Capitulo 3 Azazel

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Azazel

Ainda não consegui colocar em prática o meu plano...continuo a fingir que estou na merda, não é que seja um grande fingimento porque efetivamente estou na merda...mas não tão na merda como eles acreditam.

Apanhei duas conversas entre o médico e mulher de barba.

Burros!

O médico disse-lhe que o Gustaff me quer bem guardado, o médico acha-se mais esperto que Gustaff...não é!

Para economizar uns trocos, disse ao Gustaff que tem três guardas comigo...mas só tem um...acha-se a merda de um génio por estar a passar a perna ao Gustaff...eu agradeço-lhe essa genialidade!

Decidi dar-lhe uma prenda de gratidão...vou matá-lo rapidamente! É melhor morrer nas minhas mãos, do que nas mãos de Gustaff. Vai ser a minha prenda de despedida.

Ouvi-o também dizer que coloca calmantes na minha comida...como apenas o que não é cozinhado no micro-ondas...o resto guardo debaixo do colchão, já não os deixo empilhar em cima da mesa, finjo que limpo o prato...já começa a feder, mas eles apenas acham normal o cheiro.

Espero que o som da televisão chegue ao quarto...quando a televisão é ligada, é sinal que ninguém vem para me foder o juízo até de manhã.

Sei que estou em Moçambique, não sei quando fui transportado para aqui, não sei se fui logo transportado quando ele me apanhou, ou se foi a meio da minha viagem na terra dos sonhos e das drogas dadas por ele.

Sei que estou em Moçambique porque escuto a televisão, o Português da rede Pública de televisão.

Estico as pernas...

Saio da cama.

Passeio devagar pelo quarto, o pescoço estala...alongo os braços e a coluna vai atrás do pescoço...ignoro a dor.

É hoje...é hoje que acabo com esta merda.

Dou passos pequenos...três voltas ao quarto...vou até aos pés da cama, retiro a faca que vai ser a minha arma...retiro um pequeno arame, vai ser a minha chave.

Não me preocupo com detalhes como sapatos, como uma roupa decente...só quero sangue...quero matar...quero recuperar-me...vingar-me e quem sabe um dia voltar para ela, para eles!

Fecho os olhos!

É mais fácil caminhar pelo escuro de olhos fechados, o cérebro processa melhor a informação. Se os olhos estiverem fechados, os outros sentidos ficam mais aguçados...é uma questão de treino, de concentração...

A porta cede em dois cliques, sorrio...quem sabe nunca esquece!

Entreabro-a...não a posso abrir totalmente, tenho de dar tempo aos meus olhos de processarem a luz...dar tempo aos meus ouvidos de escutarem algo mais que o som da televisão que passa um anuncio qualquer.

Coloco o primeiro pé no corredor...vou seguir o som da televisão...

O corredor não é grande, as paredes estão tão fodidas como as do quarto que me colocaram. O cheiro é nauseabundo. Por isso é que ninguém se queixou do cheiro do meu quarto, comparado com esta merda, o quarto cheira a Chanel nº5...

Duas portas fechadas e uma no final aberta...a luz do televisor vem de lá e até agora não vi ou ouvi uma pessoa.

A sala está vazia, garrafas no chão, embalagens de comida pronta espalhadas pelo chão, além da porta que dá acesso ao corredor, existem mais três portas. Acredito que esta seja uma daquelas casas Senhoriais de um país que foi colonizado até meados do século XX.

Asas quebradasOnde histórias criam vida. Descubra agora