A cidade de Urupema, em Santa Catarina, estava repleta de um branco alvo, espalhado pelo chão, em cima dos carros e casas. Era harmonioso quando ela se espalhava em cada lugar dessa linda e charmosa cidade. Era de arrepiar quando ela beijava meu rosto com seus pequenos flocos caindo como chuva do céu e a temperatura gélida fazia um sorriso se abrir em meus lábios. Eu era extremamente encantada pela neve.
A primeira aula era de geografia com o professor Geraldo; ele não era legal e não me deixaria entrar na sala. Rendida ao frio, acabei ignorando o som do meu amigo de todas as manhãs: o despertador. As ruas abarrotadas, pela forte massa de ar frio e seco me impediram de chegar a tempo.
Corria apressada pelos corredores, e um dos meninos da escola me chamou de um apelido ridículo, que eu odiava, e me perseguiu.
— E aí, enferrujada. Tá gaseando aula, hein? — falou tão alto, como se a escola toda precisasse saber disso.
Não respondi, preferi ficar na minha e ignorar. Não adiantava mesmo.
Como não haverá nenhuma forma de assistir à aula, iria para o lugar em que me sentia acompanhada de "pessoas" agradáveis. Especificamente, vários personagens. Não possuía amigos na escola, era muito recatada, não conseguia me socializar com os outros por vergonha e por ser muito zoada. Sobretudo, pelas marcas em minha pele. Apesar de que minha prima (por parte de pai) Juliane estudava na mesma serie que eu. Por ela ser muito linda, extrovertida e com seu poder de conquistar as pessoas, logo se juntou aos populares e insuportáveis da escola. Ela passou a me ignorar desde que entramos naquela escola. Desde que meu irmão morreu. Só falava comigo por interesse nas matérias.
Ajustei meu gorro vermelho e meu suéter branco costumeiro para suportar melhor o frio, vasculhando em seguida à procura de algum livro interessante e, depois de encontrar, sentei à mesa redonda.
Escutei ao longe uma voz rouca, quebrando o silêncio pairado no ar; ela me era familiar, sempre que passeava pelos corredores, penetrava em meus ouvidos suavemente. Seu nome era Derek Abrantes, lindo e cobiçado, estava no mesmo ambiente que eu e não fazia ideia do motivo dele estar aqui. Não costumava frequentar a biblioteca. Diferente dos outros, ele nunca falou nada que me ofendesse. Talvez por isso o admirasse.
Ouvi passos vindo em minha direção; não desgrudei minha visão do livro, fingindo que estava lendo, pois, não estava conseguindo me concentrar desde a sua chegada. Surpreendi-me com sua aproximação justamente diante de mim com um livro nas mãos. Consegui ver de relance, por cima das páginas amareladas, em minha frente. Assim que ele se sentou confortavelmente na cadeira, as borboletas começaram a dançar dentro de mim. Seu olhar me cativou de forma intensa; era palpável aquela sensação mesmo não o fitando claramente.
Ele abriu o livro de forma desinteressada e logo desviou a atenção para mim, percebi nitidamente. Assim que ergui meus olhos, fui completamente atraída, como um imã que estivesse me impedindo de desviar. Ele me pegou desprevenida ao observá-lo justo nesse ínterim, vacilei!
Respirei fundo e falho, desviando meus olhos dos dele, apertando firmemente o exemplar de Jane Austen que segurava em minhas mãos, na tentativa inútil de controlar o nervosismo.
— Olá, Sofhia, tudo bem? – Sua voz tão próxima e intensa naquela sala silenciosa fez minhas mãos suarem. Ele sorriu para mim, e eu o olhei de soslaio.
— O-oi, Derek, estou bem sim. – Ajustei a armação amarronzada dos meus óculos, tentando não demonstrar o nervosismo. — E você? – Olhei rapidamente para seu rosto e depois voltei minha atenção para o livro, com medo de encará-lo mais e o aperto dentro de mim intensificar.
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Beleza Real- nova versão
SpiritualE se um presente de Natal fosse o motivo de você perder alguém que mais amava para sempre? O Natal é sempre marcado pelas boas memórias com encontros entre família e amigos. Perfeito para unir laços e abraços. Exceto para Sofhia, que odeia essa data...