Depois da meia-noite.

Capítulo 04

Nicole's pov

Como toda a 1ª semana de aula em uma universidade, tem o famoso trote. Confesso que eu estava um pouco nervosa, afinal o trote de algumas universidades não tem lá boa fama.
Primeiro, perguntaram quem iria participar, porque não forçariam ninguém a nada, e os que desistiram foram vaiados e tudo mais, então nos tiraram das salas, nos levaram para o campus e começaram a jogar balões com tinta e a pintar nossos cabelos com spray, foi uma verdadeira farra, era uma situação realmente hilária. Depois de devidamente coloridos, fomos pedir dinheiro no sinal e o que conseguíssemos arrecadar serviria para a cerveja da festa de mais tarde, algumas pessoas que estavam lá davam dinheiro ou buzinavam, porém alguns não levavam a situação na esportiva, xingavam e tudo.

Estava muito divertido e eu já tinha conseguido mais de 10 reais, um cara em um Corolla preto me chamou para me dar mais 5 reais, estava prestes a pegar o dinheiro de sua mão quando um louco passou correndo e pegou o dinheiro, este estava com a camisa enrolada na cabeça e quase não dava pra ver seu rosto, seu abdômen no entanto, estava completamente visível e era bem definido, então o maluco se virou e pude ver seu rosto:

- Ah, tinha que ser! - falei já irritada, era impressionante o poder que ele tinha de me deixar irada em segundos sem sequer abrir a boca.
- Tava com saudades de mim? - ele perguntou.
- De você é óbvio que não, mas vou sentir muita falta desses 5 reais, pode devolver?
- Você quer??
- Claro!
- Então vai ter que vir pegar... -ele falou me provocando.
- Garoto, faz um favor? Para! Já perdeu a graça essa implicância.
- Só paro quando você parar de ser assim, marrenta desse jeito.
- Aff, pode ficar com o dinheiro não preciso mais não - falei começando a me afastar dele.
- Então, você admite que é marrenta? - ele praticamente afirmou
- Me erra - falei, já havia desistido dos 5 reais e me afastei completamente dele.

                               ***

Depois que o trote acabou teria uma festa de boas-vindas em um sítio, perto de onde eram os dormitórios, de um dos veteranos, eu fui com a Flávia e a Sofia, duas meninas que se tornaram minhas amigas desde que cheguei aqui em Brasília.
A festa ia ser tanto para calouros quanto para veteranos, de todos os cursos.
Já passavam da meia-noite e a festa não estava nem perto de acabar.

- Vem amiga vamos beber mais - disse Sofia enquanto Flavia ficava só olhando já que ela que iria dirigir.
Nunca me considerei fraca para bebida mas eu já estava bem mais "high" do que eu gostaria, mas fazia tanto tempo que eu não tomava um porre que eu decidi não me importar.
Estava com o meu 'sex on the beach' nas mãos no meio da pista de dança, a Sofia e a Flavia já haviam sumido e eu estava dançando como se não houvesse amanhã e como se o mundo fosse acabar, quando eu senti algo gelado descendo pela lateral do meu corpo, o líquido era vermelho e estava espalhado pela minha blusa branca novinha! Se eu fiquei com raiva? Sim. Mas eu iria lembrar disso amanhã? Provavelmente não. E quando me toquei, o líquido vermelho era de um bloody Mary que estava nas mãos de um garoto atrás de mim, aparentemente mais bêbado que eu, ele ficou me olhando com uma cara indecifrável, me deu uma enorme vontade de rir, porém eu tinha que parecer chateada e não podia perder a pose na frente do garoto, que por sinal me parecia extremamente familiar e eu sabia que o conhecia, só não sabia de onde. Eu não estava bêbada e ia saber lidar com a situação, não é mesmo? Mas hã?! No que eu estava pensando mesmo? Ah sei lá! Um pouco depois da minha confusão mental o gênio finalmente falou:

Leonardo's pov

- Opa, desculpa! - falei para a garota.
Meu Deus aquele dia tava sendo insano, bebi muito mais do que eu deveria mas fala sério, eu to na faculdade que eu sempre quis, com as melhores festas, melhores garotas e já não me importo com nada, quer dizer quando você derruba o seu drink na blusa da garota você deve se preocupar porque mulher tem uma preocupação enorme com roupa, e eu, particularmente falando, não me importo.
- Só o que me faltava né garoto! Puta merda, era minha blusa nova... Você vai ter que comprar outra! - o lugar estava meio escuro e eu não tenho certeza de quem era a pessoa com quem eu falava agora, mas sua voz era doce e sua raiva me parecia divertida, não sei bem explicar.
- Ahn, tudo bem, eu compro! Mas antes você não quer passar lá no meu dormitório para lavar essa blusa? - o que eu não perco é tempo - e até ficar por lá mesmo se você estiver afim.
- Eu não vou a lugar nenhum com você, seu convencido, só pode ser brincadeira mesmo...
- Relaxa - eu disse - pode ser aqui também - e antes que ela pudesse responder puxei a garota pela cintura e a beijei, no impulso e na adrenalina do momento e ela sem pensar duas vezes correspondeu.