Capítulo 3 - Você é a real definição de anjo.

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— Selena — Point Of View — Chicago , 15:35.
Pensei em sumir, desaparecer, despistar, e até fingir...Só que não o fiz. Eu me esforcei e passei a acreditar que tudo iria ficar bem. A esperança nos mantém vivos, certo? A fé nos faz andar para a frente, certo? Então é assim que deve ser. Ficamos combinados dessa forma. Não esperei por linhas bem feitas ou palavras bonitas. Simplesmente era uma dor que só faltava rasgar o peito. Mas hoje, um ano depois e agora com vinte anos eu consigo perceber e entender muito melhor as coisas. Um dia você entende que o tempo não é inimigo. E que ele é o nosso maior mestre. Que tudo vem na hora que deve vir. Que não adianta espernear nem se esconder da vida. Que a fuga não é a melhor saída. E que no fim das contas nós sempre acabaremos agradecendo por tudo pelo o que passamos. Pois o tempo está sempre ao nosso lado para nos mostrar o que realmente vale á pena.
Toquei a campainha da casa de Quenzy duas vezes seguidas. Ansiosa para me livrar do frio intenso que fazia aquela tarde. Assim que a porta se abriu, tive a sensação de estar indo do polo norte ao Brasil . Sim, eu adorava o sistema de ventilação, e amava principalmente quando a casa ficava quente.
— Selena! — ela veio me abraçar rapidamente, me puxando para entrar ao mesmo tempo. Sorri.

— Maquenzy! — eu fiz um gesto de paz com os dois dedos para ela assim que vi sua cara de raiva.

— Ás vezes você é tão chata! — ela fechou a porta com a chave e logo depois veio em minha direção — Enfim, você não iria no abrigo de cães hoje novamente?

— Eu iria, mas acabei desistindo. Tenho que me preparar para ir á ala terminal amanhã, eu tentarei ir essa semana ainda, vou ajudar nas despesas também.

— Você é tão boazinha, não sei como não enjoei de você ainda! Ah, deve ser porque você é uma das pessoas mais maravilhosas e fortes que conheço! — eu sorri ao escutar aquelas palavras.

— Trouxe sorvete — falei enquanto me sentava no sofá e tirava meu moletom.

— De quê? — Quenzy sentou-se do meu lado enquanto arrancava a sacola com o pote de minhas mãos.

— De pistache. — ela fez uma careta — Não gostou? Se quiser eu posso ir ao supermercado e trocar .

Ela fez que não com a cabeça .

— É o seu preferido, Sel! Pare com isso! — disse e eu sorri em agradecimento.

— Já faz um ano...— ela afirmava para si mesma e eu senti meu coração se apertar com lembranças — Como você consegue, Sel?

Eu de começo não entendi bem a pergunta, mas depois apressei- me para responder.

— Muitas vezes não entendemos por qual motivo determinada coisa acontece. Sabe? Nós nos sentimos perseguidos, infelizes, azarados e frágeis. Mas tudo, tudo mesmo, tem uma explicação. Pode ser que hoje nossos olhos não enxerguem, mas mais pra frente tudo fica nítido. É só esperar e acreditar que tudo se desenrola e vai melhorando aos poucos. Eu aprendi a ser a minha própria âncora , não dependi dos outros, me segurei em mim mesma. — dizia olhando para minhas mãos e quando vi, Quenzy estava com lágrimas nós olhos. — Ah não, Quenzy! Não chore!
Ela riu e limpou suas lágrimas, eu sorri de volta para ela.

— Me desculpa, mas é que você é tão ...extraordinária — eu corei abaixando a cabeça , as pessoas me falam coisas desse tipo . Mas nunca acreditei de verdade — Você tem conhecimento do quão especial você é para todos que ajuda ? Para todo o mundo, Selena Marie Gomez?

Eu a olhei de lado rindo um pouco, depois de alguns minutos ela foi escolher um filme. Eu permaneci ali, sentada encarando minhas unhas. Quenzy voltou pouco tempo depois dizendo que Demetria iria se juntar a nós.

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