WICKED

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       Thomas e Newt encontravam-se abraçados dentro do pequeno bosque que cobria uma parte significativa da clareira. Os garotos estavam sentados sobre as raízes de uma árvore aparentemente velha e desgastada, de frente para uma das enormes paredes cinzas, cobertas parcialmente por lodo, que abriam-se todas as manhãs dando aos corredores passagem livre para o imenso labirinto que os cercava.

       O garoto esguio e louro estava sentado entre as pernas do mais forte, que por sua vez, recostava-se sobre o tronco cansado da árvore enquanto mantinha seus braços em volta do tronco de Newt.

       - Você acredita que há vida lá fora? – o moreno se pronunciou após longos minutos de silencio entre o casal, e mesmo que Newt não pudesse vê-lo por conta da posição em que estavam, ele sabia que uma expressão de dúvida e levemente vaga dominava as feições do outro – Quero dizer... além do labirinto.

       - Que tipo de pergunta é essa, Tommy? – o louro resmungou, sempre fora claro para ele que sim, existia vida além do labirinto. Tinha que existir. – É claro que existe. – resmungou mais para si mesmo do que para o outro rapaz – Tem alguém lá fora que nos envia os suprimentos que precisamos, os novos fedelhos, a cura para as picadas dos verdugos – Newt sentiu um arrepio percorrer toda sua espinha só por pronunciar o nome dos monstros horrendos que habitavam o labirinto – Essas coisas não surgem simplesmente do nada. Eu e você não surgimos do nada também.

       Thomas pensou nos argumentou do outro por alguns segundos enquanto Newt aninhava-se ainda mais no vão de suas pernas, o moreno apertou seu abraço em volta do corpo do menor de forma protetora, fazendo as costas do outro rapaz unir-se ainda mais com seu peito.

       - Eu quero dizer além deles – o rapaz continuou insistente, após algum tempo em silêncio – As vezes eu sinto como se algo estivesse muito errado lá fora.

       - Você sente? – perguntou o outro desacreditado.

       - É estranho – deu de ombros, movendo o tronco de Newt junto com o seu ao realizar a ação e arrancando risadinhas baixas dele – Eu não acho que tenha alguma família me esperando sair daqui. Para ser sincero, não acho que nenhum de nós tenhamos.

       - Eu.. eu me lembro vagamente do rosto de uma mulher. – o louro declarou baixinho e pesaroso, como se contar aquilo a alguém lhe causasse alguma dor – Ela era bonita. Muito bonita. Às vezes eu posso ver seu rosto em sonhos e ela sempre, sempre mesmo, está sorrindo. Eu acredito que ela possa ser minha mãe, mas... – ele parou de falar de repente, como se continuar a dizer aquilo lhe fizesse mal.

       - Mas? – Thomas insistiu, era claro que ele percebera a mudança de humor repentina do outro ao falar daquilo, mas ainda assim, sempre fora curioso demais com relação a tudo, ainda mais à Newt. Tudo sobre o outro adolescente lhe despertava o interesse.

       - Mas eu não acho que ela ainda esteja viva. – completou chateado e o moreno abraçou-o um pouco mais apertado, como se dissesse que ele estava ali agora e que tudo ficaria bem. Thomas queria perguntar o porquê Newt acreditava que sua possível mãe não estaria mais viva, mas aquela não lhe parecia uma boa ideia, muito menos uma ideia que agradaria ao outro. Provavelmente perguntar aquilo chatearia o outro ainda mais.

       Por fim, Thomas apenas murmurou um "ah sim" em concordância ao que Newt falara antes de deixar um beijinho sobre a clavícula descoberta pela camisa larga do outro.

       - Você não acredita? – o louro pronunciou-se pensativo após algum tempo em silencio.

       - No que? – o outro perguntou distraído.

On The Maze //NewtmasOnde histórias criam vida. Descubra agora