Capítulo 2 - Seja a sua própria âncora, segure-se em si mesma.

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Selena — Point Of View — Câncer Hospital of New York , 23:45 pm.

Isso está realmente acontecendo?

— Eu avisei a você! — Mandy gritava e eu não sabia fazer outra coisa a não ser tentar segurar as lágrimas. Estava doendo, e muito. — Eu falei que isso iria matá-la!

Não conseguia acreditar que Scarlett havia realmente morrido, era tão pequena e preciosa, significava tanto em minha vida. Ela tinha um tipo raro de câncer no cérebro que segundo o médico poderia ser hereditário, mas eu não me preocupei com isso. Queria apenas que ela ficasse bem e quando o Dr. James me disse que havia um tratamento que seria capaz de controlar o tumor, eu conversei com minha mãe para que pudéssemos começar o tratamento pois dinheiro nunca foi problema em nossa família, não éramos podres de ricos mas vivíamos muito bem. Ela topou depois de um tempo e após exatos seis meses de tratamento e algumas melhoras notáveis, o meu anjo Scar teve uma piora muito grande e ela tinha apenas quatro anos .

Correr riscos é melhor do que passar o resto da vida arrependido por não ter tentado. Erro, porque não sou perfeita. Erro, porque sou humana. Erro, porque eu tenho que aprender.

— Você vai mesmo ficar calada, Selena? — eu não aguentava mais escutar Mandy gritando e me culpando por tudo.

— Eu apenas queria que ela ficasse bem... — não pude terminar ela se levantou furiosa e começou novamente a gritar.

— Eu lhe avisei que ela não iria agüentar e o que você fez?  — ela apontava seu dedo indicador em meu rosto — Você me ignorou, Selena! Isso é culpa sua! A morte de sua irmã é culpa sua!

— Mandy, você não deveria falar isso. — escutei a voz de Dr. James e apenas olhei para baixo. — Selena não é culpada de nada aqui, ela apenas queria ajudar a irmã.

Levantei-me sem querer escutar mais nada e comecei a andar rápido para que minha mãe não me conseguisse me alcançar. Peguei rapidamente meu celular entrando na discagem rápida e ligando para Quenzy com dificuldade, minhas mãos estavam tremulas.

— Sel? Hey... — ela disse ao atender e eu respirei fundo enquanto andava.

— Q-Quenzy, e-ela não resistiu... — escutei ela arfar do outro lado da linha — E-Eu me sinto tão culpada, eu sou a culpada de tudo! Scarlett morreu por minha causa!

Houve silêncio por um curto tempo enquanto eu chorava e soluçava. A agonia em meu peito estava absurda, uma dor insuportável.

Estou indo para o Hospital, e você, fique onde está, Selena! A culpa não foi sua! — chorei sem conseguir responder e desliguei pois não conseguiria responder nada.

Eu olhava as salas e alas por onde eu passava já tão conhecidas por mim, sempre fui voluntária nesse hospital e em alguns outros fora também os abrigos de animais e de crianças, desde meus dezesseis anos. Agora com dezenove eu tinha parado um pouco para me concentrar em Scar. Mas eu já havia visto de tudo, e nada me abalava mais do que ver nos olhos de todas aquelas pessoas doentes a dor e a solidão. E agora como seria sem Scar? Poderia escrever os versos mais tristes essa noite. Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,e tiritam, azuis, os astros lá ao longe". O vento da noite gira no céu e canta. Eu amei-a e por vezes ela também me amou. Costumo dizer que quando estamos muito tristes, com a alma triste até a morte, é como se estivéssemos atravessando um desfiladeiro em uma corda bamba. O que tem embaixo é um Abismo, e o que está acima é o Céu. Se você olhar para baixo, você verá o Abismo. Eu já quis que o destino me surpreendesse. Hoje eu só espero que ele não me decepcione.

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