo deixar a mesma cair sobre a minha cabeça.

''Sabes que eu te posso pagar a escola, não precisas de estar aí.'' argumentou. Eu sei que ela odeia que eu trabalhe na mais famosa prisão de Inglaterra. Mas é também a que paga melhor.

''Não vamos falar sobre isso de novo.'' eu fiz uma promessa que quando eu saísse de casa, deixaria de pedir dinheiro aos meus pais para eles poderem viver a vida deles ao fim de tanto tempo a pagar as minhas coisas. Ajudaram-me com o apartamento e comida nos dois primeiros meses aqui em Londres, mas agora eu pago com o meu dinheiro. E fico orgulhosa por isso. Ainda mais agora que eles adotaram outra menina, têm de aproveitar para lhe darem o amor que sempre me deram, mesmo sabendo que eu não partilho o mesmo ADN que eles. Já pensei procurar os meus pais, mas toda a minha esperança se despedaçou quando soube que fui colocada naquele orfanato depois de ambos sofrerem um acidente ao qual não sobreviveram.

''Promete-me que tens cuidado com as pessoas. Elas são perigosas. E pelo amor de Deus não namores enquanto não fores para a escola de modelo. Não queremos que te distancies do teu foco, já queres isso à tanto tempo que seria um desperdício se mudasses de ideia agora.'' voltou a relembrar-me o que eu já sei. Admito que me sinto bem por saber que eles se preocupam tanto comigo.

''Sabes que eu não me quero relacionar com ninguém..'' rodo os olhos.

''Bem, vou desligar. Tenho de ir deixar a Elena no infantário e tenho de ir trabalhar.'' infelizmente, as minhas conversas com ela nunca duram muito tempo.. E muito menos as com o meu pai. Ele sai cedo e volta tarde demais para eu ter oportunidade de falar realmente com ele.

''Manda beijos para o pai.. E para a Elena.'' é esse o nome, certo? ''E para ti, claro.'' coloco uma quantidade generosa de champô na mão, esfregando-o na minha cabeça.

Prisional Guard || H.S || TerminadaOnde histórias criam vida. Descubra agora